Capítulo 2 🌙 Fantasias

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Nota inicial: Eeehh! Mais um capítulo! Ansiosas? Eu estou!

Boa leitura ♥

🌙

Eu levantei meu olhar para encarar a grande lua. Estava cheia, maior do que eu esperava, brilhando uma luz prateada cintilante, cheia de mistérios antigos. Olhei em volta, através do curto e sinuoso caminho até a margem do lago e me sentei ali, curvando-me sobre meu corpo e chorei. A água gelada bateu contra a ponta dos meus sapatos, e a barra do meu vestido. Um vento forte soprou e eu não queria saber de nada além de chorar.

Chorei por não conseguir saber quem eu era, quem eu fui, e quem eu poderia ser. Chorei por não me lembrar de nada antes de acordar na floresta, resfriada e com fome, dura da cabeça aos pés, e cheia de dores. Chorei por desconhecer minha própria essência; meu próprio ser. Sabia que não era uma mulher mortal, pois tinha habilidades mais apuradas que as outras pessoas – como audição, por exemplo. Mas o que eu era? Não seria uma elfa, pois a senhora Ruby disse que elfos tem orelhas pontudas e as minhas eram redondas – desreguladas, mas redondas. Anã? Uma jovem hobbit? Não! Alta demais. Eu não conseguia encontrar meu lugar no mundo, e isso me endurecia, me quebrava, me esmagava como uma grande rocha. E meu coração parecia cercado por uma tempestade terrível, pois eu o sentia inquieto a todo tempo.

Não existia paz para mim. Talvez eu não tivesse lugar no mundo. E não entender o porquê disso, acabava comigo. Afogava-me. Dilacerava-me. Era uma dor desconhecida, constante e terrível. Era cruel! Eu só desejava saber sobre mim mesma, e, tudo que eu recebia em troca era um coração sangrando, uma cabeça quente, um corpo endurecido, e uma mente conturbada de perguntas, que, creio eu, jamais serão respondidas.

Engoli em seco, e limpei o rosto, levantando o olhar para a água cintilante do lago.

Por que choras, pequena? — questionou a voz firme e poderosa, que vinha de cima, da Lua.

Por um momento, acreditei estar maluca, mas descobri que a Lua era uma ótima – e uma péssima – companhia.

Olhei para cima e encarei o astro, em seu esplendor noturno. Funguei e respirei fundo, antes de dizer qualquer coisa.

— Se eu estou fazendo algo errado — disse, num tom baixo. —, será que, você pode me dizer o que é? — eu abaixei a cabeça e limpei uma lágrima. — Por que eu já tentei.... tentei de tudo!, e não consigo... não consigo lembrar! — voltei a encarar a Lua, séria. Ela não me respondeu por um bom tempo. Então, gritei: — Você me colocou aqui, assim! — respirei fundo e abaixei o tom de voz. — O mínimo que você podia fazer é me dizer! — senti minha garganta arranhar e suspirei. — Me dizer “porquê”?

A Lua não respondeu. Seu cristal explêndido reluziu em prata e eu encondi o rosto entre as pernas, novamente, e chorei.

Você é mais forte do que imagina. — a voz da Lua sibilou no meu ouvido. Parecia que estava ao meu lado, e eu ergui o olhar para o céu.

— Duvido disso. — disse, vagamente. Limpando parte das lágrimas.

Não devia. — advertiu a voz. Era poderosa, intensa, forte, masculina e bela. — Sabe por que você se chama "Aranel"?

Neguei, com meu olhar fixo na água do lago.

Estrela do rei. — a voz cantou — Você é tão forte quanto as estrelas de Varda. Nunca duvide disso.

Lua de Cristal - Ela é do Príncipe - Vol.3 - CONCUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora