DEZOITO

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Mirella inventou uma desculpa de que não estava muito bem para todos no restaurante e foi para o hotel. Marcou com ele no quarto que estava hospedada. Avisou a recepcionista que estava esperando alguém e subiu. Não demorou muito até que ele batesse em sua porta.

Quando Mirella abriu, viu uma cena que não esperava ver. Robertinho estava com os olhos e nariz vermelhos. Parecia que havia chorado muito no caminho.

— Mirella... — Ela deu passagem para ele entrar. NO respondeu. — Mirella, por favor.

— É melhor você lavar seu rosto. Vamos ter uma conversa séria aqui.

Ele balançou a cabeça e foi ao banheiro. Mirella sentou numa cadeira da escrivaninha e abraçou suas pernas. Não acreditava na conversa que estava prestes a ter com ele. A última havia sido há quase três anos.

Ele saiu do banheiro limpando o rosto com uma toalha.

— Eu estou sóbrio.

— Você não me parece sóbrio.

Ele sentou na cama e olhou pra baixo.

— Voltou com tudo.

— Há quanto tempo?

— Eu usei só por diversão... No início da turnê.

— Você está usando isso há mais de dois meses, Robertinho? É sério isso?

— Não foi por querer? É só que...

— Você não usou quando estava comigo, usou.

— Usei... — Suas mãos tremiam a medida que ele confessava. — Na manhã seguinte eu não me aguentei e...

— Você saiu mais cedo naquele dia... — Ela falou perplexa. — porque você fez isso com você? Porque não pediu ajuda? Se fosse no início teria mais chances... Oh Robertinho...

— Me desculpe... — Ele começou a chorar.

Mirella sentia aquela dor dentro dela. Era como se mil facas entrasse em seu peito. Sabia o quanto era difícil para ele se livrar as drogas. Sabia que a luta havia sido intensa e longa. Ela se sentia cansada, tão derrotada e frustrada.

— Não é pra mim que você deve satisfação, Robertinho. É pra você mesmo. Pro seu corpo e sua vida. Você acha que vai durar com o Fagner usando drogas assim? Você acha?

— Mas eu vou parar.

— Não minta pra se mesmo. Você sabe que precisa de ajuda.

Ele não respondeu.

— Eu não sei se eu vou aguentar mais um ano como aquele. Eu não sei se eu quero. — Ela falou ja sentindo que ia chorar. — Eu não vivi aquele ano. Minha vida foi em sua função. E como vou saber que depois você não vai ter outra recaída?

— Eu não vou recair, por favor, me perdoa. — Ele já estava em prantos.

— Robertinho... — Ela segurou em suas mãos. — Eu sempre vou te amar e apoiar. Mas eu não quero essa vida pra mim.

— O-o quê?

— Se você quiser, eu posso te ajudar, te acompanho nas reuniões. Mas eu não posso mais lidar com isso. Não com esse peso.

FLOWER (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora