Six - Your Fault, Little Frankie

241 33 35
                                    

Flashback on

1 semana atrás

-Esse é Dallon Weekes, empresário e herdeiro de uma grande fortuna.  - Gerard disse mostrando a foto de um homem alto que aparentava ter a minha idade. - E ainda melhor: ele mora sozinho.

Estávamos analisando o perfil de nossa próxima "vítima", sempre fazíamos aquilo, durante uma semana estudavamos a vida de nossas vítimas, o mapa da casa e o ponto vulnerável da segurança.

Naquela semana haveriam dois assaltos: o da casa de Dallon seria o segundo, logo no fim da semana. Não era muito comum que roubassemos duas casas em um intervalo de tempo tão pequeno, pois isso nos deixava sujeitos a cometer pequenos deslizes, porém Gerard parecia não ouvir qualquer coisa que eu falasse, insistindo que iríamos seguir com aquele cronograma e ponto final.

Flashback Off

E era por esse motivo que o nome "Dallon Weekes" me soava tão familiar. E por isso eu sabia muito bem porque Gerard se encontrava na frente da casa daquele homem durante a madrugada. Provavelmente estava dando uma última "verificada" antes de invadir a casa. A jornalista havia dito que ele estava sem celular e carteira, porém eu bem sabia que ele não havia sido roubado, Way simplesmente não levava aquelas coisas para um assalto. Talvez os assaltantes tenham atirado ao perceber que ele não possuía nada de valor, mas na verdade quem realmente pode saber o que aconteceu?

Porém, havia uma certeza clara: eu deveria estar lá com Gerard.

Quando você forma uma dupla, você se acostuma a agir de uma certa maneira pois sabe que pode sempre contar com a ajuda de seu parceiro, porém naquele dia ele não tinha ninguém ao seu lado.  Isso só me levava a pensar que se eu estivesse lá tudo poderia ter sido diferente.

Não estava preparado para perder alguém que eu amava tanto, principalmente sabendo que a culpa de tudo aquilo não era de ninguém, além de mim mesmo.

Mas não seria a primeira vez não é mesmo? Talvez Linda estivesse certa: todos os que se aproximam de mim sofrem.

Flashback on

5 anos atrás


-Seu aniversário de 16 está quase chegando, Garoto. - Meu pai disse durante o jantar.

-Já decidiu o que vai querer de presente, bebê? -Linda falou enquanto se servia com mais um pouco de suco.

Ri devido ao apelido. Mesmo com quase 16 anos, minha mãe ainda insistia em me chamar de bebê.

-Eu... - Fiz uma pausa enquanto pensava se era aquele o presente que eu realmente queria. -Eu quero uma guitarra.

Meu pai sorriu ao ouvir meu pedido. Sempre fora um grande fã de rock, eu tinha certeza que amaria me ver tocando alguma música dos Beatles, ou quem sabe do Bob Dylan.

Uma pena que ele nunca me veria tocando sequer uma música. Aquela foi nossa última conversa antes do fatídico dia.

No dia seguinte ao da conversa meu pai ligou para minha mãe, disse que ia chegar tarde pois comprou uma guitarra com um amigo e iria pegar a noite quando estivesse voltando do trabalho. Afinal "pra que esperar o dia do aniversário se ele já pode começar a treinar agora?"

Ele nunca chegou a pegar minha guitarra. Durante o caminho um caminhão em alta velocidade avançou no sinal vermelho indo ao encontro do carro diretamente do lado do motorista. O carro ficou irreconhecível.

Flashback off

Eu sabia porque meu pai tinha pegado um caminho diferente, eu havia ouvido a conversa. Mas na minha mente, preferia acreditar que a culpa não havia sido minha ou do meu presente idiota, preferia pensar que as coisas simplesmente aconteciam como deveriam acontecer. E esse pensamento prevaleceria, se não fosse por minha mãe.

Todas as vezes que ela me chamava de bebê, nunca pensei que sentiria tanta falta. A bebida a transformou em uma mulher completamente diferente e, embora tivesse raiva do meu pai e das dívidas de jogo que ele nos deixou, eu sei que ela no fundo o amava e queria que ele ainda estivesse vivo.

Todo dia, quando tinha chances,  ela me batia e eu não conseguia revidar ou fugir, porque apesar de tudo ela era minha mãe e eu queria vê-la bem. Sempre que podia, ela jogava na minha cara que eu havia matado meu pai, que eu era uma pessoa horrível e que trazia azar a todos ao meu redor. Aquilo me machucava e, conforme o tempo foi passando, eu realmente comecei a acreditar que a culpa era minha.

Mas no fundo, Linda tinha razão: eu realmente era uma pessoa horrível, a culpa de tudo aquilo era minha e eu trazia azar as pessoas perto de mim. Todos ao meu redor sofriam e a culpa era minha.

Gerard era só mais uma prova disso.

Eu era tão podre que por minha culpa a pessoa que mais amava estava em um hospital em estado crítico. Eu era tão egoísta que deixei Gerard e fui embora de nossa casa. Eu era tão horrível que, mesmo sabendo de todos os perigos, deixei Way continuar com aquilo sozinho.

Se tinha uma pessoa que realmente merecia o sofrimento, a dor e a morte, aquela pessoa definitivamente era eu.

Se eu não quisesse ferrar com a vida de mais ninguém, eu teria que dar um jeito na minha própria.

The Ghost of You Onde histórias criam vida. Descubra agora