19:[Sangria]

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ARIEL MURPHY

[19/01/2019- Sábado]

Liguei e desliguei a luz repetidas vezes vendo a luz florescente das estrelas implementadas no teto do quarto do Tera. Pouco passavam das 2 da manhã e o sono não vinha. Já estava deitado ao lado do rapaz, enquanto ele respirava contra o meu ombro. A sua mão estava sobre a minha barriga, por debaixo de todas as cobertas que me tapavam.

Não conseguia voltar a adormecer de maneira nenhuma, e ainda tinha algum medo significativo pelo Óscar para descer até à sala ver televisão, onde ele dormia.

Sem nenhuma alternativa na cabeça, deitei-me de lado e encostei-me ao máximo a ele. "Tera...?" Bati o meu dedo na sua maça de Adão, vendo a suas feições ficarem estranhas. "Amor?" Odiava-o acordar a meio da noite para lhe pedir para me aconchegar até dormir. "Leannan?" Belisquei-o o queixo e turrei a minha cabeça na parte de baixo da sua. Ele pareceu acordar segundos depois de eu o arranhar no seu abdómen.

"Que foi?" A sua voz estava rouca e fraca.

"Não consigo dormir..." Acendi a luz mais pequena. Os seus olhos demoraram um pouco para se acostumarem com tamanha claridade. Olhei-o de cima. Ele estava com uma feição preocupada sobre mim, notei.

"Queres alguma tomar alguma coisa?" Passou a mão pela minha cintura e puxou-a contra a sua.

"Chan..."

"Cappuccino?"

"Contém cafeína..."

"Netflix?"

"Também não..."

"Sexo?"

"Tera!" Tapei-lhe os olhos para que ele não veja a minha cara rubizada.

"Ok! Desculpa! Cafuné?"

"Não estou com vontade."

"Paul Lestrange?"

"Hmmm" Fingi pensar. Sabia exatamente o que queria. "Empacotado com o professor de Química, por favor!" Deitei-me ao seu lado e vi-o pegar o livro que andava a ler do lado da sua cómoda.

Não sabia que efeito o Tera tinha em mim, que, cada vez que eu estou com ele, o meu humor mudar para melhor. Cada situação, cada problema ele consegue transformar em situações mais divertidas e acolhedoras.

Tera folheou o livro até encontrar a página onde estávamos. No meio de tantos que estava a ler ao mesmo tempo, não sabia o que aquele livro retratava. No entanto, apenas me concentrei em ouvir as palavras ditadas pelo Tera enquanto eu descansava a minha cabeça no seu ombro.

E foi aí que eu pensei naquilo tudo.

Eu estava a ser tratado como um bebé. Um bebé que não consegue dormir. E o pai tem de lhe ler histórias de embalar para adormecer. Mas legendado para a realidade, eu sou um adolescente com insónias que chateia o próprio namorado para lhe ler livros difíceis para que eu consiga adormecer.

Imagino o que o Tera estará a pensar sobre esta situação. Conhecendo um pouco da sua mente, ele sente-se frustrado e impaciente a esta situação -a mim-, mas, até ele mesmo, oprime esses sentimentos. Sentia-me como uma bola de chumbo agarrada aos seus pés. "Tera, vou te perguntar uma coisa, mas tens de ser sincero."

"Sim, Ariel, o que foi?" Olhou-me de cima e massajou o meu couro cabeludo.

"Eu sou um fardo para ti?"

"Porque é que achas isso?"

"Sim ou não?"

"Diz-me primeiro e eu respondo-te."

My Little Omega: Príncipe Da Lua [CONCLUÍDO/ EM REVISÃO] Onde histórias criam vida. Descubra agora