Three- Magic and Theft

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Depois daquele dia Gerard e eu começamos a sair para beber juntos e eventualmente para roubar os pobres bêbados também. Descobri que ele era fascinado por magia desde muito pequeno e por isso tinha desenvolvido uma técnica simplesmente incrível para agir sem ser visto.

-É como no ilusionismo,  você precisa fazer a pessoa se concentrar em algo e agir por onde ela não espera.-Ele disse enquanto fazia o famoso truque da moeda. -Ficaria surpreso ao saber o quanto mágica e roubo podem ser parecidos.

E assim o tempo foi se passando. Gerard foi me ensinando algumas técnicas enquanto ficávamos levemente bêbados depois de uma noite no bar. Em uma dessas noites eu percebi como Gerard era lindo, atraente e bem...gostoso. E foi também em uma dessas noites, na qual ele estava no meu apartamento me ensinando como roubar alguém que, devido a bebida, eu o empurrei contra a parede e o beijei. Foi um beijo quente e tudo acabou no meu quarto.

Após um tempo saindo juntos finalmente passamos para um plano maior do que pequenos furtos em bares. Roubos em festas chiques, casas de pessoas ricas e onde estávamos agora: na casa do homem mais rico da cidade. Antes que eu percebesse estava muito envolvido na coisa, e o pior é que eu gostava daquilo. Gostava da aventura, gostava do sexo, gostava dos roubos e do dinheiro. Mas acima de tudo, eu gostava de Gerard Way como nunca havia gostado de ninguém. Mas desde o começo ele tinha deixado bem claro o que queria:

-Somos parceiros do crime, e nada mais. Jamais misture sentimentos com negócios ou vai sair muito machucado.

Agora já estávamos em nosso esconderijo, o que na verdade era um outro nome para casa. Uma coisa que aprendi é que quando se vira um ladrão você precisa desapegar de certas coisas, entre elas uma vida normal, como uma pessoa normal. Fugir da polícia e passar 24 horas com medo de ser pego, isso faz com que você não tenha mais uma casa e sim um esconderijo.

-Vamos ver o que temos aqui. -Gerard disse jogando as malas em cima de nossa cama e as abrindo.

Eu fui para seu lado para olhar. Sem dúvidas o nosso roubo mais valioso e mais perigoso. Assim que aquele homem voltasse de viagem já não encontraria mais seu dinheiro ou as jóias de sua mulher no cofre, ele iria acionar a polícia e como um dos cidadãos mais ricos da cidade (sendo assim um dos mais importantes) a polícia daria prioridade no caso. Porém Gerard assegurou que não haveria problemas, sempre fomos muito bons e cuidadosos, nunca deixamos vestígios.

-Vou entrar em contato com o comprador das jóias amanhã. Mas por enquanto aqui está sua parte do dinheiro. -Ele disse colocando um punhado de dinheiro na minha frente. -Agora preciso sair.

E então ele pegou uma mala com a sua parte do dinheiro e se foi.

Na verdade aquilo sempre acontecia assim. Dividiamos toda a grana pela metade e cada um poderia fazer o que quisesse com ela. Porém ele sempre saia durante a noite com sua parte, e eu nem mesmo sabia para onde ia. Já tinha cansado de perguntar, mas ele só respondia que eram coisas pessoais e que eu não devia me meter.

Depois que ele saiu escondi as jóias no piso falso que ficava no guarda roupas, fui tomar um banho e me deitar. Algumas horas depois Gerard chegou e, como sempre fazia depois dessas "saídas",  abriu seu cofre e colocou algo lá dentro.

-Você nunca vai me contar o que tem aí? -Disse me virando para ele.

-Coisas minhas...-Ele disse fazendo uma pausa para trancar o cofre novamente antes de se virar para mim. -Você sabe que eu não gosto que se meta no que não é da sua conta. Acho melhor ficar longe disso.

Realmente Gerard Way tinha muitos mistérios e, mesmo depois de quase 2 anos, eu não fazia ideia do que se passava na mente sombria daquele homem. A única coisa que sabia era que naquele cofre com uma combinação de 6 números estava escondido algo muito importante, porém eu não me atreveria a provocar a raiva de Gerard Way. Não me atreveria mesmo.

The Ghost of You Onde histórias criam vida. Descubra agora