16.2:[Shh, estou aqui, acabou]

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Assim, fazendo uma estimativa...acho que consigo acabar esta obra de arte no capítulo 35 ou no 40.

Ou seja...estamos a 45% ou mais de completar tudinho.

ARIEL MURPHY

[8/12/2018- Sábado]

Às 2:03 da manhã, via-me despido. Apenas uns boxers velhos tapavam o pouco da minha pele, enquanto ele mandava pedaços de pão salivados contra mim. "Gosto da queimadura que tens nas costas." A queimadura que ele me fez no mesmo dia que a mãe saiu de casa e nunca mais voltou. "Há seis anos que a tens aí, não é?" Gargalhou, atirando mais um pedaço de pão contra a minha cabeça, depois de ouvir a garrafa de cerveja na mesa.

Por muito que eu tentasse não largar as lágrimas recém-formadas, era impossível, elas já desciam, grossas e lentas. Mal conseguia ver a louça suja que tinha nas mãos esfoladas pelos murros que dava na parede de tanto ódio e raiva que tinha por aquele homem. "Não é, filho?"

"S...sim." Sussurrei. Cada vez que eu tentava falar, a vontade de chorar vinha ao de cima, e a minha voz termia, o que o irritava.

"Não te ouvi, querido. Tens de falar mais alto." Ordenou entre risos.

"S-Sim!" Tossi. A minha garganta ardeu tanto, não só pela tentativa de falar mais alto, mas também pelo nó na garganta enorme que se formara.

"Afinal o cachorro sabe falar." Senti-o avançar até ao meu lado. Os níveis de nervosismo aumentaram, instantemente. O meu cérebro travou as minhas mãos e eu estava numa pedra completa, nada em mim mexia. A sua mão áspera agarrou no meu queixo e virou-o para o seu lado. "És fotocópia da puta da tua mãe, sabias? Covinhas, sardas, olhos azuis, nariz empinado, caracóis ruivos...não faço ideia como és meu filho." Finalmente, desapertou o meu maxilar, que já doía pela força que ele me agarrava, e deu leves batidas com a garrafa vazia no meu couro cabeludo, antes de voltar ao frigorífico para buscar mais uma cerveja. Voltei a conseguir respirar em movimentos rápidos.

Em poucos segundos, peguei na ultima peça que tinha por lavar, uma faca. O fim dos meus problemas estava nas minhas mãos, mas as consequências criadas na minha mente corroíam-me a esperança que tinha.

Olhei para o lado onde ele estava, virado de costas contra mim. Era agora ou nunca. Era agora ou nunca. Agora ou nunca.

Corri até ele e cravei a faca no meio das suas costas, repetidas vezes. "MORRE, MORRE, MORRE!"

Eu estava em pânico, em transe, a agir por instinto. Eu não pensara no que aconteceria em seguida, não pensara no que faria se ele continuasse vivo depois de tantos golpes. Apenas corri para o meu quarto e tranquei-me no mesmo.

Eu já chorava rios e tremia terramotos. Mal conseguia manter a respiração ao agarrar no meu telemóvel e digitar 112 no ecrã. Toda a minha visão esta turvada pelas lágrimas, o que me deixou mais em pânico.

"112, qual a sua emergência."

"Ele não morreu! Preciso de alguém, por favor! Mande alguém, por favor, agora!"

"Calma. Como te chamas?"

"A-Ariel. Mande alguém, ele não morreu! Ele vai me matar!"

"Ariel, o que se passa? Estás em perigo?"

"Só mande alguém...!" Gritei.

"Quem é que—"

"O meu pai. E-ele...violência doméstica." Estava sem ar. "Esfaqueei-o....não morreu. Vem me matar, por favor, mande ajuda, por favor...

My Little Omega: Príncipe Da Lua [CONCLUÍDO/ EM REVISÃO] Onde histórias criam vida. Descubra agora