Capítulo 15

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Christian


Não consegui pregar o olho a noite inteira. Havia passado o resto do dia ontem sem ânimo, Olívia tentou de todas as formas me animar, todas falharam. Tive que dar uma saída com Dan, o que me deixou ainda mais zangado, ele sabia de tudo e nunca pensou em me dizer, mesmo depois da morte do meu pai.
Agora eu só conseguia pensar em como minha vida não tinha sentido, em como minha existência era desnecessária. Se nem meus pais, as pessoas que me deram a vida, me amavam, quem iria amar? Eu era apenas um meio, uma ponte entre as pessoas que precisam de dinheiro e o dinheiro. Apenas isso. Se eu estou triste? Estou. A dor chega ser insuportável, a sensação de ser rejeitado e de saber que nunca serei amado chega a passar dos limites.

- Christian? - Marcão entrou na casa.

- Tô aqui na cozinha. - Gritei

- E aí? - Ele falou se sentando em um dos bancos no balcão. - Dan disse que você estava estranho ontem. O que tá pegando?

- Sabia que minha mãe está viva? - perguntei a ele diretamente.

- O que? Tá bêbado uma hora dessa? Ainda são seis da manhã cara! - ele falou, parecia tão surpreso e confuso quanto eu.

- Não estou bêbado, Marcão, Olívia encontrou um diário do Jonh com várias cartas dela, estava muito bem escondido. Ela tá viva, pelo que parece mora fora do Brasil. Eu o odeio por ter escondido isso de mim, ele não tinha o direito.

- Meu Deus, Chris, nem sei o que dizer cara! Talvez Gilbert tava apenas te protegendo, não queria que sofresse, sei lá.

- Quem decide isso sou eu, já sou bem grandinho pra decidir pelo que vou sofrer ou não. Eu o odeio. Me odeio por ter feito tudo isso só para ter a aprovação de alguém que não estava nem aí pra mim.

- Não fala assim cara, eu entendo que esteja magoado, eu te conheço desde criança, mas você vai superar. Vai atrás dela?

- Não, eu não vou atrás dela. Eu fui o filho abandonado, ela deveria ter vindo atrás de mim, deveria ter me levado dessa vida, desse lugar. Sabe o que eu quero?

- O que? - Ele me encarava pensativo.

- Eu quero ferrar com tudo que ele construiu, quero esse morro livre de tudo isso. - Coloquei os pratos com panquecas na mesa e uma jarra de suco.

- Quando vamos fazer isso? - ele sorriu.

- Eu vou dar um jeito, primeiro quero ter certeza de que você, Carla e o Gabriel vão ficar bem, e longe desse lugar. Você não tem passagem pela polícia, e seu rosto não está sendo procurado, quero que continue assim, Dan não pode saber, ele nunca vai nos ajudar. Não quero meu afilhado vivendo como nós vivemos Marcão, as pessoas desse morro precisam de Paz.

- Tudo bem, vamos fazer isso. Mas eu preciso que me garanta que vai fugir, e vai levar ela com você.

- Eu prometo! Pedro vai me ajudar! - Falei me sentando e olhando para a porta, ao ver Olívia entrar.

- Pedro vai ajudar em quê? - Ela parou erguendo uma sobrancelha. - Bom dia meninos!

- Bom dia Olívia. - Marcão respondeu pegando uma panqueca. - Como está sendo a experiência de morar com esse aí?

- Bom dia Olívia. - Respondi a encarando.

- Não é tão ruim assim, ele me alimenta bem. - Ela sorriu se sentando. - Como você tá Chris?

Não Queira Me Conhecer - Heranças De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora