Capítulo 25🌙Ilusão

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Nota Inicial: Meninas mil desculpas mas estou com problemas aqui e sem internet por tempo indeterminado. Mas para compensá-las, aqui estão alguns capítulos...

Boa leitura ♥

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“Agora fica aí sentado […] e contempla as terras onde o mal e o desespero hão de acometer os que me entregaste. Pois ousaste escarnecer-me e puseste em dúvida o poder de Melkor, Mestre dos destinos de Arda.”
Os filhos de Húrin
de J. R. R. Tolkien (1919)

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Ela levantou a cabeça e encarou as grades de aço da cela. Uma dor descomunal passeava pela sua cabeça, descia pela nuca e atacava sua coluna com uma brutalidade terrível. Sua visão, debilmente turva, alcançou o teto de pedra e o chão arenoso e hostil. Havia um odor pungente vindo com o vento quente, que entrava pelos poucos buracos que havia na parede, e alguns raios frios de uma lua outonal adentrava. Ela se sentou, passando as mãos na nuca e gemendo um pouco. O vestido estava em farrapos, sua pele manchada de fuligem e gracha, e seus cabelos desgrenhados. Atrás de seus olhos doía e sua boca estava tão seca quanto a areia do chão.

Através das grades havia uma sala grande com paredes iluminadas. O piso era brilhoso, como o aço encantado das armaduras élficas, e havia três grandiosas rocas de fiar no canto esquerdo da sala. No outro lado, uma mesa de carvalho escuro reluzia através da luz da lua, e as portas de ferro estavam fechadas.

Elas sempre estavam.

Encolheu-se o máximo que pôde, juntando as pernas e abraçando-as. Colocando o queixo sobre os joelhos e respirou fundo. Mesmo com toda aquela grandiosidade em sua frente, o único acesso de comida que ela tinha era o da fina fenda na rocha, por onde passava a bandeja de ferro. Estava ali ainda – um pedaço de pão duro e água. Aquela visão fazia seu estômago doer e suas mãos começaram a tremer. Estava velha, cansada e magra. Seu rosto abatido foi oculto pelas suas mãos e ela sugou o ar para não chorar.

Espero que ela esteja bem. Viva!, ao menos.

Ah, ela está!

Levou um susto ao ouvir aquela voz. Pensou que alguém havia entrado na sala, mas não foi isso. Ao contrário, não havia ninguém ali, além dela.

Com uma voz labutante, questionou: — Quem está aí?

Um vento soprou pelas janelas de ferro, e os papéis que se empilhavam na mesa, voaram.

Aí, depende de quem você chama.

Aquela voz não era humana. E não élfica. Mas estava ali.... E aquilo a assustava.

— Não pode ser alguém que viste nesta terra? — Ela inclinou o corpo na direção das grades. Os fachos de luz lunar pareciam dançar em sua frente. Voltou, assustada, para o canto que se encolheu e mordeu a boca.

— Não! Não podes! — Respondeu a Voz, novamente, cantarolando uma melodia fria e noturna através do lugar impetuo.

— Quem és então? — Através de suas palavras, ela estremecia e suava. Seus cabelos balançaram com um vento frio soprado do norte.

— Alguém com quem deve conversar enquanto ficar aqui. — A Voz entoou um cântico adocicado e aquilo a fez se lembrar de casa. Lágrimas escorreram dos olhos dela. — Pelo menos até os elfos descobrirem a verdade. Pelo menos, hás de ver, Aranel, Filha da Lamentação, Rainha da Floresta Branca, vinde aqui, busca-te-ei.

Lua de Cristal - Ela é do Príncipe - Vol.3 - CONCUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora