Capítulo 20

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Olívia


Sorri ao entrar na cozinha e ver panquecas e café na mesa. Ele havia saído cedo, Dan ligou dizendo ter uma emergência, eu não podia nem imaginar o tipo de emergência.
Me sentia tão feliz, não devia ter resistido tanto a ele, deveria ter me entregado antes, agora tudo que eu pensava era em seu corpo suado sobre o meu. Seu beijo doce e suas mãos alisando cada centímetro de minha pele. Tudo parecia tão diferente agora, me sentia feliz em meio ao caos total que eram as nossas vidas. A falta que sentia da minha família estava ali, viva, intacta, cada dia maior, só que agora era mais fácil, tinha com quem dividir, então, com certeza seria mais fácil superar o fato de toda minha vida ter sido uma mentira, em partes. Os olhos de minha mãe ainda me assombravam a noite, e as ultimas palavras de Enzo me faziam ser mais fortes todas as manhãs, a unica coisa que havia mudado era a admiração e respeito que sentia por meu pai, ele eu nem sei mais quem era, e pra ser bem sincera, não me interessa mais. A unica coisa que importa é daqui pra frente, eu e Christian, o homem que eu amo e que me faz sentir amada, e segura. 

- Maria em que posso te ajudar? - perguntei me levantando e colocando as louças sujas na pia.

- Não precisa se incomodar Senhorita. - Ela respondeu sem ao menos me olhar. 

- Olívia - Falei com um pequeno sorriso - Tudo bem, estou no escritório, qualquer coisa pode me chamar.

Ela apenas sorriu então segui diretamente para o escritório, mas antes que pudesse adentrar ali, a campainha tocou, me fazendo dar meia volta e ir checar. Ao abrir a porta sou tomada pelo sorriso radiante de Carla.

- Carla! - Falei sorrindo e retribuindo ao seu abraço - Que surpresa boa.

- Eu estava sem nada para fazer, então resolvi vim te ver. - ela falou enquanto entrava.

- Onde está Gabriel? - A encarei assim que fechei a porta.

- Ficou com a babá. - ela sorriu - Mães também precisam de folgas!

- Bom saber disso. - sorri indo em direção aos sofás - Vem, senta aí, quer beber alguma coisa?

- Não quero nada não, obrigada. - ela se sentou me encarando. - Então... estão pensando em filhos?

- Não! - quase gritei - An, quero dizer, não. Christian não quer ter filhos aqui e eu ainda só tenho dezoito anos.

- Entendi, e você está certinha meu amor, filho é bom, mas, é muita responsabilidade. Gabriel nos fez crescer muito.

- Então, como conheceu Marcão e se meteu em tudo isso? - sorri.

- Bom, a história foi a seguinte. - ela deu um pequeno sorriso. - Eu morava em Santa Catarina, meu pai não era rico como o seu, mas tinha algum dinheiro, nós não tínhamos uma boa convivência, então decidi vir para cá, tentar algo novo, não sei. Eu apenas vim, só que morava no complexo do Alemão. Já ouviu falar?

- Sim, já sim, Chris chegou a comentar isso, que você morava lá antes. 

- Isso, eu trabalhava em um posto de gasolina la dentro, então um belo dia Christian e Marcão invadiram a favela procurando briga, eles sempre procuravam brigas, pra irritar o pai dele. - ela sorriu. - Então nesse dia, eles passaram no posto e abasteceram o carro, enquanto toda a favela estava procurando por eles, foi ai que os conheci, depois disso, Marcão ficou indo lá, até me fazer vim pra cá. Fim.

- Nossa, essa é uma bela história de amor. - sorri.

- Com certeza. Então, você mudou muito nosso pequeno Chris... - ela começou.

- Mudei? 

Ela abriu a boca para dizer algo mas foi interrompida pela campainha. Revirei os olhos então levantei, indo até a porta. Tentei imaginar quem seria, já que não recebíamos muitas visitas. Abri a porta e nesse momento senti todo meu corpo gelar, eu não conseguia falar muito menos correr. Havia um cara com uma espécie de máscara, impedindo que pudesse ver seu rosto, com uma arma apontada diretamente para mim, em plena luz do dia. 

- Calada! - ele falou com uma voz abafada. - Invente qualquer coisa e saia, ou quem estiver aí com você,morre!

- Carla, já volto! - Gritei já saindo e fechando a porta atrás de mim. 

- O que? - ela gritou.

O cara segurou meu braço e me arrastou ate um Honda Civic prata, que já estava com a porta aberta, ele me jogou ali e entrou fechando a porta, nesse momento vi Carla sair correndo. Meu coração acelerou, eu poderia não voltar viva e minha mente foi toda voltada a ele, eu nunca mais o veria e eu não podia imaginar o quanto iria sofrer, de novo. Me joguei no mesmo instante para cima do cara e a unica coisa que me veio em mente foi gritar.

- Socorro, Carla! Socorro!

- Olívia! 

Carla gritou correndo atrás do carro, enquanto o mesmo se afastava em toda velocidade. O cara me empurrou de volta, me fazendo sentar no banco do carro, eu só conseguia sentir o panico crescer dentro de mim. 

- O que querem comigo ? - perguntei tentando abrir a porta. - Me deixa ir.

-Não é nada pessoal, só queremos te tirar de perto de uma pessoa. - ele respondeu pegando um vidro e tirando a tampinha do mesmo.

- O que? Vão me matar? - gritei batendo no cara que dirigia, também estava usando máscara.

- Nós não. Tem uma pessoa em especial que te quer morta, nós somos apenas os caras que te levam até ele. Agora chega! - ele falou levantando um algodão molhado com alguma coisa daquele vidro cor de ferrugem.

- Por favor não... - falei me afastando o máximo que podia. - Gilbert vai te matar, vai matar os dois, me solta!

Gritei com todas minhas forças, enquanto o carro cortava favela a dentro, por entre ruas que jamais tinha visto, eu estava morta, acabou, por mais que quisesse isso a alguns meses atrás, agora eu queria viver, estava feliz demais pra morrer, pra deixar ele, eu não podia deixar ele sozinho. Não queri deixa-lo, não queria morrer. Um dos caras me segurou, levando aquele algodão ao meu nariz, tentei segurar o ar, tinha que ser forte, aquele cena parecia ter saído de uma novela das nove da rede globo. Fechei os olhos soltando o ar, sentindo meu corpo perder as forças, eu queria resistir, por ele, mas eu não conseguia, não era tão forte assim. E então tudo acabou, como num passe de mágica. Tudo sumiu, dando lugar apenas a um sono estranhamente impossível de resistir.  

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Beijão ♥✔

Não Queira Me Conhecer - Heranças De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora