Capítulo 9

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O castelo estava uma verdadeira loucura.

Jane não achava que as suas criadas conseguiriam superar o vestido da primeira entrevista ao Jornal Oficial de Illéa, mas o aniversário do reino parecia ser um desafio intenso o suficiente para elas se superarem. Imaginou se elas poderiam ser grandes estilistas caso tivessem nascido em outra casta, ou nos extintos Estados Unidos da América.

Pomona e Hope divertiam-se contando a Jane como tinha sido a seleção do príncipe Petuel, talvez tentando ajudá-la a se preparar para o que viria pela frente. Considerando o pouco tempo de duração, achava difícil que já não tivesse passado por todas as mesmas etapas. Mesmo assim, imaginava o quão divertido seria se todas se reunissem para ver alguma fita cassete ou CD que tivesse aquele evento gravado.

McKinnon tinha lhe dito que a carta já havia sido despachada, mas desde então não tinha recebido uma resposta. Mas seria possível que sua mãe iria ignorá-la completamente? Ela já estava infiltrada em uma Seleção em outro país, escondida às vistas de todos, sem notícias de casa. O que mais queriam dela? Nunca mais teria notícias da mãe? Voltar para casa parecia uma opção tão distante agora, se sentia tão solitária, apesar de acompanhada de tantos criados do castelo e selecionadas. Observar a família real à mesa todas as refeições se tornava cada vez mais doloroso.

Certa noite, Liam parou-a no meio do corredor, assim que ela saiu mais cedo do jantar. Fazia exatamente dois meses da morte de seu pai, e assim que constatou isso o ar tornou-se muito difícil de respirar.

— Está tudo bem, senhorita? — ele perguntou, preocupado — Está sentindo-se mal?

Ela não respondeu, apenas aproximando-se para abraçá-lo.

Sabia que se abrisse a boca, começaria a chorar e não gostava de demonstrar as suas fraquezas. Tinha sido ensinada a não fazê-lo e talvez por isso surtava tão facilmente. Conter as emoções não fazia bem a ninguém, mas era necessário às vezes.

Liam não insistiu, apertando-a mais próxima dele, esperando pacientemente até que Jane se sentisse melhor e se afastasse. Poucos minutos depois que chegou ao quarto, Sirena e Reyna foram até lá, parecendo ter adivinhado que ela estava mal. Imaginou que isso e o fato de ter tantos guardas com os olhos postos sobre ela no dia seguinte fossem culpa do príncipe. Isso fez com que se sentisse melhor, saber que alguém ainda se preocupava com ela.

No meio de tamanha confusão para os preparativos, estava se tornando difícil encontrar com McGonagall. Lembrava-se que Doralice tinha deixado claro que poderia contar com a discrição da instrutora para o que precisasse e queria muito algumas respostas.

Era coincidência demais que os Todesser tivessem migrado para Illéa, justo onde ela estava, naquele exato momento. Na Seleção anterior, não houve um ataque de rebeldes. A causa era ela? O que eles queriam com ela? Estava sendo paranoica demais?

— Ai!

Estava tão concentrada em seus pensamentos que deu um pulo de susto quando sentiu uma agulha picá-la de leve na cintura.

— Myrtle! — Pomona repreendeu-a.

— Foi mal, foi mal — ela respondeu, impaciente, os olhos fixos na faixa do vestido, que todas sabiam ser extremamente importante para Jane.

Pelo menos souberam depois de ouvirem-na reclamar por horas da maldita faixa do vestido que teve que usar para as fotografias das revistas, ao lado do príncipe Liam. Tinha odiado como sua pessoa tinha ficado, mas manteve um recorte de revista consigo só pelo fato de estar ao lado dele.

— Esse tipo de recepção parece muito entediante — comentou Myrtle, tentando quebrar o silêncio que ficou na sala.

— Realmente é — respondeu Jane, distraída.

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