Capítulo 6

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Olívia


- Eu sinto muito, Srta. Bloosom.
Nós fizemos o possível para conseguir estabilizar o caso... - A enfermeira trajada com jaleco branco tentava encontrar as palavras certas.

Senti a garganta doer pelo nó que se formava na mesma, queria gritar. Mas eu simplesmente não sabia como agir. Como reagir. Já sentiu como se em algum momento tudo parecesse parar? Eu estava prestes a afundar. E dessa vez, talvez não conseguisse mais voltar a superfície.

- C-como?!... o que está tentando dizer? Eu n-não... Não posso perdê-lo... por favor... Por favor!!

Meu tom de voz era entrecortado, queria chorar, mas parecia que até mesmo as minhas lágrimas haviam sido congeladas com o tempo.
Maldito tempo.

- Eu sinto muito, acho que o melhor que tem a fazer agora é aproveitar os últimos dias... - Limpou a garganta - Talvez... as últimas horas com ele.
O efeito dos calmantes já está passando, ele está acordado, perguntou por você...

***

- O que vai querer pro café da manhã, hum? Que tal um... chocolate quente?

Perguntei dando um meio sorriso, Lorenzo estava sentado no sofá da sala, alguns travesseiros a sua volta, nós havíamos acabado de acordar.
Sua pele estava mais pálida do que o normal, e seus grandes olhos castanhos mais fundos do que todos os outros dias.
Dei alguns passos em sua direção, parei próxima a ele, me agachando em sua frente.
Levei minha mão até seu rosto, pegando em seu queixo.
Seu olhar grudou no meu, as olheiras marcavam a pele abaixo dos seus olhos.

- Enzo, você está bem? - Ele puxou ar quase como se estivesse fazendo grande esforço, e mexeu a cabeça em um aceno positivo, um pequeno sorriso desenhou seus lábios, marcando as covinhas em sua bochecha.
Minha mão foi até sua testa, conferindo sua temperatura.

- Você se parece com ela... o jeito como se preocupa comigo... - Seu tom de voz era calmo, pronunciava as palavras pausadamente. - Olívia, eu sinto muito por tudo que estou te fazendo passar...

Me sentei ao seu lado no sofá, arquiando uma das sobrancelhas, tentando entender oque estava tentando dizer.

- Você sabe que eu não me importo... Lorenzo, você é a única pessoa que eu tenho agora... somos nós dois contra o resto do mundo, não? - Sorri sem mostrar os dentes, ele o fez também, virando a cabeça para me encarar. - Você não está me fazendo passar por nada... Você é meu Robin, e eu sou o Batman.

- Não... Olívia, eu sou o Batman. - Ele sorriu novamente, com certa dificuldade. De qualquer forma, eu não podia deixar de admirar seu sorriso. Ele raramente sorria nos últimos meses.

- Tudo bem... oque eu estou querendo dizer é que você é a manteiga do meu pão! - Franziu a testa, seu rosto enrubesceu.

- Quem ainda diz isso? - Perguntou em um tom de ironia.

- Bem... Eu! - Sorri - Eu amo você, e prometo que tudo isso vai acabar logo... - Dei um beijo em sua testa, e me afastei para encarar seu rosto magro.

- Você é tão melosa as vezes... - Franzi a testa.

- Ow... se não disser que me ama também, agora mesmo, vou me sentir profundamente magoada. - Usei um tom dramático, como se estivesse magoada. Ele revirou os olhos, dando um pequeno suspiro.

Não Queira Me Conhecer - Heranças De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora