Quando Lillian e o príncipe começaram a dançar, Drica, com um gesto rápido, abriu seu leque e agitou o pulso, abanando-se. Nunca sentira tanta inveja na vida. Olhou para as duas filhas imprestáveis que tinha e mais uma vez se arrependeu de seus dois casamentos interrompidos. A vida era muito injusta. Mas ela ainda faria Lillian ter o que merecia. Ah, ela faria...
Enquanto isso, Layla, que estava em choque desde que Lillian aparecera no salão usando um vestido diferente do que ela vira, começava a olhar ansiosamente para os convidados. Quando enfim reencontrou sua família, que era composta apenas por sua mãe e seu irmão menor, caminhou até eles hesitantemente e engoliu em seco quando sua progenitora, Martha Allison, virou-se lentamente para ela segurando uma taça de vinho.
"Sempre disse que você não conseguiria, Layla. Mas seu pai está feliz. Ele sempre disse que lançar as mãos às armas era a melhor escolha", disse a mulher, que usava um vestido sereia vermelho-sangue.
"Foi só um contratempo, mãe. Arthur vai se casar comigo."
"Você está cega de amores por esse projeto de monarca. Olhe para aqueles dois dançando! Você acha mesmo que-".
"Acho não. Sei."
"Bem, querida, eu sinto muito. Seu pai está irredutível."
"Mas, mãe-".
"Não adianta, Layla", disse a mulher em tom autoritário, com um olhar de advertência. "Não é a mim que você precisa convencer."
"Senhorita", disse o guarda Viktor Alceu, aproximando-se da selecionada e estendendo-lhe a mão, "nós iniciaremos a próxima dança."
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Enquanto todos no salão observavam as selecionadas e o príncipe dançarem, a mídia acompanhava e registrava tudo que conseguia. Repórteres de várias revistas famosas faziam a cobertura do evento, registrando os vestidos, a decoração, a aparência da família real e, principalmente, a primeira dança do príncipe, e o evento estava sendo transmitido ao vivo por todas as emissoras de Illéa. Todos estavam efusivos, pois a selecionada com que ele dançava não estava na lista das 5 selecionadas que o público acreditava que seriam escolhidas para a Elite. Na verdade, os repórteres estavam efusivos com absolutamente tudo, pois aquela Seleção, a pedido da Família Real, estava acontecendo com a participação mínima da mídia. Apenas três vezes por semana era permitida a entrada de fotógrafos e jornalistas no palácio, mas isso não impedia as revistas e a população de criarem suas hipóteses e teorias sobre os rumos da Seleção.
Contudo, havia algo que ainda estava longe dos conhecimentos da mídia: os mais recentes ataques de rebeldes.
Desde que Maxon assumira o trono e abolira o sistema de castas, algumas parcelas da população, especialmente as que pertenciam às castas mais altas, passaram a protestar contra as medidas do governo através de manifestações em frente aos muros do castelo e de atos violentos, como o incêndio de propriedades pertencentes a ex-Seis em Bonita. A elite de Illéa não aceitou muito bem quando pessoas que antes pertenciam às Casta Seis, Sete e Oito começaram a ingressar nos Institutos Públicos de Educação Superior de Illéa, qualificando-se em profissões que antes pertenciam apenas aos Três, como o magistério. Alguns anos depois, um grupo rebelde que almejava a reinserção das castas começou a agir, sendo financiado por fazendeiros ricos que agora se viam ameaçados pelo crescimento da agricultura familiar e pela construção e doação de conjuntos habitacionais para famílias ex-Oito em terras do governo que antes eram arrendadas para grandes produtores rurais. Os ataques haviam se tornado cada vez mais frequentes nos últimos anos, mas agora quase não havia atentados contra a população. O grupo rebelde estava focado em atingir a realeza.
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O Vestido, o Baile e a Seleção [CONCLUÍDA]
FanficFANFIC DE "A SELEÇÃO" (Kiera Cass) E "CINDERELA" (Disney, 2015) "Desde que meu pai morreu, passei a ser tratada como uma criada pela minha madrasta e minhas irmãs, e agora não era mais considerada da família. Só uma servente. Fui rebaixada ao pont...