⚘. catorze

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Sehun se aproxima tão rapidamente de nós que nem consigo arranjar tempo para escapar dele.

Yoongi permanece sentado ao meu lado, observando cada movimento mal calculado do inimigo de olho roxo. Estou começando a me sentir incomodada por Jackson não ter vindo conosco.

— O que você quer? — pergunto, num tom rude e sem educação.

Até porque, ele não merece receber a boa educação que recebi de meus pais. Não consigo enxergar Sehun como o garoto lindo e grande candidato a genro do médico mais conhecido da cidade. Depois do que fez comigo, só consigo pensar em quantas são as maneiras de matá-lo dolorosamente.

— Vim até aqui para te pedir desculpas pelo o que fiz — ele murmura, sentando-se ao meu outro lado.

O médium à minha mesa nada diz, ainda prestando atenção nos detalhes dessa aproximação desagradável.

O ar que percorre toda a extensão do refeitório não me cheira bem, e algo me diz que a culpa é toda do meu ex-crush.

— Desculpas?

— Sabe, eu achei que você não iria se importar, já que todas as garotas sempre correram atrás de mim e...

— Cale a boca — solto, com sangue nos olhos eu diria — Eu não sou as outras garotas e você não é tão especial a pondo de achar que o mundo inteiro está aos seus pés.

Os olhos dele vagueiam ao redor de nossa mesa, percebendo que há muitos olhares curiosos voltados na nossa direção.

— Fale mais baixo, por favor...

— Eu falo o quão alto eu quiser! — quase grito e, desta vez eu tenho certeza que todo mundo está nos olhando.

Ele fica de pé de repente, como se pudesse me dar um tapa por estar o desrespeitando na frente de tanta gente e, então Yoongi se levanta, entrando na minha frente e bloqueando a minha visão de um Sehun extremamente fora de controle.

— Eu vou contar até três — o médium começou — Você vai pegar a sua bundinha e se retirar daqui antes que eu termine, ou ...

— Ou o quê? — Sehun gritou, fazendo sua artéria do pescoço saltar.

— Acho que já é três.

Com uma força que eu não esperava que ele tivesse, Yoongi arremessa o ex-crush chatonildo sobre a mesa mais próxima da nossa. Mesmo diante de um momento de fúria, ele me parece absurdamente calmo e, lá no fundo, isso me assusta.

Alguns seguranças do hospital correm para separar os dois brigões e, do outro lado do refeitório, posso visualizar a imagem de meu pai, observando a cena toda com cara de quem está prestes a me dar uma bronca do tamanho dos céus.

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— Querida, nós não ligamos que você traga os seus amigos para cá, mas poderia fazer o favor de dizer a eles que isso é um hospital? — mamãe está furiosa, a raiva em seus olhos consegue superar àquela de quando ela me viu usando suas joias sem permissão há anos atrás.

Não fora exatamente a minha culpa, mas o crédito da briga recaiu sobre mim e, se não estou errada, todos vão comentar por aí que a filha do doutor Silva anda com marginais descontrolados.

— Eu já disse que um deles não é meu amigo. Ele é um garoto abusado que se atirou em mim e o outro me defendeu.

— O que te defendeu é seu amigo? — papai pergunta, num tom incrédulo.

— Ele é.

— Tem certeza que são amigos?

— Pai!

Em que mundo eu estaria se estivesse namorando com um garoto que vê espíritos e o futuro das pessoas como se fosse absolutamente normal? Além disso, eu não me sinto atraída por Yoongi. Ele é bonito e tem feições fofas, mas isso não me chama a atenção.

— Ela gosta do garoto que está em coma - meu pai sacode a cabeça, logo depois levando um tapa de minha mãe em sei ombro direito.

— Não perca o foco! Estamos ensinando ela a não andar com esse tipo de gente.

Mamãe sempre levara as suas broncas a sério, enquanto papai, sempre brincava a respeito de tudo. Ambos tinham jeitos diferentes de me ensinar o que é certo ou errado, mas eu sabia que independente da forma que eles me tratavam, eles só estavam correndo atrás do melhor para mim.

Ela se retira do escritório de papai pisando duro, como se estivesse revoltada demais com a minha escolha de amigos para continuar a conversar comigo sobre o assunto, enquanto papai se senta ao meu lado e tenta me reconfortar com um abraço apertado.

— Ela vai ficar mais calma depois... — ele sorri amigavelmente para mim — A propósito, aquele garoto em coma está na faculdade, como você o conhece?

Controlo os meus nervos para não tentar fugir desta sala como uma verdadeira criminosa faria. Não há como dizer para o meu pai que estou sendo seguida por um fantasma de um garoto lindíssimo que está em coma.

— Eu gostava dele — minto — Por isso pedi para não desligar os aparelhos... Não quero perder o garoto que eu gosto.

Eu sou uma bela atriz. A Globo não sabe o que está perdendo.

— Conversei com os pais dele e eles resolveram mudar de ideia — papai fala calmamente — Temos um prazo de dois meses, então... se ele acordar a tempo...

Assinto. Dois meses é tempo suficiente para eu ajudá-lo a resolver seus assuntos pendentes,certo?

— Rafa?

— Sim, papai?

Ele sorri para mim, como se estivesse com vergonha de me perguntar algo, mas relutantemente solta uma pérola: — Aquele rapaz que bateu mais, ele é seu namorado?

— Não! Claro que não!

Papai sacode a cabeça negativamente.

— É uma pena. Ele tem cara de genro.

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