NÃO É MENTIRA!
Tem capítulo novo, sim!
Eu tinha esquecido o inferno que era o primeiro dia da minha menstruação.
Depois que a cólica começou, não parou mais. O médico me receitou um analgésico específico, mas o remédio – segundo ele, o mais forte que poderia me dar naquele momento – demorou quase meia hora para fazer efeito. E mais meia hora pra parar de funcionar. Julie trouxe compressas quentes e uma almofada específica para colocar sob meus joelhos flexionados, de modo que eu ficasse com as coxas elevadas. Eu apenas aceitava tudo, enquanto gemia de dor, deixando escapar algumas lágrimas.
Cada hora durava algo em torno de cem anos, e eu podia jurar que já havíamos mudado de milênio quando enfim a dose do remédio pôde ser repetida. Depois disso, a dor realmente diminuiu até passar, e eu pude jantar sem passar mal. Depois disso, novo banho. Eu evitei me olhar no espelho, e tive a ajuda de Lucia para me vestir. Judith aplicou alguns cremes em minhas cicatrizes, depois deitei-me na cama e fui coberta por Joyce, que ficaria comigo naquela noite.
Depois que as outras duas criadas e Judith saíram, Joyce apagou as luzes, e eu fechei os olhos, permitindo que o sono viesse até mim. Fiquei pensando sobre todas as vezes em que eu ia me deitar no sótão da casa dos meus pais, o colchão fino, os lençóis surrados. Tudo parecia tão distante... Por um segundo, me permiti devanear e imaginar um mundo em que Arthur e eu pudéssemos ficar juntos. Onde não houvessem palácio, realeza, rebeldes nem madrastas. Eu conheceria ele por acaso quando estivesse passeando pela floresta, talvez ele estivesse dando água a seu cavalo num riacho quando eu me aproximasse com uma cesta de frutas recém colhidas. Nós nos cumprimentaríamos cordialmente e então começaríamos uma conversa boba sobre qualquer coisa, eu o ofereceria algumas frutas, e ele me agradeceria com um sorriso que – assim como todos os seus sorrisos – faria com que minhas pernas bambeassem. Quando ele fosse embora, eu ficaria pensando sobre aquele encontro durante o resto do dia até a hora em que me deitasse e dormisse. Na verdade, talvez eu sonhasse com ele também.
No meio desses devaneios, o cansaço dominou meu corpo, e eu adormeci.
_-*-_
"Senhorita, nós temos uma surpresa para você!", Julie disse, sorrindo amplamente, assim que eu terminei de tomar café.
"Como assim?", indaguei.
"A senhorita não poderá saber, mas terá que nos dar permissão de fazer tudo o que planejamos sem nos questionar!" a jovem criada declarou com uma expressão de seriedade divertida.
Olhei para Lucia e Joyce, que se aproximavam, em busca de alguma explicação, mas elas apenas sorriram para mim e se posicionaram ao lado de Julie esperando uma resposta.
"Vocês não podem me dar nem uma dica?", pedi.
"Não", Lucia sorriu.
"Se eu aceitar, posso voltar atrás depois?"
"De jeito nenhum", Julie riu.
"Isso parece ser um pacto com um demônio!"
"A senhorita só tem a ganhar!"
"Um demônio extremamente perigoso", murmurei em tom de brincadeira, fazendo com que Julie risse.
"Então, senhorita?" Lucia sorriu com satisfação.
"Tudo bem, vamos lá! Sou toda de vocês!"
Julie deu um gritinho e pulou de felicidade, então correu para a cama e tirou a bandeja de comida do meu colo. Enquanto ela saía pela porta, Joyce foi até o banheiro e voltou com uma maleta e dois vasilhames suspeitos, ao passo que Lucia pegava um banquinho e trazia para perto da cama. Então eu entendi exatamente o que elas estavam planejando.
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O Vestido, o Baile e a Seleção [CONCLUÍDA]
FanficFANFIC DE "A SELEÇÃO" (Kiera Cass) E "CINDERELA" (Disney, 2015) "Desde que meu pai morreu, passei a ser tratada como uma criada pela minha madrasta e minhas irmãs, e agora não era mais considerada da família. Só uma servente. Fui rebaixada ao pont...