Epílogo

498 48 26
                                    


A luz do sol já atravessava as janelas do quarto, cobertas por cortinas transparentes brancas. Se dependesse de Jane, ela teria escolhido as cortinas mais escuras e menos transparentes possíveis. Odiava acordar com a luz do sol, mas Liam amava acordar cedo.

Por isso, nem adiantava tentar esconder o rosto no travesseiro e voltar a dormir. Liam, assim que acordava, fazia de tudo para que ela também acordasse. Sentiu-o abraçá-la por trás, beijando o seu ombro exposto pela camisola. Assim que virou o rosto para beijá-lo nos lábios, batidas na porta os interromperam.

Jane voltou a esconder o rosto no travesseiro, sorrindo vitoriosa com o resmungo de Liam. Agora ele sabia como era bom ser interrompido quando estava fazendo algo bom, como dormir ou namorar. Sentiu-o levantar da cama e o ouviu abrir a porta.

— Bom dia, pai — a voz animada de Harry chegou aos seus ouvidos — Temos correspondência de Illéa.

— Queima — disse Jane.

— Jane! — Liam repreendeu.

Virou-se de lado na cama, vendo que o marido abria o envelope com habilidade. O seu filho mais velho entrou no quarto, sem pedir pela permissão de algum deles, e sentou-se na ponta da cama. Jane aproximou-se, abraçando-o, enquanto os dois observavam Liam ler.

— O que pensa que está fazendo? — ela sussurrou no seu ouvido.

— Impedindo que vocês nos deem outro irmão — Harry respondeu, sem vergonha alguma.

Isso explicava muita coisa. Todas as manhãs, desde o último aniversário de Verena, algum de seus filhos arrumava um jeito de ir para o quarto deles de manhã, com uma desculpa qualquer. Isso também explicava porque Fritz sempre estava mal humorado nesses dias, ele gostava de acordar cedo tanto quanto ela.

— Petuel está nos convidando para uma recepção — disse Liam, inconsciente da conversa deles.

— Não posso, estou indisposta — mentiu Jane, escondendo o rosto nas costas do filho.

— Acho que Verena está ficando gripada — Harry colaborou.

— Nós vamos — Liam disse decidido, deixando o papel em cima da cabeceira — Nós já negamos muitos convites. Daqui a pouco estaremos causando um incidente diplomático.

Ele saiu do quarto, ignorando as suas reclamações. Jane jogou o edredom para o lado, indo até o guarda roupa.

— Acorde os seus irmãos para o café da manhã, eu já vou descer — ela instruiu o filho, antes de ir ao banheiro trocar de roupa.

Desceu as escadas, pulando de dois em dois degraus, como fazia quando criança. O vestido terminava no fim da sua panturrilha, o que a possibilitava disso, já que o tecido não arrastava no chão. Estava descalça, já que os numerosos empregados do castelo eram impecáveis na limpeza. Assim que chegou na sala de refeições, Liam e Euphemia tentavam acalmar os adolescentes, que protestavam contra a ideia da viagem.

— Mãe, diga que é uma brincadeira, por favor — pediu Ambrose, ou Amber como eles a chamavam, assim que notou sua presença.

— Não faça isso com a gente — implorou Verena.

— Eu não quero ter que olhar para a cara da tia Veta de novo — Edvige fingiu um estremecimento.

— Você só olhou uma vez — disse Fritz.

— E foi o suficiente para me traumatizar.

Jane puxou a sua cadeira para sentar-se, antes que Liam o fizesse, seus pés ficando pendurados a centímetros do chão, como sempre.

UndercoverOnde histórias criam vida. Descubra agora