⚘. oito

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— Se eu fosse vivo, a gente teria se conhecido?

Olho para o céu estrelado acima de nós, enquanto estamos deitados em um tapete que forrei numa área mais isolada do quintal de minha casa para que pudéssemos conversar em paz.

No início eu me senti preocupada por estar sendo vigiada 24 horas por dia pelos olhos assustadores de um espírito masculino, mas agora que ele me deu uma mãozinha com os meus assuntos do coração e que se abriu sobre o que sente, parece que tê-lo ao meu lado não é exatamente um problema.

Jackson se tornou um amigo para mim de certa forma e, graças a ele, algumas coisas estão correndo muito bem em minha vida. Por isso, tive a brilhante ideia de passar uma parte do meu tempo livre no quintal a olhar as estrelas no céu, enquanto dividimos nossas dúvidas e aflições.

Eu não quero que ele se sinta mal por estar como está, afinal de contas, ele não tem culpa do que lhe aconteceu - pelo menos eu acho que não.

— Eu não sei — dou de ombros, tamborilando meus dedos da mão direita sobre a minha barriga — Se a gente tivesse se conhecido, seria apenas como duas pessoas que se encontraram por acaso na rua.

Ele me olha, possivelmente pensando sobre essa situação que lhe foi apresentada por mim. Por algum motivo que desconheço, tenho a leve impressão de que algumas das marcas que contornavam seus olhos desapareceram.

— Talvez tenha sido melhor assim — sorri torto, fazendo com que uma estranha sensação de desconfiança tome conta de mim.

Pergunto-me de repente se ele realmente não sabe de nada sobre sua morte. Tenho essa necessidade incontrolável de querer descobrir mais sobre ele, mas a única coisa que Jackson sabe é o mais triste e absoluto: nada.

— Se você fosse vivo e tivéssemos nos conhecido como amigos... — começo a dizer, sem tirar os meus olhos dos olhos dele —...como acha que estaríamos agora?

Ele sorri, desta vez com mais disposição, como se eu tivesse tocado num assunto que lhe interesse de verdade.

— Não sei — ele murmura, aparentemente se esforçando para não desviar o olhar — Talvez eu acabasse te chamando para sair.

Claro. A única coisa que lhe interessa de verdade é falar sobre sair com garotas.

— Ah — solto, sem ter ideia do que poderia dizer para deixar a conversa menos estranha — Legal.

— Nós poderíamos sair como amigos, e no seu aniversário, eu te compraria um cachorro — ele faz uma pausa, ainda sorrindo — e quando você visse o filhote, eu diria algo importante para você.

— O quê?

— É difícil dizer agora. Não faz sentido dizer, entende?

Assinto. Mesmo que meu desejo de saber o que ele iria me dizer esteja me consumindo por dentro. Odeio ficar curiosa.

Jackson está se tornando mais misterioso a cada minuto que passa e, a cada minuto que passa, sinto-me traída pelo universo por tê-lo encontrado diante de tais circunstâncias.

— Sehun parece ser um cara legal — ele muda de assunto.

— Uhum — solto, perdendo a empolgação para conversar — É por isso que as garotas amam ele.

Jackson revira os olhos, fazendo com que eu pareça uma perfeita idiota que está apaixonada pelo carinha popular.

— É — ele solta — É realmente uma pena que eu não esteja vivo.

Eu o encaro, rezando internamente para que ele conclua a frase sem me afogar em outro mar de perguntas sem respostas.

— Eu gostaria de poder tirar ele do trono.

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