Um Espírito Pervertido

⚘. treze

Papai me deixa sozinha no quarto hospitalar para encontrar um copo d'água para mim, uma vez que perdi o controle de minhas ações e quase desmaiei ao ver a imagem de Jackson deitado sobre a maca.

Saber que ele pode me conhecer de verdade, ao vivo e em cores, causou efeitos colaterais em mim que não esperei que fossem possíveis.

Se eu fosse normal e inteligente, não teria coragem de admitir que aquilo que senti por Sehun não chegou a fazer um terço do que estou sentindo por Jackson e, até que descubra o que isso significa, terei que me contentar em conviver com duas versões dele: a viva — que está em coma e sem expectativas de um possível despertar — e a espiritual — que me ronda por todos os lugares e não imagina que há uma segunda chance no fim do túnel.

— Tome — ouço meu pai dizer, entregando-me um copo de água com açúcar — Isso deve ajudar um pouco.

Bebo um gole da mistura famosa para acalmar e, em vez de me sentir mais tranquila, parece que fiquei até meio enjoada. Acho que devo adicionar isto à minha lista de coisas que odeio.

— Você conhece este rapaz?

Papai nunca se preocupou com as minhas companhias, na verdade, ele sempre acreditou que quanto mais amigos eu tivesse, mais clientes ele teria no futuro, entretanto, ele parece estar preocupado a respeito da minha possível conexão com o garoto em coma.

— Conheço... por altos — minto. Eu não sei o motivo de meu pai estar preocupado, então não posso dizer logo de cara que o conheço e, principalmente, que o motivo de conhecê-lo está relacionado a algo muito além do que as pessoas normais estão acostumados.

— Seria triste se vocês fossem amigos — papai parece triste ao citar tal possibilidade — Os pais dele estão pensando em desligar os aparelhos...

— O que você acha disso?

— Eu acho besteira. Este rapaz é jovem e tem ótimos sinais vitais... ele tem grandes chances de sair desse estado se tivermos esperança.

— É simples. Você é o médico. Você tem o poder de convencê-los a não fazerem isso.

— Por que está preocupada com ele?

Dou de ombros, fingindo que este assunto não tem tanta relevância na minha vida, mas depois de todo esse discurso salvador de vidas, duvido muito que meu pai acredite em minhas mentiras ou disfarces.

— Ele é humano, pai. Ele merece viver.

Minutos mais tarde, estou sentada à uma das mesas do refeitório do hospital, fazendo buscas na internet a respeito do nome "Jackson Wang". Encontro milhares de resultados de perfis das redes sociais com este nome e, na minha última tentativa, eu o vejo. Há uma foto de apresentação em que ele usa uma jaqueta preta de couro e seus cabelos estão platinados, em seu rosto um sorriso está estampado e, a imagem dele vivo e sorrindo é incrível.

— Encontrou ele? — ouço alguém dizer atrás de mim, fazendo com que eu me sobressalte.

Yoongi está segurando um pacote de biscoitos em uma das mãos e se senta ao meu lado, analisando a imagem de Jackson que está aberta na tela de meu celular.

— Ele era bonito, não é?

— É. Ele é bonito — o corrijo secamente.

Ele sorri torto, como se já imaginasse que fiz uma grande descoberta a respeito de meu amiguinho fantasma.

— Eu posso ver como ele é de verdade, sabe? — ele diz, ao que assinto em resposta, mesmo sem entender aonde ele quer chegar com isso — Vi como ele é realmente, sem as marcas que você pode ver; vi que ele estava desacordado sem previsão de alta em um hospital, e consegui visualizar como ele ficou neste estado... Eu gostaria de poder te contar muitas coisas a respeito dele, mas não posso.

— Por quê? — indago, sentindo-me levemente traída pelos dons dele.

— Existem coisas, Rafa — ele faz uma pausa e solta um profundo suspiro — Coisas que eu vi e que, se eu te contar o que sei, não vão acontecer.

Yoongi tem dois lados intrigantes de si mesmo, um sombrio — que lida com o sobrenatural como se fosse algo incrivelmente normal — e um lado adorável — que se dispõe a explicar as coisas para mim sem reclamar.

— Só posso te dizer uma coisa — ele revira os olhos, como se estivesse traindo a si mesmo de maneira relutante — Sehun vai te procurar para pedir desculpas.

— Como sabe disso? — levanto as sobrancelhas, impressionada com a extensão das habilidades dele.

— Porque ele está vindo na nossa direção, com o pulso enfaixado e um olho roxo... neste exato momento.

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Peço perdão pela demora para atualizar. Na verdade eu só estou revisando UEP e fazendo pequenas alterações.

Não sei se tem visto meus avisos, mas alguns dos meus livros entrarão em pausa, sendo assim, os únicos que receberão atualizações no primeiro momento serão:

A Quarta Rainha (Demolição); Vamos Matar O Amor; Um Espírito Pervertido; O Que Há Além das Montanhas; e O Filho do Goblin.