Capítulo 5

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— Isso não é certo. Não deveríamos estar aqui.

Jane afastou alguns galhos do arbusto de seu rosto, tentando enxergar Sirena e Liam caminhando pelo jardim, mas sem se denunciar para um observador externo. Reyna estava às suas costas, olhando nervosa para qualquer lugar que não fosse onde o príncipe estava.

— Por favor, Jane, vamos voltar.

Novamente, ignorou os pedidos da amiga.

Pegar os vestidos das empregadas era realmente uma excelente ideia, que Hope e Pomona odiaram, mas que chamaria menos atenção do que os vestidos luxuosos do castelo. De brinde, os guardas que não reconhecessem os seus rostos não se incomodariam em deixá-las passar para o jardim, como foi o caso.

— Vamos, eles estão se afastando — Jane sussurrou, saindo daquele arbusto para ir até outro mais afastado.

Se não fosse uma princesa e chegasse até a Elite, com certeza consideraria trabalhar como investigadora secreta da monarquia. Muitos países tinham essa profissão, imaginava que Illéa também.

Assustou-se quando Myrtle esbarrou em seu ombro, pensando ser algum guarda. Respirando fundo, voltou a observar Sirena encostar-se contra o corrimão da ponte. Ela e Liam não combinavam nem um pouco, pensou sem maldade.

— Ela parece que está curtindo com a cara dele — Myrtle murmurou.

— É, esse é o estado natural dela — respondeu Reyna, impaciente — Vamos embora, por favor.

— Espiando o príncipe?

Jane pôs as mãos na boca para não deixar o seu grito soar muito alto.

Um dos guardas observava-as, parecendo divertir-se em pegá-las no flagra.

— Nós já estávamos indo, senhor — Myrtle apressou-se a dizer — Já estávamos voltando ao trabalho.

— Sim, claro — ele respondeu, debochadamente.

— Você não está aqui a trabalho — Jane disse em um tom cúmplice, antes que Reyna pudesse abrir a boca — Também está espiando o encontro do príncipe, McKinnon.

Nunca tinha visto aquele guarda antes, então agradecia por ele ter um broche pregado no uniforme informando o seu sobrenome.

— Estou zelando pela segurança de Vossa Alteza — ele disse.

— E estamos zelando pelo bem estar de nossa selecionada — Jane retrucou.

— Você não é criada.

Ela continuou olhando-o, sem mudar a sua expressão.

— Tudo bem, vamos cuidar dos nossos superiores e mantermos essa conversa em segredo — McKinnon disse, notando que Liam e Sirena começavam a se mover.

Reyna olhou surpresa para Jane, que apenas voltou a seguir a dupla, como estava fazendo antes de serem interrompidas. Imaginava como a cena seria hilária, um guarda e três criadas espiando um encontro, mas imaginava que a fofoca não devia ser tão incomum por ali, pelo menos se fosse como na Nova Germânia.

Continuaram observando de longe, escutando vagamente a conversa dos dois, Reyna parecendo decepcionada por McKinnon ter decidido unir-se a elas em vez de convencê-las a voltar para o castelo.

— Eu não consigo ver — resmungou Myrtle.

A última coisa que Jane sabia era que a criada tentou trepar nas murtas, mas os galhos da planta eram fracos demais para suportar o peso de uma pessoa, então ela caiu em cima de Reyna. McKinnon ficou paralisado, assim como Jane, quando o príncipe olhou na direção deles.

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