[30/11/2018- Sexta-feira]
NARRADOR OMNISCIENTE
"E-eu não quero ir para casa, Tera!"
Pela quarta vez que o capitão tentava acalmar o Ariel. Pela quarta vez que ele tinha de o agarrar nos pulsos e levá-lo para um sítio ausente de qualquer som. Pela quarta vez que o menor chorava de tanto pânico. Pela quarta vez que tudo voltava à cabeça.
"Ariel...olha par--"
"Não posso!" O rapaz estava corrompido. Lembrava-se a cada toque, a cada palavra, do mal que sofria cada vez que punha os pés dentro daquela casa. "Tera, eu não posso! Não posso. Não posso." Ele dizia tão rápido que era difícil distinguir os soluços das palavras.
"Ariel, olha para mim!" Mas o Ariel afastava a cabeça. "Olha para mim!" Tera segurou-o pela cabeça e olhou diretamente para os olhos azuis do ruivo. "Respira fundo." Obedeceu. "Isso...Inspira, expira." Inspirou e expirou. O polegar passou pela bochecha do menor, para poder limpar as lágrimas que ainda desciam. "Vamos nos sentar aqui."
O Alpha procurou um lugar para se sentarem com o olhar. Quando se aposentou no quinto degrau das escalas, bateu no degrau de pedra ao seu lado. "Anda para aqui."
Ariel sentou-se ao lado dele. Ao vê-lo tão perto dele, não conseguiu aguentar a vontade de abraçá-lo e transbordar tudo o que sentia. E assim o fez. Escondeu a cara o máximo que podia na curvatura do pescoço e cerrou os dentes. Passou as mãos pelas vastas costas do capitão e colou-as perto da cintura. Sentiu o queixo pesado e robusto no seu pescoço e quase pode jurar que os lábios beijaram uma das suas sardas castanhas. "Desculpa."
"Pelo quê?" Tera massajou os fios ruivos, sentindo a textura grossa e seca deles.
"Por estar sempre a ter...isto. Eu odeio sentir-me fraco e sempre a precisar de ajuda."
"Estás a passar por uma cena horrível, Ariel. Eu ficava mais preocupado se não precisasses." O menor não chegou a responder.
O choro tomou lugar do silêncio que estava presente. Ariel não conseguia falar, ou expressar-se, a sua mente estava uma confusão, um emaranhado de visões que iam do passado até ao futuro. A mente dele previa o que poderia acontecer daqui a algumas horas. Previsões que o assustavam. Ele temia o futuro, temia que o tempo não congelasse...oh, o quanto ele queria que o tempo parasse naquele exato momento.
"Eu só não quero ir para casa..." A voz do menor ainda falhava um pouco. Quando ouviu aquilo, Tera afastou-se dele e colou os lábios na testa do miúdo, por cima da sua franja encaracolada.
"Fazemos assim. Amanhã de manhã, eu vou te buscar. Vais para minha casa, dormes lá e domingo à noite ponho-te em casa." Aquilo era uma promessa nos olhos do capitão, e uma fuga para o Ariel. "O que achas?"
"O meu pai nunca me deixará ir!"
"Ele não precisa saber. Eu vou bem cedo e desces a janela do teu quarto." Fez uma pausa, um tanto longa antes de suspirar. "Ariel, eu não que passes muito tempo naquela casa. Só não te levo hoje, porque tenho um jantar com a minha família."
"Porque é que és tão gentil comigo?" Tera não sabia como responder a uma pergunta daquelas. Porque estaria a ser tão gentil com ele?
"Eu só estou a ser um bom amigo." Foi o que conseguiu responder. Se fosse o mais sincero ficaria horas e horas a falar o quanto ele tinha mudado com o aparecimento do menino dos olhos azuis. "É o meu dever."
"Obrigada por tudo, Tera. Devo-te o melhor cappuccino do mundo." Ambos soltaram gargalhadas, no meio de um assunto tão obsceno.
"Deixa estar, eu não gosto muito de café." Ariel ficou um pouco assustado com aquela resposta. Como é que alguém não gosta de café? "Mas tu vais adorar o da minha mãe. Pelo que o meu pai diz, é mesmo muito bom." Gesticulou com as mãos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
My Little Omega: Príncipe Da Lua [CONCLUÍDO/ EM REVISÃO]
RomanceAriel Murphy, um escocês de 16 anos, entra num colégio interno, pela primeira vez, devido ao seu talento no desporto. Quando entrou pelas portas da sua futura escola, o nervosismo notava-se, não sabia com se iria sair em frente da sua nova equipa de...