Capítulo 23

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Christian

- Christian! - Marcão gritou, impedindo que eu entrasse em outra casa. - Ela não está dentro dessas casas!

- Eu não sei onde procurar mais. - me escorei na parede de um muro fechando os olhos. 

- Calma, vamos nas bocas e nas casas abandonadas agora! Já vasculhamos tudo por aqui. 

- Tudo bem...- falei voltando a andar pelos becos. - Dan ainda não ligou.

- Se ele encontrar alguma coisa vai ligar, ele pode ser um filha da puta, mas ele sabe que ela é inocente. 

Confirmei apertando a pistola que carregava em minhas mãos, meu ódio só crescia junto com o medo de perde-la. A culpa era minha, mas eu não iria conseguir me afastar ou mandar ela ir embora, talvez fosse pior. Agora eu tinha que me concentrar apenas em salva-la. Entramos em todas as casas abandonadas, todas as construções inacabadas, incluindo as bocas de fumo. Estava extremamente quente, o que só me deixava ainda mais nervoso e cansado, o suor escorria por toda parte, meu cabelo estava encharcado. Já estávamos o dia todo procurando, vasculhando cada canto daquele lugar, e nem sinal deles.

- Não vamos conseguir. - falei parando e olhando em volta, sentia o desespero bater.

- Calma cara, ainda tem aquela rua menos frequentada. - ele ainda tentava me dar esperança.

- Porra! - abaixei a cabeça sentindo os olhos lacrimejar - eu sou um filha de uma puta sem sorte.

- Chris, tenha fé, vamos encontrar ela. 

- Fé é uma coisa que eu não tenho a muito tempo meu amigo. 

- Vamos agir!

Continuamos rua adentro, já havíamos vasculhado tudo e nem sinal, ameaçamos algumas pessoas e mesmo assim não conseguimos nada, eu realmente não tinha mais esperança alguma, ela já devia esta morta e eu seria obrigado a carregar essa culpa pro resto da minha maldita vida. Chegamos a rua menos movimentada da favela, onde ficavam os viciados em crack, dei um longo suspiro olhando em volta.

- Vamos perguntar aquele cara ali. - Marcão falou já indo em direção ao cara, então o segui. 

- Ei você ai, viu por acaso uma mulher ruiva ou algo fora do comum? - perguntei

- Cara eu não vi nada. - o homem sujo falou sem ao menos nos olhar.

- Tem certeza? - Marcão perguntou novamente.

- Amigo ninguém vem por essas bandas a não ser que seja viciado ou esteja atrás de pedra. - o homem sorriu.

- Idiota! - falei me virando e andando em direção a umas casas abandonadas.

Marcão logo me acompanhou, ficou em silencio, provavelmente por notar minha falta de paciência. Olhei em volta vendo apenas lixos e mais lixos espalhados por todas as partes, aquele lugar estava abandonado, os viciados haviam tomado o lugar para eles, eu pretendia pegar de volta depois que todo esse pesadelo acabasse. Parei no momento em que vi um Honda Civic preto parado em frente a um açougue fechado ou que restou dele. Olhei para Marcão que confirmou com a cabeça, senti todo meu corpo gelar, tão fácil assim?

- É uma armadilha! - falei puxando Marcão, me escorando atrás de um muro

- Então vamos fazer exatamente o que eles querem. - Franzi a testa com o que ele disse.

- O que? Não posso arriscar a vida dela. - falei tentando manter a certeza de que estava viva.

- Espera... 

Olhei no mesmo instante em que ouvimos o carro dar a partida e sair, não pensei duas vezes antes de correr em direção a entrada do lugar que estava caindo aos pedaços. 

- Chris espera - Marcão gritou, talvez alto demais. 

Olhei para trás então vi um cara usando uma máscara atrás dele, com a arma apontada para Marcão, não pensei em nada, apenas atirei no mesmo, derrubando-o. 

- Menos um. - falei voltando minha atenção na entrada.

- Você tá louco? - Marcão puxou meu braço me jogando contra a parede. - Precisamos tomar cuidado ou seremos os próximos, que merda!

- Então o que sugere? - perguntei tentando me afastar.

- Eu vou e você me dá cobertura. 

Antes que eu pudesse dizer não, ele entrou no lugar, dando alguns tiros para cima, revirei os olhos e o segui, toda minha atenção foi direcionada apenas para uma espécie de freezer, que estava com a porta aberta, no mesmo instante um cara apareceu e como se não estivesse pensando no que estava fazendo Marcão partiu para cima do cara o jogando contra a parede, fazendo com que sua pistola caísse de sua mão, o deixando vulnerável. Entrei no local em seguida, olhando em volta, apontando a arma para todos os lados, então a vi, sentada no chão, vulnerável, seu rosto estava marcado por lágrimas e seus olhos transmitiam medo. Senti um certo alívio por vê-la viva. Dei alguns passos em sua direção, me ajoelhando diante dela, e a puxei para meus braços depois de ouvi-la sussurrar meu nome.

- Olívia... Você está bem? 

- Estou, eu acho que sim. - ela sussurrou.

- Me perdoa, era pra eu te proteger... - falei me afastando para olhar em seus olhos.

- Não é culpa sua. 

Levantei tão rápido quanto havia me ajoelhado, olhei para Marcão que segurava o homem fortemente contra a parede. Levantei a pistola em direção aos dois, então Marcão puxou a máscara dele e se afastou, revelando um de nossos homens, cerrei os dentes sentindo ainda mais raiva.

- Mas que porra, Marreta? - Marcão gritou surpreso. - Por que fez isso?

- Quem te mandou fazer isso? - gritei sem sair do lugar. - fala!

- Christian, fica calmo - Ouvi a voz de Olívia atras de mim. - não faça nada.

- Marcão tira ela daqui! - Falei agora mais calmo.

- Acabou! - Dan gritou entrando no local - Christian abaixa a porra da arma!

- Não! - Gritei sentindo a mão tremer.

- Por favor Chris, você não é assim. - Olívia tentava me convencer, mas eu o queria morto.

- Me fala quem te mandou fazer isso e porque, agora! - falei apertando ainda mais o cabo da pistola.

- Chega desse drama!

E então ouvimos um disparo e em seguida presenciamos o homem cair morto em nossa frente, olhei para trás vendo Dan abaixar a arma e a colocar na cintura. O encarei por mais algum tempo, ele havia acabado de matar a única pessoa que poderia me dizer quem era o mandante de tudo aquilo, oque só me deixava ainda mais paranoico. Desviei o olhar apenas quando senti a mão de Marcão abaixando a minha, então só aí saí do transe em que estava. Guardei a arma na cintura e me virei para encara-la, estava com as duas mãos na boca e lágrimas marcando ainda mais seu rosto. Dei um longo suspiro indo até ela e a puxando para meus braços novamente, queria poder voltar no tempo e nunca ter a deixado sozinha. Com certeza ela iria levar dias para superar tudo aquilo, e eu ficaria ao seu lado, não a deixaria sozinha nunca mais, iria dar um jeito de acelerar as coisas e acabar com a merda daquele morro e então poderíamos ir embora para sempre dessa merda de lugar.

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Beijão ♥✔

Não Queira Me Conhecer - Heranças De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora