Capítulo 11

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Jane acordou gritando. Pomona, Myrtle e Hope estavam aos lados de sua cama, tentando acordá-la, as mãos em seus ombros, sussurrando palavras de consolo para um problema do qual não tinham ideia do que era. Ela estava suando, a camisola pregada às suas costas, como se o tecido tivesse derretido e agora fizesse parte de sua pele.

Já não era a primeira vez que tinha pesadelos.

— Nos deem licença, por favor.

Myrtle parecia pronta para protestar, mas como criada do castelo, devia obediência aos monarcas. Jane era apenas uma selecionada, e em breve iria para casa.

— Você precisa de ajuda — disse Liam, puxando uma cadeira para sentar-se ao lado da sua cama, assim que todos saíram do quarto.

A ajuda que precisava ninguém poderia dá-la.

— Eu estou bem — tentou levantar-se.

— Não, você não está — ele retrucou — Deveria conversar com alguém sobre isso.

Não poderia conversar com ninguém sobre Tom Riddle.

Sobre como ele invadia os seus pesadelos.

Como ele abria a janela da sacada do quarto do castelo com uma faca ou um revólver, pronto para matá-la, antes que ela acordasse. Ou como ele a enforcava, impedindo-a de gritar e respirar.

Seria tão fácil para ele apenas rodear seu fino pescoço com suas mãos ou apenas puxar o travesseiro debaixo de sua cabeça e pressionar com força em seu rosto até que ela se tornasse incapaz de respirar, morta asfixiada.

— Anneliese é psicóloga, você sabe. Ela tem me ajudado muito — Liam sugeriu — A mim e a outras selecionadas. Caso você não queira se consultar com o doutor Thickey...

Ela certamente não gostaria de se consultar com um médico que passava mais tempo nas cozinhas bebendo do que cuidando da Ala Hospitalar do castelo, mas também não gostava da ideia de expor suas fraquezas para outra selecionada, que não seria sequer capaz de ajudá-la.

— Eu estou bem — Jane repetiu, firme.

Liam suspirou, parecendo frustrado pela primeira vez desde que ela o tinha conhecido, isso se não contasse da vez que Adam tentou beijá-la à força.

Era errado pensar nisso agora que ele estava morto.

Ele e toda tripulação da confederação da Nova Germânia.

— Eu queria que você confiasse em mim — escutou-o murmurar, antes de ir em direção à porta.

— Liam — ela o chamou, sentindo-se culpada.

Ele olhou para trás, sem erguer a mão em direção à maçaneta.

— Você pode ficar aqui até eu dormir? — a pergunta infantil escapou de sua boca.

Apesar de chateado com ela por não falar sobre os seus pesadelos e preocupações, ele sentiu-se incapaz de negar o seu pedido. Puxou a cadeira da penteadeira para mais perto da cama.

Jane tentou ajeitar-se para ficar mais confortável, virada na direção dele. Ficaram em silêncio enquanto ela tentava voltar a dormir, mas as imagens do seu sonho ainda estavam bem nítidas, todas as vezes em que ela fechava os olhos.

— Não consegue dormir? — perguntou Liam, depois de algum tempo.

— Não — ela respondeu, mesmo sem necessidade.

— Eu posso tentar uma coisa?

Ela não perderia nada mesmo.

Ele arrastou a cadeira para mais perto e, depois de hesitar, começou a passar a mão no seu cabelo solto.

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