Capítulo 34

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Olívia

- O que? - perguntei quase gritando - Não pode ser, eu tomo remédio, deve ter se enganado!

- Anticoncepcionais falham Olívia, não são métodos cem por cento confiáveis. - o médico respondeu. 

- Meu Deus. - sussurrei.

- Olívia você vai ser mãe! - Cristine quase gritou - Tenho certeza que vai ser bom, vai ficar tudo bem, logo vamos embora desse lugar e podemos recomeçar.

Eu não sabia o que pensar ou como reagir a isso. Eu estava grávida. Como assim grávida? Não planejamos, sempre tomei cuidado para não esquecer o maldito remédio. Eu não sabia como ele tava, se estava vivo, se realmente iríamos ficar bem, uma criança no meio disso, no meio desse caos, só iria sofrer, como sofremos.

- Quanto tempo? - perguntei ao médico.

- Três semanas. - ele olhou para a porta assim que ouvimos uma batida. - já volto!

Fiquei em silêncio olhando para a porta enquanto o médico conversava com alguém, parecia estar flutuando. Aquela notícia não poderia ter vindo em pior momento. Eu só queria ele aqui, pra me dizer que tudo ficaria bem, que ficaríamos bem. Estava com medo e assustada. 

- Olívia, fica calma, ele vai adorar quando souber que vai ser pai, tenho certeza disso. - Cristine percebeu meu pânico.

- Se ele ainda estiver vivo, você viu a casa pegando fogo. - virei o rosto a encarando.

- Ele tá vivo! - ela respondeu rápido.

- Desculpe, Olívia tem uma delegada aqui, ela quer te fazer algumas perguntas. Tudo bem? - o médico perguntou ainda na porta.

-Claro, tudo bem. - respondi meio confusa.

Ele abriu a porta e uma mulher de estatura alta, de pele negra, os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, ainda assim dava para perceber que eram curtos, talvez na altura do ombro, quando soltos. Uma mulher bonita, muito bem vestida. Parou perto de mim, ao lado de Cristine, com uma caneta e um bloquinho de notas em mão.

- Olívia como se sente? - sua voz era firme e confiante.

- Me sinto bem, obrigada. - franzi a testa a encarando.

- Eu vou ser breve, me chamo  Andréia Vicente, venho investigado as ações criminosas de John Gilbert e Augusto Blossom. Conhece esses nomes? 

- Sim, meu pai e pai de Christian. Mas você já sabe disso.

- Eu sei, sei também que você soube sobre as atividades dele recentemente através de seu romance com Christian. Então fique tranquila, não correrá riscos de ser presa. 

- Por que você está aqui? - perguntei tentando me sentar.

- Onde está seu namorado? 

- Eu não sei, tivemos um confronto, os traficantes nos atacaram, queriam matar ele, eu fui baleada e graças a ele e nossos amigos, estou aqui. Eu não tenho notícias dele.

- Tudo bem. Vamos encontra-lo. - ela anotou alguma coisa no caderninho, enquanto eu sentia um frio na barriga.

- Achei que o delegado Pedro Brito estivesse conduzindo essa investigação. - falei a encarando.

- Não está mais. Ele foi retirado do caso, por motivos óbvio. - ela deu um pequeno sorriso.

- Mas ele estava lá, Christian que chamou a polícia, ele entregou as provas, vocês não podem prende-lo. - sentia os olhos lacrimejando. 

- Ele ainda está la, a partir de hoje aquela favela vai mudar. Enfim, precisamos prender alguém, alguém culpado. Ele é culpado Olívia, independentemente de seus sentimentos por ele, ele estava fazendo o que o pai dele e seu pai faziam, ele fez isso por um ano. Não é inocente. Ele vai precisar de um advogado.

- Espera, mas ele colaborou com a policia. - Cristine protestou.

- Então a pena dele cai um pouco, ainda assim, ele é culpado. Enfim, se tiverem escondendo ele, vão ser consideradas cúmplices. - ela fechou o caderninho - Obrigada pela ajuda!

Observei Cristine sair primeiro, sendo seguida pelo médico e a delegada que me encarou antes de fechar a porta. Dei um longo suspiro fechando os olhos, aquilo não podia estar acontecendo, ele não podia ir preso. Aquela delegada era durona demais, ela iria conseguir fazer o que Pedro sempre teve a chance e nunca fez, meu filho iria nascer e crescer com o pai preso. 

- Não, Deus, eu te imploro, não deixe ele ser preso.

Olhei para a porta ao ouvir a voz de Cristine alterada, ela não podia estar brigando com uma delegada. Só iria complicar as coisas ainda mais. Me sentei na cama com um pouco de dificuldade, sentindo uma dor fisgar em meu ombro. Meu coração acelerou ao ouvir a voz dele, não podia ser, eu devia estar alucinando, ele não podia estar aqui. Abaixei a cabeça ouvindo sua voz, baixa, mas era ele, estava praticamente implorando, estava aqui, a alguns metros de distância, e eu não conseguia nem me sentar direito. "Só me deixe ver ela, por favor." Foi o que ele disse, meu Deus, claro que as coisas poderiam piorar, ainda assim sentia um certo alívio por ouvir sua voz, por saber que estava vivo. 

- Christian! - tentei gritar, mas seria impossível gritar alto o suficiente pra ele ouvir. - Estou aqui,  meu amor!

Não consegui segurar as lágrimas, eu queria gritar, correr até ele e impedir que eles o levassem. Já tinha sofrido tanto, passado por tanta merda e agora isso. Nossos próprios pais, acabaram com nossas vidas. Com a vida do nosso filho. Levei a mão até a barriga, olhando para a mesma, eu não sabia o que fazer. 

- Droga! - Cristine entrou no quarto com o celular nas mãos.

- Ele tava aqui? - perguntei sem levantar a cabeça.

- Desculpe. - ela sentou na beirada da cama - Ele veio, em uma péssima hora. 

- O que vamos fazer? - a encarei.

- Vou ligar para a melhor advogada que eu conheço, vamos tirar ele de lá o mais rápido do que imagina. Eu prometo.

- Contou pra ele? - perguntei sobre a gravidez.

- Não, eu acho que é você quem tem que contar. - ela segurou minha mão - Vai dar tudo certo cunhada. 

- Com licença. - o médico entrou no quarto com alguns papeis em mãos - Vou te dar alta Olívia.

- Pra onde a gente vai? - perguntei lembrando que nem roupas tínhamos mais.

- Pedro vai levar a gente pra casa dele. 

- Ótimo, preciso que você comece seu pré natal logo, não se esqueça de se cuidar. - ele entregou os papéis para Cristine. - Seu retorno já está marcado. Se cuidem!

- Obrigada Doutor! 

Olhei para Cristine e passei as mãos no rosto, limpando as lágrimas. Eu precisava ser forte, por ele, por mim e pelo nosso filho. Não adianta chorar, iríamos dar a volta por cima. Eu precisava ter fé. A dor pode ser sufocante as vezes, mas se não tivermos esperança, do que adianta viver?

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Beijão ♥✔

Não Queira Me Conhecer - Heranças De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora