[13/12/2018-Quinta-Feira]
ARIEL MURPHY
Há três dias que saí do hospital. Há três dias que ficava em casa do Tera. Tive sorte em conhecer uma família que me acolhera e que me dê tudo o que necessite, independentemente dos desejos que tinha. Claro que pedia o mínimo, e para recompensar a sorte que tive, ajudava em todas as tarefas de casa, de manhã à noite, mesmo que a Dona Chris me obrigue a sentar no sofá e descansar. Afinal ainda não tinha recuperado...
...fisicamente e psicologicamente.
O corpo ainda me doía e era difícil falar. Sempre eu falava frase longas, tinha de parar para respirar e engolir saliva para amainar a dor. Para não falar que a minha cara ainda estava lilás e os lábios ainda estavam a sarar, o que era uma tarefa um tanto longa, já que fico o dia inteiro a morder o corte. No fim de contas tinha prometido ao Tera que não me automutilava-me mais. Era um hábito difícil de controlar, e agravava-se todas as noites, noites preenchidas por ataques de pânico silenciosos.
Na primeira noite, William teve de explicar todo o sistema de segurança da casa, para eu me sentir seguro e parar de chorar. Tinha medo de o meu pai aparecer, mesmo sabendo que ainda estava no hospital a recuperar dos ferimentos. Porém não sabia se ele tinha confidentes para me vir buscar. Tera explicou-me que, ao caso de alguém desconhecido aparecer, o Óscar, minutos antes, já dava sinal, e que faria de tudo para me proteger.
Mas, hoje, eu estava sozinho em casa. O Tera disse-me que se ia encontrar com a Camoren, que era um assunto urgente. A Kira tinha treino de futsal e os donos da casa estavam a trabalhar.
Era somente eu e o Óscar.
Na despensa.
Eu sentado, escondido entre a mercadoria e o Óscar na minha frente, com um olho em mim e outro na porta. Constantemente, ele pousava a pata em cima do meu joelho, e lambia-me a mão.
Não demorou muito para eu me perder o medo sobre ele, podia até dizer que comecei a gostar dele. "Para, Óscar." Sussurrei. Ele abanou a cauda e começou a afagar, antes de me lamber a cara inteira, uma ação que eu detestava. Não conti um pequeno riso, ao sentir as lágrimas, já secas, serem molhadas, outra vez.
Porém, ele parou, de repente e olhou para a porta, que eu trancara outrora.
Isso só contribuiu para que o meu coração viesse para as minhas mãos. Escondi a cara nos joelhos dobrados e pedi à Lua para que não fosse ele ou ninguém que tivesse intenção de me magoar.
"Cheguei!" Era o Tera. Ouvi o Óscar raspar com as unhas a porta de madeira da despensa e começar a ganir. "Ariel?" Chamou-me. Eu não me consegui levantar, e odiei-me por isso. Ouvi passos virem ao encontro da porta e a chave encaixar a fechadura. A porta foi aberta e o Óscar saltou para cima do seu dono. "Para, Óscar."
"Desculpa..." Disse, depois de ele se agachar na minha frente e por as mãos nos meus pés apenas protegidos pelas meias escuras. "Foi instintivo."
"Não faz mal." Ele pegou na minha mão e suspirou antes de examinar os ferimentos que tinha nos nódulos dos dedos. "Queres alguma coisa?" Sussurrou. "Cappuccino? Não sou tão bom como a minha mãe, mas posso tentar." Levantei-me com a sua ajuda e saímos do cubículo. "Podes me ajudar, se quiseres." Passou a mão pelos meus ombros e encaixou os seus lábios no meu couro cabeludo.
Não sabia como explicar o que sentia. Quando ele se aproximava, cada vez que ele me tocava, o medo minorava em átimos de segundos e o sentimento de calma subia-me à cabeça. "Pode ser." Ele não se afastou até chegarmos à cozinha, nem mesmo quando o sue telemóvel apitou imensas vezes vindo da sala. "Não atendes?"
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My Little Omega: Príncipe Da Lua [CONCLUÍDO/ EM REVISÃO]
RomanceAriel Murphy, um escocês de 16 anos, entra num colégio interno, pela primeira vez, devido ao seu talento no desporto. Quando entrou pelas portas da sua futura escola, o nervosismo notava-se, não sabia com se iria sair em frente da sua nova equipa de...