ARIEL MURPHY
Estava à frente da porta da sala de aula número 29 há mais de quinze segundos, indeciso de entrava no mesmo compartimento que de o professor de Química, do Tera, do Max e demais de dez rapazes.
Eu tenho medo.
Tenho medo dos olhares juízes do professor, dos olhares chateados do Tera e do Max, dos olhares repugnantes dos outros rapazes. Tenho medo de eles puderem fazer-me algum. Tenho medo até mesmo de eles pensarem e desejarem fazer-me algo nocivo.
"Ariel, qualquer coisa, eu estou aqui, sabe disso. É só mandar mensagem que eu saio da sala e vou ter com você!" Lembro-me das palavras reconfortantes e cismáticas de Kai. E as palavras afiadas do meu pai vieram logo atrás.
Lua, porque é que eu lhe contei?
"Ariel?" Olho para cima, com pavor, assim que ouço uma voz masculina na minha frente.
"P...Professor."
"O que aconteceu conti---"
Com medo da sua mão levantar-se para me agredir, entro na sala com rapidez, passando, sem fitar ninguém, pelo Tera e pelo Max.
Os seus olhares fixaram-se em mim até eu me sentar e deitar a minha cabeça nos braços, por cima da secretária. Sabia mesmo sem olhar.
Ouvia sussurros pela sala inteira. A turma falava toda de mim. Claro, não era normal verem alguém com a cara completa em arranhões já crostados e um nariz roxo.
Ciùin, ciùin, ciùin...
"Ariel?" A voz volta a soar maciça. Este tom de voz. Levanto a cabeça, no mesmo instante em que associo o timbre do meu pai àquele som. "Está tudo bem?" Era apenas o professor.
"Sim." Olho para o Tera e para a restante turma. Todos ainda com o olhar posicionados em mim. Mordi o lábio inferior e a minha respiração voltou a estar inconstante.
"Aconteceu alguma coisa para estares assim... Fisicamente?"
"N-Nada que eu queria falar."
Parem de olhar para mim, por favor.
Escrevo a lição redigida no quadro, a fim de me focar noutro objetivo, deixando a turma em segundo plano. Porém assusto-me quando percebo que a minha letra não era mais igual-- não estava mais perfeita-- estava desnivelada, aguçada nas verticais, bastante itálica. Nem eu mesmo entendia o que escrevia.
🌑🌒🌓🌔🌕🌖🌗🌘🌑
[20 minutos depois]
Apago as linhas de carvão do desenho, após passar com a caneta preta fina pelas linhas principais.
"Ariel, guarda isso."
Algo toca no meu ombro. Algo que desconhecia. Algo que podia ser nocivo. Algo que podia magoar. Fecho o caderno de desenhos, no mesmo instante em que o pensamento de os dedos rugosos do meu pai serem o algo nasce, e olho para o dono dos membros.
Professor.
"Toma o teste." Entrega-me quatro folhas com questões para responder e sai do meu campo de visão.
Um teste.
Leio a primeira pergunta, cotada com oito pontos: "No estudo dos combustíveis, o estudo dos gases torna-se também essencial dado que os combustíveis gasosos têm um papel importante no fornecimento de energia. O gás natural é composto em cerca de 95% de metano tendo na sua composição outros alcanos de massa molar baixa. Explica como se processa ligação química na molécula de metano tendo em conta a Teoria da Ligação de Valência."
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My Little Omega: Príncipe Da Lua [CONCLUÍDO/ EM REVISÃO]
RomantikAriel Murphy, um escocês de 16 anos, entra num colégio interno, pela primeira vez, devido ao seu talento no desporto. Quando entrou pelas portas da sua futura escola, o nervosismo notava-se, não sabia com se iria sair em frente da sua nova equipa de...