Prologo

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Pov Ana

Hoje a mãe veio-me buscar mais cedo à escola. Quando chego à porta da escola, vejo um homem. Olho para ela desconfiada, mas a mamã diz-me que ele se chama Bob, e que é o namorado dela.

Não gosto dele, tem cara de mau. Porém a mãe está tão feliz, então acabo por não dizer nada. Os meses vão passando, e o "Bob" vai sendo uma presença constante, assim como uma senhora, que a mamã diz ser minha tia. Ela chama-se Leila, mas também não gosto muito dela.

Ao fim de um tempo, o namorado da mamã pediu-a em casamento, e para meu espanto e desespero, ela aceitou. Quando eles me contam tento não chorar, nem fazer birra, mas não consigo esconder que não gostei, e uma lágrima corre pelos meus olhos.

Quero perguntar à mamã se ela já esqueceu do papá. Será que ela já não gosta mais dele? Por que é que ele tinha que se ir embora? Por quê é que ele não volta?

Os meses vão passando e  no primeiro ano tudo correu bem. Mas, logo o "Bob" mostrou quem realmente era, e tal como eu pensei ele era mau. Ele zangava-se muito com a minha mãe e gritava comigo. Qualquer coisa era uma desculpa para um grito.

Houve uma vez que bateu na mamã, então ela decidiu sair de casa, fomos para casa dos meus avós, eu fiquei feliz, finalmente iríamos ter paz. Tive que prometer que não dizia nada aos meus avós sobre o porquê de irmos viver com eles.

Eu não percebi bem o porquê, afinal a mão e o papá ensinaram-me que não devíamos mentir, e estávamos a mentir ao Avô e à Avó. Porém a mamã pediu tanto, que eu acabei por dizer que não contaria. Afinal o que me interessava é que estava longe dele.

Contudo, foi apenas um lindo sonho, uma ilusão. Porque no dia seguinte o Bruno estava à porta de casa dos meus avós a pedir perdão à minha mãe. Eu não queria que a mamã falasse com aquele "monstro", mas ela não me ouviu. E depois de um tempo, a mamã veio me dizer que o Bob lhe tinha pedido desculpa, e que iríamos voltar para casa. E lá fomos nós rumo a casa,  se sem saber em direcção ao nosso maior pesadelo.

Voltámos para casa e a primeira semana até correu tudo muito bom. Mas depois começou o nosso pesadelo. A mamã deixou o trabalho, e só saía para me levar à escola ou buscar. Às vezes nem isso ele a deixava fazer e quem me ia buscar era a Tia Leila.

Um dia, em que foi a mamã que me foi buscar, entrámos em casa e estava tudo em silêncio. Como não ouvimos barulho, a mamã decidiu que era uma oportunidade para fugir. Ela disse-me para ir buscar alguma roupa minha e dela, enquanto isso ela foi para a cozinha arranjar alguma comida para levarmos.

Quando subi, fui primeiro arranjar uma mochila para mim, e quando estava à porta do quarto onde a mamã dormia com o monstro,  não estava preparada para ver o que vi. Comecei por ouvir uns barulhos estranhos, e como a porta estava meio aberta, espreitei. Quando vi quem estava lá dentro tentei fugir.

Mas eles apanharam-me, e foi aí que começou o nosso pesadelos. Todos os dias era um tormento, acabei por deixar a escola, porque muitos dias não tinha como ir sem que alguém desconfiasse de alguma coisa. Os meus braços e até as minhas pernas tinam muitas vezes hematomas das tareias que a tia Leila me dava sem razão aparente.

Ao fim de dois anos, nascia a minha mana Paula. Eu amava a minha mana, ela era tudo para mim, e eu tentava protegê-la deles. A mamã tentava que eles não nos fizessem mal, e sofria muitas vezes sozinha

Ao fim de quase 8 anos naquele inferno, conseguimos sair de perto deles. Os doutores do Hospital e a polícia conseguiram arranjar uma forma de nos ajudar. Arranjaram um emprego em outra cidade para a mamã e uma escola para mim e para a Paula. E assim conseguimo-nos reerguer, ou quase...

Os pesadelos que tinha eram frequentes, os ataques de ansiedade sempre que alguém levantava a mão ou simplesmente me tocava eram horriveis. A mãe pediu ajuda à Doutora Grace, a sua chefe, e ela indicou um psicólogo. Claro que ambos ficaram a saber de tudo o que nos aconteceu, mas sempre guardaram segredo e aos poucos eu fui conseguindo controlar as minhas crises.

A Paula foi crescendo e graças a Deus não se lembra de nada do que aconteceu, sempre lhe dissemos que o pai dela era o mesmo que o meu. E assim ela viveu com a ideia de uma pai lindo e que nos amava. Infelizmente nunca consegui ir para a faculdade, as contas apertavam cá em casa e o salário da minha mãe não chegava para tudo.

Então o remédio foi acabar o ensino obrigatório e pegar no batente. Consegui através da chefe da minha mãe um emprego como secretária. Secretária do marido da chefe da minha mãe, Dr. Carrick Grey, um advogado bastante conhecido na cidade.

Fomos vivendo...até que um dia a minha vida mudou com apenas um par de olhos cinzas.

Revivendo o Presente CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora