5 - Chuva forte

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Eu já tinha visto ele em algum lugar! E tinha certeza disso!
Era ele ontem quando faltou luz, era ele lá fora na chuva...

À água quente caia sobre meu corpo enquanto eu pensava naquilo, lembrava da noite passada, quando o ví, sabia que ele me era familiar.

- Vlad... Vlad... Vlad... Vlad...

Fiquei baixo do chuveiro repetindo o nome dele nos meus lábios...
Porque? Não faço ideia...
Era tão estúpido... Eu sei.

- Então! Vai cozinhar ai dentro? Se quiser tempero eu trago - Disse Marta batendo na porta do banheiro e me tirando do transe em que estava.

- Já estou saindo - Disse eu desligando o chuveiro e me secando com á toalha.

Me enrolei nela e abri á porta, e dei de cara com Marta.

- Quem é Vlad? - Perguntou ela

Confesso que fiquei surpresa, será que todos dessa cidade sabiam ler mentes?

- Quem? - perguntei meio desnorteada.

- Vlad, o nome que você estava falando dentro do banheiro

Será que estava falando assim tão alto?

- Ah! - Dei uma risada meio sem graça - Foi um menino que conheci enquanto passeava pela cidade. Eu tinha perdido o meu celular e acho veio me devolver.

- Huuum - Marta me olhou de uma forma estranha e maliciosa - Ele era bonito?

- O que? Eu, eu não reparei nisso, só pequei o celular e vim pra casa. - Disse eu mas meu rosto me entregou, fiquei tão vermelha que parecia que eu tinha metido minha cara dentro de uma panela com água quente.

Marta riu
- Mas um pouco e você vira um tomate. Relaxa, não vou conta nada á sua mãe

- Me conta? O que? - Disse minha mãe na porta do quarto.

Droga!

- É, agora ela nos pegou Aurora - Disse Marta se virando pra fala com mãe.

- O que ela fez Marta?

-Sabe aquela parte da praia que você tinha dito pra ela não ir? Ela foi pra lá.

Obrigado Marta! Te devo uma!

- Ah! Ela é teimosa assim mesmo Marta. - Disse minha mãe

- Mas o importante é que ela chegou bem não é? Aurora

- À cidade é linda - Respondi eu.

- Então! Vamos comer? - perguntou Marta

- Estou mesmo com fome...

E realmente estava, pois não tinha comido nada até aquela hora. Só tomei café.

Me sentei à mesa pra comer junto de mãe e Marta...

O almoço estava muito bom, Marta tinha uma ótima mão pra comida.

- O que você mais gostou daqui Aurora? - Pergunta Marta.

- Eu conheci uma cafeteria que fica aqui perto. O café de lá muito bom.

- Eu sei qual é! Mary! Lembra da Coffe? A gente ia lá quando éramos pequenas. Foi lá que você conheceu...- Dava pra notar à expressão incomoda no rosto de mãe... - bem... Lembra de lá? O melhor café da cidade? - Finalizou Marta mudando o contexto do que falava.

Claramente Marta estava falando que foi onde minha mãe conheceu meu pai.

- Lembro sim... O café era ótimo... - Disse minha mãe com um olhar perdido... Que eu já tinha visto antes, todas as vezes que eu tocava no nome do meu pai ou quando falava dele... Mesmo sem querer.

O almoço seguiu, agora nem ninguém dizer uma palavra sequer...

Levantei e deixei meu prato vazio na pia, minha mãe foi para à cozinha Lava à louça e Marta à acompanhou.

- Aqui tem Wi-Fi? - Perguntei à Marta, pois precisava baixa umas musicas novas pois já tinha enjoado das que eu tinha.

- Aqui tem Wi-Fi liberado lá na praça, perto da cafeteria.

- Acho que vou lá. - Disse eu, pegando dessa vez um guarda-chuva vermelho, e esperando toda a baboseira da minha mãe sobre não volta tarde e deixa o celular desocupado caso ela ligue...

Mas dessa vez... Ela não disse nada, era como se nem tivesse ouvido eu dizer...

Quando fui sair pela porta, Marta me chamou com um tom baixo, para que minha mãe que agora lavava os pratos na cozinha não escutasse.

- Aurora, preciso de um favor, vá lá na cafeteria e traga três café, um com canela, os outros dois com hortelã. - Disse Marta tirando do bolso o dinheiro e me dando

- Ta bom - Respondi eu.

- E se encontrar com o garoto novamente, pegue o número dele - Disse Marta rindo em um tom baixinho

Rapidamente abaixei à cabeça, não queria correr o risco do meu rosto me entregar novamente.

- Tchau - Disse eu dando as costas.

Não entendia o porque de esta com tanta vergonha, já que mal conhecia ele, acho que é porque não estou acostumada com certas ocasiões... Quem sabe.

Andei bem devagar até à cafeteria, eu amava chuva, amava o frio, me molhar, o cheiro de terra molhada que minha mãe insistia em dizer que tava gripe...

O barulho dos pingos no guarda-chuva me trazia uma calma de nem mesmo as músicas que eu mais gostava conseguiam.

Cheguei à praça e sentei em um banco de madeira que estava encharcado, com o guarda-chuva aberto acima de mim e tentei conectar no Wi-Fi, mas não tinha nenhuma rede disponível no local... Acho que era por causa da chuva que agora estava aumentando.

Já que não tinha mais o que fazer, levantei e fui em direção à cafeteria que ficava logo em frente.

Chegando lá, percebi que não estava tão cheia quanto estava antes.
Tinha apenas poucas pessoas. Alguns casais, alguns idosos... Nada que chamasse atenção.
Fui até o balcão e fiz meu pedido.

Sentei e esperei... Mas um trovão forte me fez pular do Banco que eu estava sentada. Uma senhora que estava do meu lado me olhou estranho.
Trovão qual parecia não ter sido percebido por mais ninguém... Ou apenas já estavam acostumados.

Meus pedidos chegaram rápido, paguei e resolvi toma meu café lá mesmo...
Quando já estava na metade do copo alguém sentou ao meu lado...

- Você gosta mesmo de café não é? - Disse uma voz muito familiar e ao mesmo tempo tão desconhecida...

Olhei para o lado abismada e assim que meus olhos viram aquela pálida pele, aqueles cabelos negros e aquelas dentre brancos que sorriam para mim, um trovão ensurdecedor rasgou o céu acima da cafeteria.

-... Vlad...

(Continua)


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