Dia 169 de 365

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Clara estava ao telefone com Michael quando Lauren entrou em casa, alguns dias haviam se passado desde o início das aulas. E desde então a mulher ligava quase diariamente para o homem tentando falar com Lauren, e nada, ela estava irredutível.

-Michael, isso preciso mudar - disse brava como se a culpa fosse dele, ele soltou um suspiro desviando os olhos para a garota que enchia um copo de água com os olhos nele - Ela não aprontou mais nada?

Era sempre uma pergunta presente na conversa, a verdade é que ela não aceitava que a garota estivesse tão bem sem ela.

Mas estava.

-Eu já disse que não, está tudo bem-

-Não está nada bem! - cortou grosseiramente - Minha própria filha não fala comigo, e você me diz que está tudo bem?!

Lauren podia ouvir o chiado no telefone quando o homem afastou o aparelho. Ignorando a mulher.

-Tem comida no forno, querida - sussurrou e ela sorriu beijando a bochecha dele - Clara, pelo amor de Deus! Eu passei anos nessa mesma situação e não surtei com você, me poupe. - a mulher abriu a boca indignada.

-Me dá isso - Lauren disse cansada e ele a olhou duvidoso.

-Como é que você pode dizer isso, Michae-

-Clara! - Lauren disse brava - Para com isso, eu estou ótima, como nunca antes, para de incomodar o meu pai todos os dias - deu ênfase nas palavras - Eu não quero falar com você e nem sei se um dia vou querer, então nos poupe disso. Estou cansada de você agindo como se essa merda toda não fosse coisa sua - a mulher engoliu a saliva lentamente - Você provocou isso, só você e o seu egoísmo. Então para!

Desligou o aparelho e entregou ao homem que a analisava.

-Filha? - ela negou - Você não precisava - disse baixo.

-Precisava sim, papai. Eu nunca disse isso, mas você é o único pai que eu quero, nada vai mudar isso - disse sinceramente - O homem que me comprou os mais belos presentes por anos e os guardou sem nem esperança de um dia me entregar, só por me amar - ele sorriu - Ninguém vai mudar o fato de que você é o meu pai, o único. Não importa o que ninguém diga.

Isso era referência a uma conversa que ela ouviu dias antes, onde Clara queria impor um exame de DNA a ele e Lauren. O homem soube que ela ouviu e ficou sem jeito.

-Me desculpa, não era para você ter escutado isso - a abraçou e ela se deixou ser abraçada - Eu amo você, querida.

-Eu também amo você, pai. Muito - recebeu o beijo na cabeça - Devo ressaltar que você está ficando gordinho? - disse depois de um tempo e ele se separou dela com os olhos cerrados.

-Isso aqui é-

-Resultado das cervejas com o Alejandro, eu sei - riu e ele a acompanhou - Você devia se exercitar mais, sabe? Está na idade.. - brincou e ele abriu a boca chocado.

A relação deles estava cada dia mais estreita.

-Vamos combinar então, eu começo a correr - riu - E você, mocinha, começa a sair pela porta quando for dormir na casa ao lado - Lauren virou um pimentão de tanta vergonha, abria a boca e fechava - Qual é!? Eu sei, acha mesmo que um ex militar não ouviria alguém escalando a grade velha de plantas?!

-Eu não sei do que está falando - riu nervosamente abrindo o forno, tudo para não encarar o pai.

Ele cruzou os braços e se encostou no balcão ao lado da pia.

-Se você fosse um rapaz eu já estaria preocupado com netos - Lauren se engasgou com a batata que havia enfiado na boca - Ainda bem que não é o caso.

Dois lados (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora