Capítulo 10

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Olívia

Acordei de repente me sentando na cama, passei as mãos no rosto, olhando em volta, estava em meu quarto, como eu tinha vindo parar aqui?
Christian!
Joguei as pernas para fora da cama e me levantei, ao chegar na sala, ele já não estava mais ali, franzi a testa ao ver que ele saiu sem se despedir. Dei um longo suspiro seguindo para o banheiro, tirei as roupas e em seguida as faixas que estavam em meus pulsos, engoli em seco lembrando de nossa conversa ontem, das coisas horríveis que disse a ele, não o conhecia, não sabia o quanto minhas palavras poderiam afeta-lo, e ainda assim, ele foi bom pra mim, Gilbert, o temido chefe do morro, havia sido bom pra mim. Será que dá pra ficar ainda mais estranho?
Balancei a cabeça tentando espantar tais pensamentos e então liguei o chuveiro, tomando um banho demorado, tentando pensar no que fazer a seguir, minha vida estava uma verdadeira bagunça, sozinha, sem nada, sem ninguém.
Saí do banho e procurei por alguma roupa, optei por calça jeans e uma blusa com mangas longa, para cobrir os ferimentos. Amarrei o cabelo em um rabo de cavalo alto e coloquei uma sandália baixa. Nem fiz questão de comer algo, apenas peguei o celular e saí, precisava dar uma volta. Depois de alguns minutos caminhando me deparei com três caras em uma esquina qualquer, estavam fumando maconha, eu conheceria aquele cheiro em qualquer lugar e a qualquer distância.
Fechei os olhos por alguns segundos. Não tinha nada a perder. Não tinha mais ninguém. Que mal faria?
Esquecer por apenas um dia, me sentir bem por alguns minutos.
Sorri me aproximando dos caras.

- E aí? - Perguntei com um meio sorriso.

- E aí, princesa... - Um dos caras se virou me encarando.

Fiquei os observando por alguns instantes então me aproximei quando um deles me ofereceu um baseado, peguei de sua mão o levando até minha boca, e dando uma longa tragada no mesmo. O cheiro, o gosto... Tão familiar... Depois de mais alguns minutos estava sorrindo a toa, peguei uma garrafa de vodca quando me ofereceu, dando um generoso gole no gargalo da garrafa, rindo ainda mais alto.
Agora meu mundo era cor de rosa cheio de arco-íris e unicórnios com chifres na testa. Não havia dor nem preocupação. Mesmo que fosse por alguns minutos, já era o bastante. Eu podia comprar mais e permanecer assim. Não me importava.
Franzi a testa ao sentir alguém segurar meu braço, olhei para trás vendo que era Christian, sorri no mesmo instante em que nossos olhos se encontraram.

- O que está fazendo aqui? Tá me seguindo? Senhor Gilbert...

Ri alto vendo o quanto estava sério e visivelmente irritado. Ele olhou para os caras e no mesmo instante eles correram, já sabia o que poderia acontecer caso Gilbert resolvesse fazer algo a respeito. Ninguém mexe com protegidos ou pessoas próximas do chefe do morro. Grande merda.

- O que você pensa que está fazendo? - ele falou baixo, olhando em volta.

- Nada senhor dono do morro! Só me divertindo, por que não tenta? Talvez melhore essa sua cara de quem comeu e não gostou!

- Vem, vou te levar pra casa! - Falou me puxando em direção ao carro.

- Não quero ir, me deixa em paz!

Eu não queria voltar para aquela casa, ficar sozinha e lembrando de tudo que aconteceu. Não queria ficar me lamentando, queria esquecer, e o único jeito era esse.
Ele parecia estar perdendo a paciência já que abaixou a cabeça respirando fundo, soltou meu braço e então depois de alguns minutos me encarou pensativo. Não posso negar que aqueles profundos olhos azuis me deixam desconcertada, eu queria poder saber o que estava pensando nesse momento, esperava que fosse algo bem erótico.

- Por favor, Olívia, entra no carro! - Ele voltou a falar, dessa vez parecia controlar suas emoções.

Sorri me aproximando do mesmo, não estava pensando direito, ou talvez pudesse aproveitar que estava chapada e fazer algo errado ou algo que não faria quando estou sóbria. Ele não podia fazer nada a não ser ficar ainda mais irritado, e ele irritado consegue ser ainda mais sexy.
Parei tão próxima a ele que podia sentir sua respiração quente contra minha pele, seus olhos agora pareciam ver minha alma, em nenhum momento ele desviou o olhar do meu, sua boca vermelha me fez questionar qual seria seu gosto e minhas mãos ansiaram por tocar em seus cabelos.

Não Queira Me Conhecer - Heranças De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora