Capítulo 24

29 10 8
                                    

Olívia

Me sentia tão vulnerável, tão pequena. Era como se tivesse vivido uma cena de filme e agora tudo parecia tão estranho, como se aquilo não tivesse acontecido. Christian estava paranóico, havia cercado a casa de homens armados e as ordens eram para que Marcão e jujuba não deixassem ninguém entrar no morro. Eu precisava contar a ele tudo que aquele homem havia me dito, o problema é que não sabia como dizer aquilo sem deixa-lo ainda mais paranóico. Dei um pequeno sorriso o vendo entrar no quarto com uma bandeja nas mãos. Me sentei na cama puxando o cobertor, eu podia ver a preocupação em seus olhos. 

- Aposto que está com fome. - ele falou se sentando na beirada da cama e colocando a bandeja em minhas pernas.

- Estou sim, obrigada. - tentei sorrir. 

- Olívia, eles te machucaram? 

- Não, não fizeram nada comigo. - Dei um longo suspiro encarando a panqueca em minha frente. - Preciso te contar algo.

- O que? - perguntou me encarando.

- A pessoa que mandou me sequestrar, sabia quem eu sou, uma Bloosom, ele nos quer fora daqui, quer que você deixe o morro. Isso foi um aviso.

- Você o viu?

- Vi, ele estava usando uma máscara, mas, eu posso jurar que conheço aquela voz, eu só não sei quem pode ser. Chris, ele não tá brincando. Por favor, vamos embora desse lugar, não posso te perder, temos dinheiro suficiente pra sair do País. - Falei sem parar sentindo o medo na voz.

- Calma, meu amor. Você não vai me perder, eu prometo. - ele pegou minha mão. - Vamos embora sim, mas somente depois que eu acabar com tudo isso, Já marquei com Pedro, amanhã vamos até a casa dele. 

- Christian... - sussurrei o encarando. 

- Confie em mim Olívia, vamos conseguir libertar essas pessoas. Eu tenho uma leve impressão que a pessoa que te sequestrou, matou nossos pais. - ele confessou.

- Mesmo? - meu medo só podia aumentar a cada segundo, se fosse a mesma pessoa, então estávamos muito encrencados. - Ele me deu um mês pra te convencer, se não, vai te matar e me deixar viva, pra sofrer com... a culpa.

- Antes desse prazo vencer estaremos longe, eu prometo. - ele sustentou o olhar no meu. - Confia em mim?

- Eu confio.

Eu estava sendo sincera, confiava até demais nele, era a única pessoa que eu tinha, a única que me fazia sentir segura e amada de verdade. O problema era que estávamos lidando com um suposto assassino, um daqueles que sabe oque está fazendo, que está em todas as partes mesmo sem estar de fato, e era isso que me deixava preocupada. Eu tinha minhas próprias teorias e desconfianças, mas por enquanto era melhor deixar somente em minha cabeça, ele ainda não estava pronto para ouvir coisas que talvez nem fossem reais, e estivessem apenas na minha cabeça perturbada.

- Eu vou tentar mudar algumas coisas para não te deixar sozinha, mas, eu ainda preciso que saiba se proteger. - sua voz me fez largar a comida e o encarar novamente. 

- O que quer dizer com isso? - perguntei mesmo sabendo qual seria a resposta.

- Vou te ensinar a atirar.

- Tem certeza? 

- Você precisa. - Ele respondeu rápido até demais.

***

O observei enquanto conversava com o rapaz da academia, uma que fica na esquina de casa, claro que ele não pretendia me levar pra longe, eu não me sentia muito segura em carregar uma arma, mas se isso fosse trazer a ele um pouco mais de paz, eu faria. Olhei em volta, percebendo o quanto aquele lugar era extremamente grande, quem olha por fora, não dá nada por ela, mas por dentro, era realmente linda. No salão principal, haviam vários e vários aparelhos de musculação, era bem organizada, e tudo novo, de primeira linha. Mais a frente, depois dos aparelhos, havia um ringue, perfeito, com cordas ao redor, só faltou as arquibancadas e a platéia. Era realmente um lugar impressionante. Claro que era apenas isso, mais a frente, havia uma porta, imaginei que fosse o escritório dele, mas quando a porta se abriu, me deparei com um estande de tiro, eu nunca estive em um antes, então não tinha como dizer se era tão bom quanto os outros. Era um espaço considerável, haviam seis pequenas cabines, cada uma com uma espécie de bancada, bem na frente de todas um alvo, uma distancia bem considerável, eu com certeza iria errar aquele alvo, dado pela distância. 

Não Queira Me Conhecer - Heranças De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora