7 - lugarzinho

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O som da chuva forte caia sobre meu guarda chuvas vermelho.
Eu tinha acabado de comprar o café que Marta me pediu hoje cedo.
Já estava noite.  Acho que entre seis ou sete horas  não sei.
Meu celular estava completamente descarregado.
Aos poucos eu andava e pensava no lugar que Vlad tinha acabado de me Mostar...  E uau!  Era realmente incrível.  À vista da praia,  o som da chuva...  As luzes dos trovões que rasgavam o céu tão rápidos quanto uma piscada...
Valeu á pena ter ido,  mesmo que no início eu recusa-se...  Mas também,  quem não recusaria?

Cheguei na casa de Marta.

— Cheguei —  gritei alto

— finalmente — Disse minha mãe vindo em minha direção.

Marta rapidamente tomou á frente dela e pegou das minhas mãos as sacolas com café.

— Acho que você vai gostar — Disse Marta tirando um café,  o que era com hortelã,  e dando para minha mãe.

Minha mãe pegou o copo de café como quem segura um filho recém-nascido...  Acho que nem quando eu nasci ela me deu o olhar que ela tinha dado para o copo de café.

Marta riy
— vamos!  Vai esfriar!

Minha mãe sorriu e deu um gole no café...
—...  Está igualzinho como era. —
Disse minha mãe,  mas logo após o que era um sorriso virou uma expressão amarga em seu rosto.

Marta notou e logo mudou de assunto.
— Então Aurora,  como foi lá?  Muitos garotos bonitos — Marta riu dando uma piscada para mim.

— O wifi não tava pegando,  acho que era por causa da chuva.

— É,  realmente,  é estranho porque sempre está. Mas acho que você está certa.  E então?  Vamos jantar?

Quando percebi,  minha mãe estava na cozinha jogando o copo de café na pia.

Marta fingiu que não viu e continuou
— Vai,  vai,  vai toma banho!  Que jaja ta pronto — Disse ela com um entusiasmo na voz...

Confirmei com á cabeça e fui para meu quarto.  De lá consegui ouvi o choro não muito alto da minha mãe,  e Marta falando alguma coisa que não entendo muito bem.

Parece que meu pai... Mesmo depois de ir embora ainda consegue ferir minha mãe "amargas recordações".
Eu não sabia muita coisa sobre meu pai,  me parece que ele morreu quando eu tinha seis á sete anos de idade,  não lembro de muita coisa dessa época...  E também não lembro do meu pai ter morrido,  acho que talvez essa seja a história que minha mãe me contou para me poupar da dor dele ter me abandonado junto com ela...
Para ela,  á dor da morte é menor que á dor do abandono.

Tirei á roupa um pouco molhada ainda e fui toma um banho rápido.
Sai do banheiro e pelo visto minha mãe continuava na mesma.
Então decidi ficar um pouco mais no quarto,  só até ela Para de chorar

—"Porque ele me levou lá " — Perguntei para mim mesma.
Se era um lugar tão especial pra ele...
Eu não sabia nada dele...  Apenas o nome e o que dava para perceber, nada mais.
Era estranho me pegar pensando nele,  isso nunca tinha acontecido comigo...
No geral eu apenas não pensava.

Era estranho para mim...
E com esses pensamentos fechei os olhos lentamente,  com o barulho da chuva caindo lá fora...

"Faz um bom tempo que ninguém me abraça"

"Acho que você deveria se abrir um pouco mais para o mundo"

"Mas pai... "

"Eu sei meu amor"

"Tenho que ir ágora"

"Pra onde?!  Porque agora?"

"Adeus Aurora... "

— NÃO!  — Disse alto e em bom som quando acordei.

Marta e minha mãe vinheram rápido para meu quarto.

— O que foi Aurora? — Perguntou minha mãe.

— Acho que tive um pesadelo — Disse eu.

— Então?  Vem comer?  Já está esfriando— Disse Marta.

— Sim...  Eu já vou.

As duas saíram do meu quarto e eu fui até o banheiro.
Parei na frente do espelho e ví que minhas olheiras só aumentavam,  mas não sabia o porque já que eu dormia muito.
Tentei á todo custo me lembrar do sonho...  Mas não consegui,  apenas lembro de um "Adeus" E mais nada.

Desci e jantei sozinha na mesa,  enquanto ouvia Marta e minha mãe fala sobre lembranças de quando eram crianças.

Eu não me importei muito para ouvir,  coloquei meus fones e liguei no mais alto á "Total Eclipse of the heart da banda tragedy" E continuei comendo, assim que terminei coloquei os pratos na pia e voltei pra meu quarto.

Deitei de barriga pra cima e pensei...  No lugar onde vlad me levou... 
Vlad... Vlad... Vlad...
Misterioso Vlad,  de quem apenas sei o nome...
Naquele dia da chuva,  será que era realmente ele?
Levantei e fui olhar nos bolsos da calça que eu estava vestida quando fui na cafeteria e o encontrei.
Lá tinha o troco dele,  mais ou menos vinte dólares.

Pensei comigo mesmo é resolvi que iria devolver e depois perguntar à ele se era ele naquele dia...

Deitei e novamente adormeci.
Dessa vez não sonhei,  para meu alívio,  ultimamente meus sonhos tem sido estranhos...

— Já vai sair de novo? — Perguntou minha mãe me olhando de cima á baixo.

Eu estava com uma calça preta rasgada nos joelhos, um moletom vermelho e por dentro uma blusa preta,  no pescoço um cachecol rosa pastel...  Ou seja,  minha mãe obviamente não gostou.

— Olha!  Ta bonita! — Disse Marta.

— Obrigado — Respondi pegando o guarda chuva vermelho.

— Não fique andando por aí — Disse minha mãe.

— Eu vou á cafeteria e depois na praça vê se o wifi voltou. Estarei com o celular ligado,  qualquer coisa vocês iram me achar lá.

Dei as costas e sai.
Fechei á porta,  mas não abri o guarda chuva pois á chuva tinha dado uma trégua,  era umas oito horas da manhã,  então fui em direção à cafeteria.
O cheiro de mato molhado novamente cercava o ar.
O vento era frio e o céu continuava cinza.  Particularmente eu amava tudo aquilo.
Chegando próximo à cafeteria logo senti isso cheiro de café quando que perfumavam o ar.
Chegando na frente,  lí em uma placa grudada na porta "abriremos a partir das 10h da manhã,  obrigado pela preferência"

Droga!
Pensei comigo mesmo.

— você veio cedo hoje!

Disse uma voz atrás de mim...

— Vlad

AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora