Capítulo 29🌙Antigas alianças, grandes significados

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Nota inicial:

Boa leitura ♥

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Esses Subterrâneos têm Controvérsias, Dúvidas, Disputas, Contentar e Imparcialidade.
A comunidade secreta,
– de Robert Kirk e Andrew Lang (1893)

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Ele sabia o quanto aquilo era importante. Sabia o quanto significou para Silmalótë, mas agora poderia usá-las para selar uma paz inquebrável. Ele podia fazer isso, para o bem de todos, algo incomum entre os reinos que foram inimigos mortais no passado.

Suspirou, pegando sua taça de vinho e bebendo um longo gole. Ficou quieto, observando o sol deslizar no céu em direção ao oeste. As árvores cintilavam sob os raios do dia, brilhando numa ilusão de estrelas vermelhas e laranjas em um céu amadeirado – do outro lado do mundo. Foi naquela estação que ele a conheceu...

Ele parou em sua frente e sorriu. Ela cruzou os braços.

— Estou com pressa! — Estava séria e com seu belo rosto com uma expressão irritada.

O príncipe deu um passo na direção dela, examinando cada parte daquele rosto ímpio e perfeito, e sorriu. Ela franziu as sobrancelhas.

— Deixe-me passar! — Ela avançou em sua direção, forçando a deixá-la sair, mas ele ergueu a mão e balançou a cabeça. — Vou matá-lo se não fizer isso!

O elfo ergueu uma sobrancelha. — Sabe quem sou eu? — A voz dele saiu provocante. — Para me dizer algo assim?

Ela bufou. Aquele jeito era irresistível. Seus olhos azuis o encaram, nada contentes.

— Sei. — Respondeu, firme. — Você é Thranduil. Filho de Oropher. Príncipe da grande Floresta Verde.

Thranduil abaixou as mãos que a impediam de sair e sorriu. — Você é esperta e nem um pouco inteligente.

A elfa o encarou, vermelha de raiva. Suas mãos seguraram o punhal com força e ela o atacou. O príncipe desviou do primeiro golpe, segurou a lâmina dela e a puxou, desarmando-a. Ela saltou para trás e caiu de pé. Thranduil girou a faca entre os dedos.

— Seu pai não te ensinou que não se deve ameaçar um futuro rei? — Ele questionou, sorrindo de modo irritante.

A elfa deu um sorriso cruel. — Eu não o temo, príncipe Thranduil. — Ela se inclinou e seus olhos brilharam de modo frio e ameaçador. — Se quiser me prender, tudo bem. Não sou eu que vou ter de explicar ao Rei porque a filha de seu general foi parar na prisão.

Thranduil apontou a faca para ela. — Você é voraz. — disse — Eu gosto disso!

Os pés dela vacilaram. Ela engoliu em seco e se afastou. — Pode ficar com a faca. — disse — Posso acabar com você com minhas próprias mãos.

O elfo suspirou e colocou as mãos para trás. — Faça isso. — autorizou, dando um sorriso cínico. — E verás sucumbir.

Ela deu uma gargalhada e deu de ombros. — Eu adoraria ficar mas... Tenho um jantar. — ela começou a correr pela Estrada da Floresta.

— Espero vê-la outra vez. — Ele ergueu a voz.

Ela já estava longe quando respondeu: — Eu não!

Ele sorriu.

O rei suspirou, bebendo mais um gole do vinho e apoiou-se nos joelhos. Fechou os olhos com força, tentava não chorar. Sempre tentou esquecer o quanto ela foi perfeita, generosa, luxuriante. O quanto ela foi decadente e maravilhosa. O quanto ela foi única. Ela era sua música – a única, dentre todas as outras, que conseguiu conquistá-lo, que conseguiu seu coração. Ela foi seu único amor. Ela era seu único amor. Mas ele a perdeu. Ela foi tomada dele de forma cruel e feroz, ele mal pôde se despedir. Ele ainda não engolia o fato de não tê-la mais, e aquilo o tornou amargo. Indiferente. Rigoroso. Ele detestava aquele sentimento. Ele se detestava. Caiu em deserpero, engolindo a saliva como se fossem farpas monstruosas, e sacudiu a cabeça. Estava vulnerável, trêmulo e ridículo. Aquelas eram lembranças que nunca o deixaram em paz – acontecimentos de uma vida que ele não desfrutou. Ela fora embora cedo demais, bela demais... Jovem demais. E tudo aquilo o deixou frio e pedregoso por dentro, no entanto, mais rude. Seu olhar era indecifrável, suas palavras pouco esboçavam sentimentos e ele mal conseguia sorrir com frequência. Ele era como um diamante por dentro – gelado, duro e perigoso. Raro. Thranduil arfou, sentindo o peso da coroa curvar-se sobre ele novamente. Tão distante era a Terra Abençoada que chegava a ser tolisse sonhar com ela. Ele ficaria ali pois merecia cada treva que se curvava em sua frente.

Lua de Cristal - Ela é do Príncipe - Vol.3 - CONCUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora