My Dear Teacher — Capítulo Vinte e Sete
Charlotte achava que Louis já tinha a feito sofrer o suficiente para uma vida inteira, mas naquele dia foi provado que ele poderia ser muito cruel e insensível. A morena ficou alguns segundos olhando para a porta que havia sido fechada bruscamente. Quando finalmente caiu em si, ela saiu andando para sua casa.
O caminho parecia mais longo que o normal e sem perceber Charlotte foi o caminho inteiro derramando lágrimas silenciosas. Era como se ela estivesse flutuando e tudo aquilo fosse um pesadelo. Por mais que as ruas estivessem barulhentas as palavras de Louis ecoavam em sua mente.
— Você não é nada disso! Não vai ser um homem que vai dizer o contrário! Você é forte, inteligente, linda, educada, independente e vale a pena. — Charlie repetiu as frases durante todo o trajeto.
Quando chegou em casa, a estudante de jornalismo pediu que Molly fosse buscar Sophie no colégio, desse o jantar e um banho na irmã. Enquanto isso, ela tomou um banho e fez um chá. Um bom chá e um bom banho ajudariam bastante. Enquanto a irmã não chegava, a morena vestiu um pijama bem confortável e escolheu uma animação que não tinha visto ainda, seria ótimo para distrair sua mente.
— Oi, mamãe! — O sorriso da pequena fez o dia de Charlotte valer a pena. A irmã era tão pura, inocente, sem maldade.
— Oi, meu amor! — As duas se abraçaram e se deitaram confortavelmente para assistir uma animação que tinha sido lançada recentemente.
Era uma cena perfeita. As duas estavam abraçadas, de pijama em baixo do cobertor, com o ar condicionado ligado e somente a luz da televisão iluminando o quarto. Parecia um sábado qualquer que as duas passavam juntos. Exceto que era um dia de semana qualquer e o coração de Charlotte tinha se partido em milhões de pedacinhos.
Louis passou o resto da tarde sem conseguir fazer nada, estava consumido pela raiva. Ele resolveu fazer uma corrida para liberar endorfina e tentar abaixar o nível de adrenalina. O professor estava com raiva pelo que, supostamente, Charlotte tinha feito e era orgulhoso demais para admitir que tinha exagerado.
Quando voltou da sua caminhada, tomou um banho e resolveu pedir comida. Antes de finalizar o pedido alguém bateu na porta.
— Oi. — Era Meredith. Ela estava com um vestido longo branco e com uma maquiagem leve.
— Ah não! Hoje não, Meredith. Qualquer dia menos hoje. — Louis fez menção de fechar a porta, mas ela impediu.
— Louis, eu não vim brigar. Eu só quero conversar. — Ela estava tranquila e exalava uma paz que Louis nunca tinha visto nela.
— Você tem 5 minutos contados.
— Tudo bem. — Meredith entrou e sentou no sofá.
Louis revirou os olhos, mas procurou não dizer nada. A última coisa que queria era mais uma briga.
— Eu queria dizer que comecei a fazer terapia e preciso te dizer algumas coisas. — Louis apenas gesticulou para ela continuar.
— Eu te amei demais e acredito que ainda amo, mas isso não vem ao caso. Eu quis tanto ser uma boa esposa, ser perfeita que acabei fazendo tudo errado. Eu também sei que a culpa não foi completamente minha, mas não quero gerar uma briga de quem teve mais culpa. Só queria dizer que eu não preciso correr atrás de migalhas de quem não está disposto a lugar por mim. Eu mereço mais.
— Uau! Você veio aqui me esnobar? — Louis deu uma risada fraca.
— Não, juro que não. Me desculpe se dei essa impressão. Eu estou em paz e quero que você seja feliz assim como eu estou. Quero que sejamos amigos ou que pelo menos a gente não brigue quando se encontrar.
— Eu concordo. — Louis cruzou a perna mantendo uma distância segura entre os dois.
— Eu segui em frente. — Meredith transmitia verdade em tudo que dizia e parecia realmente em paz.
— Amém!
— Pelo visto nós nunca teremos uma conversa civilizada. — Meredith fez menção de levantar, mas Louis a impediu.
— Não! Desculpa, eu tive um dia péssimo hoje. — Os dois voltaram a se sentar.
— Quer conversar?
— Não. Eu já resolvi. — Louis tentou fugir do assunto se arrumando melhor no sofá.
— Tem certeza? — Meredith insistiu.
Louis se deu conta de que estava realmente no fundo do poço desabafando com sua ex esposa sobre sua “ex atual”. Porém, se não conversasse com Meredith, com quem mais poderia fazê-lo? Resumiu ao máximo a história e não contou que se tratava de Charlotte e passou por cima de seu orgulho um pouquinho para contar as coisas horríveis que disse à moça.
— Na minha opinião, aquela moça que estava aqui parecia muito educada e gentil, não acho que ela tenha feito isso. E como você pode ter tanta certeza assim que foi ela?
— Quem mais seria? Ela estava com raiva e esse era um bom jeito de conseguir vingança. — Louis começou a ficar nervoso.
— Louis, nem toda mulher é vingativa. Já passou pela sua cabeça que pode ter sido outra pessoa e você foi injusto? Você nem apurou os fatos! — Meredith bateu nas coxas, pois a burrice do ex marido a deixou nervosa.
— Porque ninguém faria isso! Ninguém sabia do nosso caso. Ninguém!
— Eu espero que você esteja certo. De verdade. Eu não queria está no seu lugar caso tenha cometido um engano.
Louis ficou pensativo por um bom tempo e logo em seguida Meredith foi embora. Aquele dia tinha sido tão logo é tão desagradável que Louis só queria dormir e esquecer dos problemas.
Na manhã seguinte, o clima estava pesado. Talvez para combinar com o que estava prestes a acontecer. Logo no primeiro horário, Charlotte foi chamada na sala do reitor. A moça estava abatida e com olheiras escuras que não teve coragem de cobrir com maquiagem. Ela não conseguiu dormir nem por um minuto, pois passou a noite chorando e seus olhos vermelhos e nariz inchado revelavam isso.
Quando Charlie chegou na maldita sala, Louis já estava lá. Ela se recusou a olha-lo nos olhos.
— Bom dia, senhorita Campbell. — O reitor a cumprimentou.
— Bom dia. — A moça não possuía expressão ou ânimo qualquer.
— A senhorita sabe o motivo de estar aqui?
— Não. — A moça mentiu.
— Está tudo bem? — O reitor perguntou quando observou melhor a moça.
— Sim, estou com crise de alergia. Sou alérgica a gatos e poeira. Visitei uns amigos e não resisti quando vi o gatinho deles. — Charlotte forçou um sorriso e se parabenizou pela bela história.
— Melhoras.
— Obrigada.
— Então, vamos para nosso assunto. Uma denúncia anônima foi feita sobre a senhorita e Tomlinson. A denúncia era de que o professor estava lhe assediando e lhe perseguindo. Isso procede?
Louis estava encostado na parede ao lado de Charlotte a observando. Ele sabia que ela tinha tido uma noite péssima, mas ele não queria pensar que a culpa tinha sido sua.
— O que? Isso é absurdo! Eu mal troquei duas palavras com o Sr. Tomlinson, ele nem olhava nos meus olhos quando falava comigo. Essa denúncia não procede! Não sei quem a fez, mas é completamente mentirosa.
— A senhorita tem certeza? — Harris Turner insistiu.
— Absoluta! O professor Tomlinson sempre me respeitou bastante, assim como todos os outros alunos. Quem fez isso foi mal intencionado.
Louis só conseguia pensar que aquilo fazia parte de algum plano de Charlotte. Mas, pensando bem, se ela quisesse prejudica-lo poderia simplesmente mentir para o reitor e fazer com que ele fosse expulso ou até mesmo preso.
O reitor conversou mais alguns minutos com a aluna e pediu desculpas aos dois e se despediu. Charlotte foi na frente na intenção de voltar para aula e tentar fazer alguma coisa útil. Porém, quando Louis passou pela aluna e seus olhares se cruzaram tudo desmoronou. Como ela sentia falta dele! Como doía! Suas palavras ainda estavam claras em sua mente e ecoando repetidas vezes. A morena simplesmente continuou andando sem olhar nos olhos de ninguém.
Louis nunca se sentiu tão miserável em toda sua vida. Quando ele olhou nos olhos de Charlotte soube que tinha cometido um grande engano. Mesmo não tendo provas, seu olhar dizia tudo. Ela estava quebrada, sem aquele brilho encantador que possuía e a culpa era toda sua.
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My Dear Teacher
RomanceAs decisões da juventude nem sempre são as melhores. Charlotte Campbell teve pleno conhecimento disso aos 18 anos. Ela sabia que não deveria se envolver, que não deveria se deixar levar, mas foi maior e mais forte. O sentimento a venceu e acabou se...