Capítulo 18🌙Primeira lembrança

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Nota inicial: O capítulo anterior foi curtinho... Esse ta bem grande...

Boa leitura ♥

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Os cidadãos do reino encantado têm uma qualidade suprema em comum – a da determinação.
Fadas [Seres Encantados],
de Gertrude M. Faulding (1913)

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Aranel saltou do alto do galho em direção ao chão, muito abaixo. As folhas que balançavam e caíam, junto com ela, estavam amareladas e vermelhas. O outono havia chegado.

Seus pés tocaram a casca grossa das árvores, e deslizaram pela estrutura até o chão. Ouvia-se os clarins e as trompas dos elfos caçadores, e os incessantes murmúrios dos seios da floresta. Estava escuro, mais que o normal, e as trevas que subiam pelos ares - através do solo -, pareciam uivar ao seu passar. Apesar da pouca iluminação, a clareira era aberta para um amplo espaço sem árvores e um pequeno riacho cortava o vale. Ela ficava longe das águas do Rio Encantado – longe da região que o Rio corria. Ela desceu e quanto mais próximo ao solo verde, mais ela sentia a espada tremer em sua mão. Aprendera a lidar com muitas coisas, exceto o brilho mágico do ferro élfico. Nel pousou, suavemente no chão, e ficou parada. A Silmagrûn luzindo em sua mão, vibrando e a atordoando. Ela respirou fundo, captando os sons que vinham da mata, e esperou.

Ela torceu o nariz quando um odor fétido passou perto dela e saltou para o lado, e se pôs perto da árvore. O lobo farejava seu cheiro e seu grande pelo negro rastejava em suas patas. Ele passou, ruidosamente, ao seu lado, sem notá-la.

Se ele não fosse tão grande, eu a empurraria. Aranel sorriu ao ouvir a reclamação da árvore. Ela se esgueirou pelo tronco e viu o lobo farejando o ar e o chão, andando em volta e rosnando. Brandindo maldições. — Creio que essa não seja uma posição confortável. resmungou a árvore Mas, mesmo assim, seu perfume é agradável.

Aranel sorriu mais uma vez e se afastou - apenas um passo. Ela olhou para cima, vendo as folhas caindo pelos ares como chamas bruxuleantes, e respirou fundo. Preciso saltar. Ela segurou a espada com mais força e se preparou para dar um pulo. Pegou impulso e saltou. Através dos galhos, ela ouviu as trombetas mais altas e os clarins cada vez mais intensos, mas o lobo ainda estava ali. Nel desceu e a espada estava com a ponta para baixo, e cravou-se no chão com força. Ela jogou os cabelos para trás e olhou para o lobo. Ele rosnou e se apoiou nas patas, e uivou.

A elfa puxou a espada e atacou o enorme animal, com um sorriso terrível nos lábios.

Então, ao ouvir os uivos, os outros lobos responderam. Era um som alto, quase insuportável, carregado de maldade e terror; do fundo de seus pelos proeminentes, de sua pele rija e suas feições pavorosas, Nel percebeu que eram os Wargs. Não eram lobos de verdade, e sim, híbridos de pura maldade. Os uivos ficaram mais altos em questão de minutos, e logo o odor fétido de hálitos apodrecidos se intensificou na campina. Aranel olhou para os sete wargs que haviam chegado e a estavam cercando, e trincou o maxilar. Eles latiram e rosnaram, suas bocas escorrendo um líquido viscoso e branco; de olhos pálidos, eles a encararam.

Nel engoliu em seco e suspirou.

São muitos. Resmungou a árvore atrás dela. — Devo chamar ajuda? perguntou e Nel sentiu suas raízes tremendo na terra sob seus pés.

A elfa assentiu.

A árvore ficou calada e o lobo que a encarava mais perto, piscou.

— Devia ter vergonha de tremer diante dos wargs, elfa! — a voz dele era pesada, fria e cheia de terror. Um chiado saía do fundo de sua garganta. — Não parece tão hábil..., agora...

Lua de Cristal - Ela é do Príncipe - Vol.3 - CONCUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora