Capítulo 21

30 12 9
                                    

Christian

- Tá de brincadeira? - gritei olhando para Dan e sua "emergência". - Desde quando briga de bar é uma emergência Dan?

- Quando tem morte, sim. - ele falou tranquilamente. - Gilbert, você precisa se envolver mais com os problemas da comunidade!

- Primeiro: meu nome é Christian! - O encarei - E segundo: Não, esse tipo de coisa eu não tenho que me envolver. Se ta querendo me fazer a voltar ser como antes, ta perdendo seu tempo, agora eu só faço os serviços que meu pai fazia. 

- Christian, dá pra parar de dar piti? 

Sorri me afastando da cena grotesca a minha frente, não estava acreditando que ele tinha me feito sair cedo de casa, só para aquilo. Era realmente inacreditável até mesmo para alguém que já tinha visto de tudo naquela favela. Parei perto do carro me virando ao ouvir seus passos atrás de mim.

- Me poupe Dan, to cansado disso. - semicerrei os olhos. - Fala a verdade!

- A verdade é que você não faz nada, desde que levou aquela garota pra morar em casa, o que ta acontecendo? - ele falou por fim.

- Eu com certeza faço, mas acho que não precisa de muitos detalhes! - Sorri - Eu to feliz, Dan, quero ter uma vida normal, com ela. Consegue entender? 

- Mas você não é normal, você é o chefe de uma quadrilha agora, essa é sua herança.

- Que merda de herança Dan? - coloquei as mãos na cintura o encarando. - Eu quero viver!

- Sua herança de sangue, passou de seu pai para você e se quiser ficar com aquela garota, saiba que estará a colocando em perigo. Pense nisso!

- Eu não posso me afastar dela.

- Então nomeie outra pessoa para ficar no seu lugar e vá embora com ela! 

Desviei o olhar para as pessoas ali naquele bar, eu não poderia colocar outra pessoa no meu lugar, aquelas pessoas mereciam a liberdade, liberdade daquele esquema de corrupção que existia ali, e somente eu poderia fazer isso. Dei um pequeno sorriso me virando e abrindo a porta do carro, antes de entrar virei o rosto para encarar aquele homem a minha frente, talvez eu não o conhecesse como pensava.

- Vou fazer isso! 

Um sorriso surgiu em seus lábios no mesmo instante, o que me fez querer questionar tal motivo, talvez ele quisesse ser o indicado, e se fosse colocar na mesa, ele seria a pessoa certa pra isso. Mas claro que eu já tinha meus próprios planos. Agora a unica coisa que eu realmente queria era ferrar tudo que meu pai havia construído e se para isso tivesse que trair Dan, que fosse! Entrei no carro e olhei para ele, que fez um sinal de negativo com a cabeça e em seguida passou na frente do carro, parou do lado do carona e bateu no vidro, destravei a porta e o mesmo entrou batendo a porta.

- Preciso de carona. - ele disse sorrindo.

- Vamos lá! - falei acelerando.

***

Depois de algumas quadras estava em frente casa, mal parei o carro e já saltei, deixando o mesmo ligado, sem ao menos me dar o trabalho de puxar o freio de mão. A cena que estava vendo não era nada comum, Marcão parecia tentar acalmar Carla e Maria segurava um copo. Corri ate eles sentindo o coração acelerar, não estava vendo Olívia ali, o que me deixava ainda mais nervoso. 

- O que aconteceu? - perguntei antes mesmo de chegar até eles.

- Christian calma - Marcão falou indo em minha direção.

- O que? Cadê Olívia? - Perguntei passando por eles.

- Chris, espera!

Ele gritou me seguindo, entrei na casa ignorando Maria que me olhava assustada, meu coração estava ainda mais acelerado. Eu tinha certeza que havia acontecido, só não sabia o que.

- Olívia? - gritei entrando no escritório.

- Ela não ta aqui! - Marcão falou em minhas costas.

- O que? Marcão para de enrolar... - eu sentia minhas forças indo embora.

- Eu te liguei várias vezes, porque não atendeu? - ele começou.

- Eu não ouvi. Cadê ela? 

- Eu não sei, Carla veio vê-la e então me ligou desesperada... 

Passei por ele indo até Carla, que parecia mais calma, eu não queria saber de enrolação, queria saber onde estava ela.

- Carla, me fala... - pedi.

- Eu não sei o que aconteceu, estávamos conversando, então alguém tocou a campainha e ela foi atender a porta, tudo ficou em silencio então ela gritou dizendo que já voltava, quando a porta bateu eu corri, dois caras usando máscaras a levaram. Eu corri para tentar ver a placa, mas estava tampada. 

- O que... Quem... - fechei os olhos sentindo meu corpo flutuar.

Flutuar em uma funda piscina de ódio.

- Chris... Eu não sabia o que fazer... - ela começou

- Você não tem culpa. - falei desviando o olhar para Dan. - Reúna os homens, eu quero cada pedra dessa favela removida, cada casa vasculhada, e quando eu encontrar quem a levou, vou matar com as minhas próprias mãos. 

- Vamos fazer isso! - Dan falou tirando o celular do bolso e se afastando.

Apenas confirmei com a cabeça, olhei para os lados, tentando pensar em algo, mas a verdade era que eu estava em pânico total. Eu podia sentir o ódio acompanhado da culpa. Dan estava certo, eu estava colocando ela em perigo, eu a coloquei em perigo. 

- Chris... - Marcão colocou a mão em meu ombro. - você ta bem?

- Não, Marcão, a culpa é minha, quem a levou, ta fazendo isso pra me afetar. 

- Então vamos achar eles, salvar ela e matar os culpados. 

O encarei pensativo, eu tinha varias alternativas, mas ele estava mais que certo, precisávamos agir, encontra-la, o mais rápido possível. Eu ia fazer o inferno na terra, ou melhor, iria fazer dessa favela um verdadeiro inferno. 

- Ligue pro Jujuba, ninguém tem permissão de sair ou entrar. Eles não saíram daqui, isso eu tenho certeza. 

- Certo!

- Carla, vá pra casa, e se caso ela aparecer ou se você souber de qualquer coisa, me liga.- ela confirmou pensativa. 

Saquei a arma da cintura e conferi se estava carregada, dei um longo suspiro tentando mandar pra longe o pensamento de que talvez ela já estivesse morta, ou pior, longe da favela. 

- Tá feito! - Marcão anunciou guardando o celular. - E agora?

- Agora vamos agir e você vem comigo! - falei indo em direção ao carro.

- Christian? - Dan gritou guardando o celular. - Onde você vai?

- Vou encontrar minha namorada e matar quem a levou, estarei atento ao celular, lidere os homens, eu vou com Marcão!

Não esperei resposta, apenas bati a porta do carro e esperei Marcão, em seguida acelerei o carro antes mesmo que ele pudesse fechar a porta, o fazendo com o carro já em movimento. Não queria conversar, e acredito que Marcão já havia percebido isso, pois se concentrou apenas no celular e em manter contato com jujuba o os homens da entrada do morro. Eu iria vasculhar cada centímetro daquele lugar, não existia uma pessoa melhor que eu pra isso, nem Dan conhecia aquele lugar melhor que eu. Se ela ainda estivesse ali eu a encontraria.  Ninguém iria tirar aquela mulher de mim, ninguém iria acabar com a felicidade que depois de toda a vida eu havia encontrado e se eu precisasse matar pra isso, que fosse. 

________________🎭________________

Se está gostando da história não esqueça de votar e deixar aquele comentário gostoso de ler. Críticas construtivas serão sempre bem vindas!
Beijão ♥✔

Não Queira Me Conhecer - Heranças De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora