NARRADOR.
O céu estava de um amarelo mais escuro, o sol no horizonte ia descendo devagar. Logo a escuridão cobriria toda aquela cidade. As mãos no bolso se remexiam devagar, andava como se calculasse os passos para não fazer tanto barulho, mesmo que estivesse no meio da rua, o barulho lhe incomodava. Sentia as vibrações sob seus pés e um frio percorria a sua espinha. O trabalho havia acabado mais cedo, antes do sol se pôr, e isso era tudo que ele pedia quando chegava ao local.
Odiava a noite,odiava o escuro, odiava a sensação de vazio e medo que o mesmo trazia quandocaía de vez. Ouviu outros passos e vozes. Eram desconformes com o seu, e aquilolhe irritava. Sentiu o olho tremer um pouco ao ouvir uma risada. Não entendia oporquê daquele ambiente lhe tirar tanto do sério. Era como se o fizesse mal —mal ao ponto de fazê-lo querer vomitar.
— Risadas estúpidas.— A voz baixa soou e só ele pode escutar a si próprio.Levantou o capuz e abaixou a cabeça, indo mais rápido, até que viu o sol se irpor completo e a noite chegar. Engoliu em seco, vendo, então, o prédio quemorava. Passou correndo pela rua e ouviu uma buzina alta. Olhou de relance emoveu os dedos dentro do bolso por precaução. Estava intacto. Virou a cabeçapara trás, vendo um carro parado no meio da rua, e o motorista confuso sobrecomo havia desviado de bater naquela figura que olhava a cena.
— Olha por onde anda,garoto idiota. Eu poderia ter te matado! — Gritou com raiva. Um mínimo dobrar nos seus lábios surgiu.
— Quem dera vocêconseguisse me matar. No máximo, eu te mataria. — Sussurrou, enquanto seguiaseu caminho no prédio que morava.
Olhou o porteiro e deuum sorriso, que logo foi retribuído. Tirou ocapuz e se sentiu seguro por aquele lugar ser longe da escuridão lá de fora.Entrou no elevador e apertou o número 12. Lá dentro,suspirou quando a porta fechou e o aparelho, já de anos, que rangia, começou asubir. Então, pensou no carro que quase ohavia acertado e fechou os olhos, puxando o ar. Ele deveria tomarmais cuidado, mas não conseguia.
Asportas metálicas abriram e ele andou pelo corredor até ver o número 1203.Pegou suas chaves e passou seu sapato pelo tapete, que tinha um dedo bordado nomeio e uma sentença para que quem estivesse pisando lá, fosse embora. Entrou,deixando os sapatos na entrada, e seguiu atéa pequena sala, se sentando no sofá e espreguiçando. A luz lhe trazia confortoe olhou o local, vendo que estava arrumado do mesmo jeito que havia deixado.Mas, óbvio que estaria daquele jeito, ele morava sozinho.
Seus lábios formavamum bico e um assobio saía enquanto arrumava sua bolsa e tirava seu casaco. Maisum dia normal. Um dia sem muitos avanços na sua vida medíocre. Mas o assobio foi diminuindo quando viu a porta deum dos quartos aberta e franziu a sobrancelha. Com total certeza, ele tinhadeixado aquela porta fechada.
Seus olhos se tornaram daquele tom que odiava — aquele tom de vermelho. Aproximou-se devagar e seus dedos tremeram. Abriu a porta com um medo instalado no peito e olhou para dentro, perdendo o ar. Tinha alguém olhando seus livros em cima da mesma. Os dedos longos dele folheando as páginas fizeram sua respiração falhar. Ele moveu a mão, mas logo sentiu ela grudar na parede. Por mais que quisesse se soltar, era forte demais aquela pressão. Seus olhos moraram na figura que virou o rosto, fazendo-o ficar ofegante.
— Ah, Jeongguk, seus poderes ainda são extremamente fracos — A voz era um pouco maléfica e os olhos de tom lilás se contrastava com os vermelhos. — Mas eu não vim aqui pra te assustar. — O tom de voz mudou e o rosto tomou outro aspecto. — Então, você realmente possui olhos de coloração vermelha. É impressionante!
— Q-quem é você? — O olhava. Ele era um pouco mais alto. Os cabelos eram de uma cor cinza, grandes e caíam sobre os olhos. Ele usava uma camisa preta e uma calça larga de cor cinza também. Parecia ter sua idade e os braços tinham algumas marcas. Jeongguk sentiu um arrepio passar pelo corpo olhando os próprios braços. Eram iguais. Aquele garoto era, de algum modo, igual a ele.
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red eyes; taekook [c]
Fanfic[concluída] Numa Seoul dos dias atuais, pessoas com habilidades telepáticas, psicocinéticos e telecinéticas são mais comuns do que se imagina. Quando rumores de que existe um menino de olhos vermelhos começam a rodar pelas ruas da cidade, Kim Namjoo...