Capítulo 10

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— Je suis tellement désolé.

— Vous ne semblez pas ressentir autant.

— Je vais le laisser se reposer.

Tinham deportado-a para a França?

Jane deixou escapar um gemido de dor, sentia o seu pescoço coçar e arder dolorosamente, fazendo-a querer enfiar as suas unhas ali até sangrar. Além disso, tinha certeza que aquela sensação de acidez toda era azia. Estava com tanto sono que era como se alguém tivesse ministrado sossega leão.

Quando abriu os olhos, concluiu que não estava em Noyon. Virou a cabeça para o lado e viu Fran deitada na maca, que mais parecia uma cama, ao lado. Ela estava lendo algum livro em francês, parecendo bem melhor do que aparentava quando desmaiou, apesar das ataduras nas mãos e outras partes do corpo, que pareciam estar impedindo que pequenos chips saíssem da sua pele. Ela já tinha visto aquela tecnologia, eles poderiam servir para tirar algo do sangue tanto quanto para ministrar alguma medicação.

— Skeeter vai ficar enchanté de descobrir o que aconteceu com a gente — Fran comentou tranquilamente, provavelmente sentindo o seu olhar.

Jane piscou os olhos com força mais uma vez, tentando afastar o sono.

— O que aconteceu contigo? — perguntou.

— Envenenamento — ela deu de ombros — Parece que alguém queria nós duas fora da competição.

Fran desviou os olhos do livro, ainda mantendo-o aberto.

— Acho que consigo entender o porquê de te quererem fora.

Jane negou com a cabeça, sentando-se na cama com cuidado, o pescoço perturbando muito a sua paciência.

— Não, Evanna sugeriu que eu comesse canapés, ela não sabia da minha alergia.

— Ela também me sugeriu que tomasse aquele Marc de Provence. Aposto que também não sabia que tinha veneno dentro.

Aquilo não fazia o menor sentido.

— Não tem esse vinho aqui no castelo. A rainha detesta — Jane jogou as pernas para fora da cama, em uma tentativa de senti-las menos mortas.

— Não, foi cortesia dos franceses. Você acha que algum deles faria isso?

Ela sabia bem demais que vinhos dados de cortesia para a realeza não eram sempre confiáveis, mas sabia também que os reis tinham funcionários nas cozinhas preparados para testar e comprovar que estava limpo. E considerando que mais ninguém tinha passado mal com o vinho, não era algo para se alarmar.

— Você contou isso ao príncipe? Ele precisa saber para jogar a garrafa fora — perguntou Jane.

Fran voltou os olhos para o seu livro, torcendo a boca, incomodada com a mudança de assunto.

— Acho que ele tem outros problemas para resolver agora — ela respondeu.

— Aconteceu alguma coisa?

— Além de eu ter decidido tomar um Marc de Provence envenenado em vez de provar Deutsches Weintor ou aquele irlandês? Bom, meus pais não estão muito satisfeitos com o acontecimento de ontem à noite.

Já era de se imaginar. Não conseguia imaginar algum pai agradado em receber a notícia de que sua filha estava na enfermaria do castelo por causa de veneno. Só talvez o pai de Sirena.

— Tenho certeza de que Liam está acostumado a lidar com pessoas furiosas — ela disse — Outra coisa: aquele vinho irlandês não era vinho, era whiskey. Você teria uma ressaca daquelas.

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