DERREN

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ESTE CAPITULO FICOU DIVIDIDO EM DUAS PARTES, O RESTO SERÁ LANÇADO ATÉ AO FINAL DESTE ANO.

O PRÓXIMO CAPITULO DITARÁ O FIM DA PRIMEIRA FASE/PARTE DESTE LIVRO. ESTE CAPITULO PODERÁ SER VISTO COMO UM EPILOGO DA PARTE QUE ENVOLVE O ANDREJ.


AINDA EM EDIÇÃO:

DERREN 

Algures em Winther

Derren resmungou, enquanto acordava de um repouso coagido. Recordava-se, claramente: primeiro escutara um sonido metálico, sucessivamente a sua nuca fora despedaçada por uma dor dilacerante e os seus sentidos dissolveram-se.

Tinha a audição a ser assediada por um zumbido intermitente. Permaneceu com a visão cerrada uns breves instantes, até a abrir com dificuldade e certa incapacidade em focá-la. Mal existia iluminação naquela divisão, onde quer que estivesse. Esfregou os olhos, tentando livrá-los da ténue sonolência que os constrangia.

Já acostumado à escuridão fitou os pulsos e os tornozelos, com uma curiosidade miúda a fervilhar dentro de si, devido a uma pressão que o incomodava nos respectivos locais. Deu por si amarrado, ganhando suores gélidos. Diante de si, em cima de um par degraus, estava uma porta metálica trancada, com pelo menos três fechaduras. Iria precisar das respectivas chaves.

Começou a tentar desenvencilhar-se, com as pontas livres dos dedos, do nó apertado da corda grossa que lhe acorrentava e magoava os pulsos. O apertão, inexplicavelmente forte, quase travava a corrente sanguínea das suas mãos, deixando-as quase dormentes. Praguejou de frustração e impotência. Apesar dos nervos, captou, através do canto do olho, um homem deitado e a ressonar. Tomou-o como o seu captor. Este estendia-se na sua cama improvisada: um lençol sujo, e parcialmente rasgado, colocado sobre o piso recheado de tufos de erva que por lá cresciam. Agasalhava-se num casaco longo e de couro e provavelmente tinha o interior revestido de lã, há semelhança do que Derren vestia. Usar outro tipo de vestimenta em Winther era um suicídio.

Como se metera nessa situação? Pensava. Ryan, a culpa era dele! Fora esse homem a dizer ao grupo de pseudo-militares quem ele era. Durante escassos momentos desejou ter a índole apodrecida do pai para, se se livrasse daquela situação, poder castigar o sujeito sem sentir remorsos. Considerava esse o seu grande defeito, na teoria não tinha problemas em fazer coisas que muitos considerariam condenáveis mas não as fazia devido a ter receio em lidar com a culpa.

Sobre o guarda adormecido nascia a única fonte de claridade da pequena divisão. Uma luz escassa trespassava a janela rectangular, cujo vidro estava totalmente embaciado.

Tinha que sair dali! Amaldiçoou os seus sentimentos por Alexa, gostava mesmo dela mas essa paixão colocara-o ali. Era imperativo impedir que alguém lhe pusesse as garras em cima, especialmente o pai. Se conseguisse escapar ileso sabia que ela seria severamente castigada pelo senhor Gregory. Não ele, ele nunca. Derren jamais era o alvo dos atos terríveis do senhor de Ferr, ele conhecia bem o filho que tinha. Sabia o quão bem ele suportava a dor, quando afligida a si. No entanto, quando era impingida àqueles que lhe eram chegados era uma história diferente.

- Um verdadeiro pastor está-se a borrifar para o conforto do gado. És meu filho, nasceste para governar, mesmo que não seja Ferr. Se te perderes a escutar os lamentos do povo tornar-te-ás um líder débil e manipulável. – Dizia-lhe, constantemente, o pai. Odiava-o tanto quanto a Cether odiara o calor. Gostava de ter a coragem para acabar com ele mas não tinha e mesmo que tivesse recusar-se-ia a cometer fratricídio, assassinar um familiar era um dos maiores crimes imagináveis. Jamais quereria o seu nome associado a um acto tão repulsivo.

- Um homem deve proteger a família, mesmo que esta não o mereça. - Ensinara-lhe Andrej.

Desesperado em sair dali, ponderou se arriscaria deixar o seu segredo exposto. Acabou por decidir que sim, temendo o que os seus captores lhe pudessem fazer. Ajoelhou-se, a frieza da pedra atravessou-lhe as calças de lã, infiltrando-se na sua carne. Tremeu, mordendo o lábio inferior, numa tentativa de ignorar o frio ao refugiar-se na dor que se auto-infligira. Cruzou as mãos enluvadas, murmurando baixinho, não queria acordar o guarda:

"Senhora que velais por mim,

Este servo fiel vos roga

Ajudai-me neste meu predicamento e

Para sempre terás toda a minha devoção! "

A Influencia aqueceu-lhe as entranhas, alastrando-se pelo seu corpo. Segundo as palavras de Dárius a Influencia manifestava-se de maneira distinta em cada um que a pudesse conjurar. O primeiro passo para dominar essa arte era descobrir o que era capaz de fazer e ele assim o fizera. Já detinha uma boa noção das suas limitações e em como a habilidade lhe daria jeito naquele momento. Começou por imaginar as cordas que o continham a serem despedaçadas, como se cortadas por uma faca invisível. A sua imaginação manifestou-se no ambiente real e o destino das amarras foi o mesmo que imaginara. Escutou-as a rasgarem-se, o que fizera algum alarido e temia que o guarda tivesse ouvido e despertado. Analisou o corpo, cuja caixa torácica subia e descia lentamente, continuava adormecido para seu grande alívio. Avistou uma coisa a brilhar, na cintura do homem corpulento: era uma argola metálica, onde haviam sido enroladas várias chaves do mesmo tamanho mas de formas distintas.

Ergueu-se, atacado por cãibras nas pernas devido a estar tanto tempo naquela posição anterior e amarrada. Abanou as mãos, ainda meio anestesiadas. Ganhou coragem e aproximou-se do sujeito, o mais silencioso possível, no intuito de lhe tirar as chaves e sair dali.



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