Diga ao povo que fico

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Minha estadia na ala hospitalar seria mais longa do que eu gostaria. O médico – um homem de 50 anos, com cabelos grisalhos e cálidos olhos castanhos – havia dito que eu só poderia deixar meu leito quando os pontos fossem retirados do meu pé, o que aconteceria dali a duas semanas. Além disso, uma fisioterapeuta viria todas as manhãs para me ajudar a fazer exercícios e alongamentos.

No café da manhã daquele dia, Joyce me contou sobre a repercussão do pronunciamento da Família Real. Segundo ela, a mídia estava fazendo o maior alarde em torno do ocorrido, e, embora toda a investigação estivesse ocorrendo em sigilo, havia todo tipo de teoria sendo espalhada. No pronunciamento, o rei Maxon havia alegado ter tudo sob controle e dito que o palácio estava em estado de alerta máximo, o que me fez pensar em como estaria sendo o dia a dia fora da ala hospitalar. O príncipe havia se encarregado de dizer a todos que as selecionadas estavam seguras, pois possuíam escolta pessoal permanente, e que a Seleção continuaria em seu curso, obedecendo às regras impostas.

"As famílias e os repórteres irão embora hoje, e as selecionadas que optarem por deixar a seleção, também", disse Joyce.

"A senhorita irá permanecer, não é, senhorita?", Julie indagou timidamente.

"Julie!", Lucia repreendeu.

"Desculpe, senhorita, é só que...", Julie murmurou.

"Não, não! Tudo bem, eu..." Fui interrompida por batidas educadas na porta. Lucia levantou-se da cadeira em que estava – elas haviam trazido cadeiras extras para o quarto – e foi atender à porta. Imediatamente, Julie e Joyce se aproximaram para arrumar minha camisola hospitalar. Judith havia inclinado minha cama para que eu ficasse sentada e pudesse interagir melhor com as visitas.

Enquanto Lucia abria a porta, encarei minhas bandagens e fiz uma careta. Elas haviam sido trocadas por Judith quando eu acordei, e eu pude ver o que havia por baixo. Minha pele estava cheia de bolhas amareladas, e os cremes aplicados sobre ela não deixavam a aparência melhor. Eu tinha queimaduras de segundo grau – Judith me dissera – na metade superior do antebraço e na metade inferior do braço e nos cotovelos, bem como nas pernas e nos pés. Além disso, havia ferimentos leves causados pelos cacos de vidro por todo o meu corpo. Minha cintura havia sido atingida por cacos de vidro, mas quase todos os ferimentos haviam sido superficiais. No entanto, um caco maior havia feito um belo estrago ao lado do meu umbigo, e eu tinha alguns pontos fechando a ferida.

"Lillian?", Alex chamou, entrando no quarto.

Olhei para ela, surpresa. Eu esperava que fosse o príncipe ou o médico novamente; e eu havia pensado em enviar uma missiva para minha amiga, convidando-a para uma visita, mas só faria isso após o almoço. De qualquer forma, aquela visita era uma ótima surpresa.

"Alex!", exclamei sorridente.

"Ah, sua louca, você tem noção do quanto me deixou preocupada?!", respondeu ela, vindo até mim e abraçando meu pescoço. Sufoquei um gemido.

"Eu planejava mandar notícias e exigir uma visita", falei quando ela me soltou.

"Muito lenta! Eu precisava te ver logo pra ter certeza de que você estava inteira, garota!"

Ops.

"Bem... inteira, inteira eu não estou...", falei hesitantemente.

"Como assim?!" Alex me encarou franzindo o cenho.

Comecei a explicar para ela sobre o que acontecera. Enquanto eu falava, ela franzia o cenho e encarava horrorizada meus pés cobertos pelo lençol e meus braços cheios de gaze. Quando eu terminei, ambas ficamos em silêncio. Alex parecia precisar de um tempo para absorver o que tinha escutado. No entanto, quando ela voltou os olhos para o meu rosto após um minuto, ainda tinha uma expressão incrédula.

O Vestido, o Baile e a Seleção [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora