One - The Beautiful Thief

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-Você poderia gemer um pouco mais baixo? Vai acabar acordando os vizinhos. -Disse enquanto empurrava Gerard contra a mesa.

Não era a primeira vez e provavelmente não seria a última em que transavamos durante um roubo.

A casa de um dos homens mais ricos da cidade estava vazia, tinha viajado com a família durante as "férias de verão" deixando um quarto espaçoso, bonito e muito caro vazio. O perigo era tão excitante, por que não aproveitar?

Ao final da nossa "seção" pedi para que Gerard se vestisse e terminei de colocar as coisas em nossas malas. Jóias, eletrônicos e cédulas de dinheiro. Levamos as malas para o carro e pegamos a estrada em direção à nosso esconderijo.

Enquanto dirigia olhei para o banco do passageiro: Gerard Way, um homem de 25 anos, cabelos negros contrastando com sua pele clara. O homem que eu poderia chamar de parceiro do crime e talvez até mesmo de ficante. Havíamos nos conhecido a cerca de 2 anos e desde então tudo o que sabia sobre ele é que era um homem muito misterioso e que sentia um leve prazer em roubar.

Sobre mim... Eu nem sei realmente como entrei nessa vida, quero dizer, eu era apenas um guitarrista em um buteco de esquina quando conheci Gerard. De repente estávamos roubando carteiras de bêbados, e então já estávamos assaltando casas das pessoas mais ricas da região. Eu não queria fazer aquilo para sempre, eu apenas roubaria até conseguir ter uma vida boa e tranquila. Até quem sabe um dia poder me casar com o cara que estava sentado ao meu lado.

Claro, nós transavamos às vezes (e por às vezes, me refiro a muitas vezes), mas era impossível saber o que se passava em sua cabeça, era impossível identificar qualquer sentimento vindo dele. Tudo o que sabia era que: Gerard Way jamais misturava amor e negócios. E eu, Frank Iero, era um negócio. Apenas um negócio.

2 anos atrás

Yeah it's cool I'll be ok'. As I felt your pain wash over me, so I dry your eyes and hide my shakes. Because I hate that look that's on your face. And this is not the end for us

Mais uma noite, mais uma música.

Fui para o balcão e pedi uma cerveja. Tinha completado a maioridade há um ano, a partir daí comecei a ganhar minha vida tocando à noite em bares. Um salário horrível e bebidas de graça.

Ainda assim, garanto que era bem melhor do que continuar a viver com minha mãe. Ela sempre enchia a cara e levava seus "namorados" para nossa casa. Nos últimos 2 anos aquilo havia piorado e ela era incapaz de passar 1 sequer minuto sóbria. Ela só gritava comigo e me batia, mas eu não a culpo. Depois da morte de meu pai ela ficou desolada e as coisas só passaram a dar cada vez mais errado. Eu não podia mais ficar naquela casa, eu não aguentava mais, porém eu ainda amava minha mãe e torcia para que talvez um dia ela voltasse ser a doce Linda que eu conheci.

Após terminar minha cerveja meu olhar se dirigiu a um homem de cabelos negros. Ele estava há alguns bancos de distância e bebia uma cerveja enquanto conversava com um cara mais velho que estava em sua frente. Não podia negar que ele era realmente muito bonito, mas o que me chamou mais atenção foram suas mãos. Enquanto uma segurava o copo de cerveja a outra ia delicadamente em direção ao bolso do casaco do homem a frente, pegando sua carteira.

Fiquei olhando por alguns minutos. A "vítima" parecia bêbada, porém era inegável que o ladrão tinha uma enorme habilidade em criar distrações e agir sem ser notado.

Ao perceber que eu estava o olhando o mais jovem andou até mim e se sentou ao meu lado em um banco vazio.

-Duas cervejas por favor! -Ele pediu ao cara das bebidas.

Eu me virei pra ele e o encarei por alguns segundos.

-Se quer roubar minha carteira escolheu o cara errado. Estou sem nenhum tostão no bolso.

-Você é o guitarrista não é? -Ele perguntou ignorando o fato de que eu sabia de seu pequeno furto.

-E você tem uma carteira roubada no bolso não é?-Falei desafiando.

-Se você é o guitarrista vai receber seu cachê uma hora...Não se vive somente de cerveja grátis. Quando receber o seu dinheiro quem sabe eu te roube. -Ele piscou e se levantou do banco se virando para ir embora. -A propósito, belo relógio.

Olhei para o meu pulso e percebi que meu relógio já não estava mais nele, era tarde demais. O ladrãozinho já tinha ido embora.

-Filho da Puta- Disse baixo.

The Ghost of You Onde histórias criam vida. Descubra agora