Eu estava no metrô e como sempre eu tenho uma rotina cheia de imprevistos e cheia de pessoas que estão sempre de mau humor, eu já me acostumei com isso, não tem muito o que fazer sobre, afinal nunca acontece nada de novo por aqui, a mesma rotina de sempre, esperar o metrô chegar entrar e então me sentar e ficar olhando para a janela, apenas observando as pessoas entrarem e saírem do vagão, isso todos os dias a caminho de casa.
Hoje tive um dia mais puxado no trabalho, fiquei muito tempo na frente do computador arrumando uns problemas em um programa que utilizamos na empresa e isso me fez ficar até de noite lá, não foi pela minha falta de talento e sim pelo problema que um dos novatos causou, isso realmente me deixou aborrecido, trabalhar em um escritório é a pior coisa que eu poderia ter feito.
Agora deve ser por volta de 23h00min, a rua parece estar mais vazia que o comum e a estação do metrô também aparentava estar vazio, será que aconteceu alguma coisa e eu não estou sabendo? Não importava para onde eu olha-se, não havia ninguém na plataforma, era meio solitário ficar na estação sozinho, principalmente quando o lugar é tão velho, me causa a sensação de estar sendo observado, eu só queria sair logo daqui o quanto antes melhor.
Não demorou muito tempo para o metrô chegar e quando chegou reparei que não estava muito cheio também e o vagão que eu entrei estava vazio, totalmente vazio, eu estava sozinho mais uma vez, pelo menos não tinha aquela bagunça de pessoas por todos os lados e agora eu consigo ouvir minha música em paz, consigo me distrair um pouco e tentar ficar mais calmo, daqui até minha casa são seis estações, então só preciso ter paciência.
O tempo foi passando e a cada estação que o metrô estava parando eu notava que não havia ninguém, parece que está ficando bem tarde, eu fiquei no meu canto tranquilo, acho que não há com o que se preocupar então, só quero chegar logo em minha casa.
Mais duas estações e eu chego em casa, só que mais uma vez o metrô parou e dessa vez havia alguém na estação, uma pessoa encapuzada, aparentemente uma garota por conta do volume na roupa, percebi que nem dava para ver seu rosto direito por causa do capuz da sua jaqueta vermelha, reparei que estava de short também com longas meias e uma bota de camurça, voltei a olhar para o seu rosto e tudo o que eu conseguia ver eram seus olhos amarelos, talvez esteja usando uma lente de contato, dava para notar também que havia algo escondendo sua boca também, talvez alguma máscara, ela me passa uma sensação estranha e por conta disso eu prefiro não me meter com ela se for necessário.
Infelizmente de todos os lugares que ela poderia sentar ela resolveu se ficar logo do meu lado, eu não me importei muito com isso no começo, mas como disse, ela me passava uma sensação estranha, então achei melhor ir mais para o lado e aumentar o som da minha música, reparei nas horas também e agora era por volta de 23h:50min, estamos perto da 00h:00min, então essa deve ser a última viagem do metrô.
Fiquei uns 10 minutos ouvindo música quando de repente o vagão balançou e o metrô parou, a princípio eu achei que ele havia parado seu turno, mas ainda faltavam 5 estações para seu destino e a próxima seria a minha, por que parar agora? Ele não pode fazer isso e o pior de tudo é que essa garota, ela não se mexia, desde que entrou no vagão ela ficou parada olhando para o nada e para piorar eu não conseguia parar de olhar para ela, ela estava me assustando já.
Eu me assustei quando ela mexeu os braços e tirou um bloquinho de dentro da jaqueta junto de uma caneta, ela estava escrevendo algo, eu fiquei olhando e percebi que sua letra era horrível, não que a minha fosse bonita, mas a sua letra parecia um garrancho de tão feia que era e depois que terminou ela olhou para mim e arrancou o papel do bloquinho, eu comecei a lê-lo em voz alta.
Rapaz: Eu sei quem é você.
Eu olhei de novo para ela com uma cara de espanto, pensei em levantar e pedir por ajuda, mas pra quem eu deveria pedir? Por algum motivo o metrô estava parado então havia acontecido algo com o maquinista, fiquei um pouco desesperado e larguei o papel, ela sem se importar com minha reação continuou a escrever no bloquinho e mais uma vez me deu o papel para lê-lo.
Rapaz: Não precisa ter medo de mim, isso deixa a refeição mais difícil de se lidar.
Eu fiquei totalmente confuso e comecei a bater na porta que levava para o outro vagão, mas não havia ninguém do outro lado, na verdade não havia nada lá, estávamos parados no meio do túnel e o resto do metrô havia desaparecido, como se tivesse sido desconectado, eu comecei a gritar desesperado tentando abrir a porta e ela tirou seu capuz.
O seu cabelo caiu em seu rosto o cobrindo, mas logo ela o tirou da frente e notei que ela realmente estava usando uma máscara na boca, ela arrancou a máscara e a jogou no chão, eu olhei atentamente para a sua boca e vi feridas de cortes em sua bochecha, ela aparentava também ter a boca um pouco maior, de uma ponta da orelha a outra, eu fiquei arrepiado por causa de seus olhos fixos em mim, aqueles olhos amarelos me encarando e sua pele acinzentada como a de um cadáver, eu fiquei sem reação, suando muito, ela não parava de me olhar e sem querer deixei um comentário escapar.
Rapaz: Você até que é bonita apesar de sua boca rasgada.
Ela mudou a expressão, parecia ter ficado muito brava com o meu comentário e nem eu sabia por que eu havia dito isso, eu entrei em pânico e comecei a chutar a porta para quebra-la, mas de nada adiantava, ela jogou uma bolinha de papel em mim e quando me virei ela estava fazendo sinais com as mãos e por sorte eu sei um pouco de libras então entendi o que ela queria me dizer.
Garota: Está boca é grande desse jeito para poder comê-lo inteiro.
Logo após ela terminar os sinais ela abriu sua boca e uma enorme língua saiu de dentro fazendo a boca abrir muito e aparecerem os dentes afiados como os de um cachorro, ela começou a se aproximar de mim bem devagar e eu fiquei desesperado.
Rapaz: Fique longe de mim! Eu estou mandando ficar longe!
Ela continuou andando em minha direção e quando chegou perto o suficiente de mim, começou a lamber meu rosto com aquela língua áspera, sentia minha pele queimando, eu estava com muito medo daquilo, ela me obrigou a abrir a boca e enfiou sua língua dentro descendo ela em minha garganta, eu senti aquilo queimando de dentro pra fora, a dor era horrível, por um momento eu percebi que não conseguia falar, quando eu estava para desmaiar por causa da dor, eu vi uma pessoa saindo do vagão do fundo e a garota havia corrido para a janela e quebrou o vidro, eu não consegui ver mais nada além disso e logo após eu desmaiei.
Quando acordei assustados percebi que estava em um hospital e não conseguia falar por causa da dor que incomodava demais, havia um homem de jaleco, talvez seja o médico que está encarregado de me cuidar.
Médico: Não sei como aconteceu isso com você no metrô, mas gostaríamos que nos contasse com detalhes o que aconteceu lá, a propósito acreditamos que sua voz não voltara mais, algo queimou suas cordas vocais.
Enfermeira: Acho que precisaremos fazer mais exames e você vai ficar aqui por um tempo senhor Marcos.
Eles saíram do quarto depois de me passar os detalhes da minha situação e em seguida entrou uma pessoa, o doutor voltou dizendo que essa pessoa veio me visitar dizendo ser minha irmã mais nova, quando eu vi quem era eu entrei em pânico! Eu não sabia o que fazer, eu tentei pegar algo para jogar nela, mas não havia nada e logo ela fez mais sinais o que me fez chorar muito.
Garota: Fique calmo, eu voltei para você, vamos nos divertir mais um pouco.
Fim

VOCÊ ESTÁ LENDO
O Vale dos pesadelos - Em revisão
HorrorAs vezes coisas ruins podem acontecer com você por estar no lugar errado, na hora errada, as vezes algumas lendas podem se tornar realidade também, tome cuidado ao sair de casa, ou poderá ser atacado por qualquer coisa, afinal o sobrenatural está ao...