Capítulo 37🌙Ultimato e o fim do inimigo/Parte 2

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Nota inicial:

Boa leitura♥

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Sempre haverá (lá) algum novo mal muito pior do que elfos e homens imaginam.
Os filhos de Húrin
– de J. R. R. Tolkien (1919)

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PARTE II

Rubel se arrastava pelo chão e uma trilha de sangue seguia suas pernas. Seu rosto estava desfigurado pelos golpes furiosos de Eáránë – sangue cascateava de sua boca, testa e olhos. Suas bochechas inchadas estavam roxas e negras, e seu nariz estava comicamente quebrado e ensanguentado. Sua perna pendia de um lado como se estivesse quebrada, e seus dedos das mãos sangravam de forma vertiginosa. Ele gemia em um canto na rocha fria quando Aranel chegou ao salão e viu Eáránë de pé, frente a frente com ele, e segurando a lança com força.

Um estrondo na porta tirou o silêncio do lugar e o portão de ferro tombou. Legolas e Laura entraram com os arcos em punho e preparados para atirar. Eles se olharam e sorriram um para o outro. Nel sentiu seu peito mais leve ao vê-lo completamente intacto.

— O que tem a dizer agora, senhor Baltter? — interrogou Laura, abaixando o arco e se aproximando do homem.

— Acho que nada. — disse Nel — Ele não é tão forte quanto seus pais foram. Eu esperava uma luta melhor. — Ela embainhou a espada.

— Concordo com a minha esposa — Legolas disse e abaixou o arco em seguida — e minha rainha.

Porém, Rubel começou a gargalhar e o chão estremeceu. A voz rouca dele encheu o salão e as sombras saíram de seu esconderijo e permearam os elfos.

— Vocês não fazem ideia de com quem estão lidando. — Ele grunhiu, cuspindo sangue e saliva.

Aranel se curvou para frente, sentindo como se um martelo batesse em sua cabeça com tal fúria que seria capaz de derrubar um dragão. Ela pôs as mãos na cabeça e gritou; seus órgãos se controrciam dentro de si e ela teve a nauseante vontade de vomitar. Tudo girava em sua volta e ela podia ver pontos de luz pipocando na escuridão de seus olhos fechados. Lágrimas queimavam dentro dela e sentiu sangue na boca, enquanto caía de joelhos e se contorcia de dor.  Nel sentiu uma faca atravessar seu rosto e seus braços, então, violentamente, sangue quente começou a escorrer e pingar no chão. Aquela risada não parada de ecoar em sua mente, e aquilo parecia piorar tudo – controlar tudo. A rainha se inclinou, cedendo a dor insuportável que sentia, e contudo sua respiração foi ficando cada vez mais pesada e obstruída. Sua cabeça latejava. Uma queimação começou em sua garganta, depois fogo parecia querer sair de dentro de sua cavidade torácica. Tudo queimava, mas então a queimação pareceu ser substituída por uma agulha fria e longa. Aranel mordeu a língua de tanta dor e medo que sentia naquele momento – medo de não voltar para casa, de não abraçar seus filhos mais uma vez, de não beijar seu marido outra vez. A agulha desceu rasgando todos os órgãos que ela possuía e uma dor gelada subiu por seus dedos dos pés e mãos até sua cabeça. Aranel beijou o chão frio e se contorceu mais uma vez, gritando o mais forte possível, mas sua voz havia sumido. Sua visão ficou turva, ela viu estrelas, e então, veio a escuridão.

Porém, apesar de tudo que passou, ela ainda estava consciente. Aranel estremecia, receosa de ter sido vítima de um assasinato brutal, mas não! Ela era Aranel Vellenmar, filha de Silmalótë. Filha de Aranrossë. Ela era a Rainha da Floresta Branca. Ela enfrentou orcs, lobos, gigantes, trolls e bruxos, enfrentou inimigos em potencial, enfrentou a fúria de sua mãe e a ira incontrolável do destino. Ela era a elfa que sobrevivera muitos acontecimentos e ainda sim, resistia, persistia, vivia. Ela era uma Rainha Élfica. Ela era uma elfa, mas acima de tudo, ela era ela. E ela não caía facilmente.

Lua de Cristal - Ela é do Príncipe - Vol.3 - CONCUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora