ARIEL MURPHY
"Bem-vindo à minha casa."
O relógio marcava as 6:17 da tarde. O Sol já não se fazia presente, deixando para trás um rastro de tons azulados, roxos e vermelhos nas nuvens um pouco carregadas, que aim libertavam pequenas gotas de água. Pus a chave na porta de madeira e velha e, a tremer, rodeia-a. Esperei um pouco antes de abrir a porta, ainda não acreditando que o tinha trazido para a boca do lobo.
O que raio tinha eu na cabeça para o trazer aqui?
Sem retorno, abri a porta, revelando o interior da minha residência. Mal pus os pés no tapete sujo e velho da entrada da minha casa, senti-me desconfortável e agoniado. Ainda cheirava tanto a cerveja como na semana passa. Tera olhou para o teto branco e cheio de mofo da entrada, deixando-me mais humilhado ainda.
"O teu pai não está em casa?" Encaminhei-nos, com pressa, para a conzinha.
"Aparentemente, não." E ainda bem. Vi-o a tirar o casaco verde acinzentado e pô-lo na cadeira, ao lado da sua mochila da Adidas. Ele sorriu para mim e pôs as mãos na zona abdominal. "Não sei a que horas ele chega."
"Okay."
Ele dirigiu-se às parteleiras da cozinha e ao frígorifico. "Podemos comer? Estou com fome."
"Não!" Arrependi-me de ter elevado a minha voz. Caminhei até à porta do frigorífico e enconstei-me a ela. "Ele não gosta que eu mexa na comida enquanto ele está fora." Tera inclinou a cabeça e levantou as sobrancelhas, confuso. "Hábitos dele." Cocei a nuca, tentando formular uma desculpa melhor, mas nada me ocorria à mente. "Podemos ir para o meu quarto, se quiseres." Aproximei-me um pouco mais dele- deixando para trás dezenas de garrafas de cerveja que estavam dentro do frigorífico- e encostei-me nas costas da mesma cadeira onde ele pôs o casaco.
"Sim, sim, pode ser."
Logo depois de pegar as nossas malas, Tera começou a seguir-me pelas escadas e pelo corredor rico em mobília pobre e a cair em pedaços. Senti-me humilhado por lhe mostrar o quão desfavorecido eu era comparado com o resto dos Omegas. O papel de parede creme estava a cair em bocados e o chão precisava de ser lavado. Mordi o lábio para não encher o Tera de desculpas mentirosas na tentativa de explicar o porquê da minha casa estar assim.
Tirei a chave do meu pescoço e destranquei o meu quarto.
Aquele compartimento era o único que estava devidamente limpo e arrumado. Quando liguei as luzes fracas e brancas, vi que o meu quarto estava da mesma maneira que o deixara: cama feita, armário fechado, os móveis limpos e os cadernos pessoas escondidos debaixo da cama.
Deixei-o entrar primeiro, trancando logo em seguida a porta por detrás de mim. Sentei-me no colchão da minha cama e pedi silenciosamente que ele se sentasse do meu lado.
"O teu quarto é mais arrumado que o meu." Disse enquanto caminhava para o meu lado. Olhei para os nossos pés calçados. Os meus não chegavam ao chão como os dele. Ele deve calçar o trinta e nove ou o quarenta, os pés dele são enormes.
"Porque é que fizeste tanto drama por eu vir cá, Ariel?" Quebrou o silêncio. O seu tom de voz era cuidado e baixo. Persumi que ele tinha percebido que, quando falamos sobre a minha família, eu fico tenso e desajeitado- um gesto que demonstra que a pessoa está a mentir ou tentar esconder algo-. "Nem é assim tão mau eu estar aqui, ou é?"
"Não, claro que não."
"É por causa...do estado da tua casa?" Ele tentou ser o mais cuidadoso possível. Tentava não me magoar com a escolha das suas palavras, o que não estava a acontecer. Eu não me importava com o estado da casa, porque para mim, esta casa não me diz nada, porém, ao mostrá-la a alguém sinto-me humilhado e rebaixado.
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My Little Omega: Príncipe Da Lua [CONCLUÍDO/ EM REVISÃO]
Lãng mạnAriel Murphy, um escocês de 16 anos, entra num colégio interno, pela primeira vez, devido ao seu talento no desporto. Quando entrou pelas portas da sua futura escola, o nervosismo notava-se, não sabia com se iria sair em frente da sua nova equipa de...