3 - Escuridão

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- Aurora? - perguntou Marta no meio da escuridão.

Meu coração voltou à bater novamente...

- Oi! Eu vim procurar umas velas - Disse eu meio ofegante.

Marta riu - Eu também, está com seu celular ai?

- Sim! - Respondi e logo quando tentei acender o flash ele desligou.
- É, descarregou, onde vc deixou o seu?

Marta riu novamente
- Eu já estou tentando acha velas pra achar ele

Eu rir também.

- Sabe, você parece muito com sua mãe quando ela era mais nova, está com quantos anos? - pergunta Marta vasculhando uma gaveta do armário.

- Eu tenho 18... - Respondi pensando que era praticamente impossível minha mãe ter sido igual à mim.

- Exatamente à idade que ela tinha, até mesmo o "estilo próprio" Que você tem ela tinha também.

- Ela crítica bastante o que eu visto

- A gente também era criticada na época - Disse Marta com um tom nostálgico. - nossa, usar saias curtas e certas roupas eram um escândalo para seus avós. Mas acho que é assim mesmo, quem ontem crítica hoje está criticando à uma boa possibilidade que vc também faça com sua filha. - Disse Marta quando finalmente achou uma vela já meio gasta.

- Pra mim é impossível imaginar minha mãe com à minha personalidade.

Marta novamente riu enquanto acendia à vela com um fósforo.

-E os namorados?

- Estou concentrada em meus estudos ágora, não tenho tempo pra isso. - Respondo com minha maior e mais significativa realidade.

- Aqui! - disse Marta me dando uma vela acesa.

- Obrigada...

- Boa noite Aurora, não deixa o bixo papão te pegar - Disse Marta indo de volta para seu quarto

Eu rir e voltei para o meu.
Coloquei à vela encima da cômoda e deitei na cama. Assim que fechei os olhos adormeci...

"- Que calor... Eu odeio calor!
-Que mimada você é não?
(...)
-pai!
- Aurora!
Um abraço apertado...
- Adeus Aurora...
-Pai!!"

Acordei com à luz vinda de fora e entrando pela janela como um flash.
Fechei os olhos novamente mas à luz que me doía os olhos não passava, então resolvi levantar.
Usei o banheiro e sai do quarto...

- Olha quem acordou! - Gritou Marta da cozinha quando me viu passar.

-Bom dia - Disse ainda com voz de sono.

-Bom dia - Respondeu minha mãe do sofá enquanto vía as notícias do jornal local.

- Prontas para o melhor café que já tomarão em toda sua vida?! - Disse Marta colocando três pratos na mesa que ficava na sala.

Sentei à mesa junto com minha mãe e Marta tinha toda à razão o café da manhã estava muito bom.

- Vá da uma volta Aurora, à cidade é pequena mas tem lugares lindos!

- Nessa chuva? - perguntou minha mãe

- Aurora não é feita de areia, é só água Mary.

- Irei jaja, só vou esperar o celular carregar.

Marta foi lavar os pratos e organizar o almoço e minha mãe foi ajudar...

Foi rápido para o quarto, troquei de roupas e voltei pra sala.

- Estou indo

- Não demore! E não vá para praia - Disse minha mãe

- Espera! - disse Marta indo saindo da cozinha e entrando no quarto... Voltou com um uma capa de chuva azul com umas rosas entalhadas nela.
-Aqui! É melhor que guarda chuvas.

Eu sinceramente amei à capa. À coloquei e sai.

Lá fora tudo estava tão nebuloso com à tonalidade cinza do céu, mas ainda era uma cidade bonita, com casas antigas, novas, estradas de terra e rosas em cada esquinas...

O cheiro de plantas molhadas estava em todo o lugar...
Andei mais um pouco em uma estradinha de terra que dava para o mar, era incrível como era um lugar calmo, mesmo com o barulho da chuva que caia na minha capa, com o som das ondas quebrando na costa da praia.

Sentei em um tronco de árvore caído, já preto e à muito tempo morto e lá fiquei olhando à praia, tirei algumas fotos Com as mãos encima do celular para que à chuva não tocasse.
Tirei algumas fotos e deixei o celular embaixo da capa ao meu lado e me lembrei do sonho que tive noite anterior.
Não lembro de muita coisa, apenas que estava falando com um homem, depois disso ele me abraçou e disse adeus, eu gritei algo... Algo que não me lembro o que tinha sido e acordei.
Não lembro muito dos detalhes desse homem, apenas lembro que ele tinha os olhos verdes... Nada mais.

A praia estava deserta mas como iria de haver alguém ali com à chuva que estava cada vez mais engrossando.

Levantei e fui em direção à estrada de terra por onde tinha chegado Ali.

Voltei para à casa de Marta por uma rua diferente de onde tinha vindo.
Era uma rua onde tinha uma lanchonete com cara de aconchegante.

Entrei e logo senti de cara o cheiro de café quente e de um bolo no forno.
Por incrível que pareça lá estava lotado de gente.
Fui até o balcão e pedi um café com canela.

As pessoas pareciam nem notar minha presença por lá.
Eu era uma garota extremamente branca com uma capa de chuva encharcada e com detalhes de Rosas.
Na minha cidade era capaz das pessoas começarem à tirar foto de mim enquanto riam... Mas aqui não, aqui parecia que era normal esse tipo de coisa, principalmente nessa época do ano.

Meu café logo chegou, fiquei olhando para vê se alguma mesa iria desocupar, esperei uns cinco minutos enquanto tinha certeza que meu café já estava esfriando.
Quando um casal saiu deixando uma mesa com duas cadeiras vagas, logo fui sentar em uma e para que ninguém sentasse do meu lado coloquei minha capa na outra.

Sei que parece egoísmo bom um lugar tão cheio de gente eu fazendo isso... Mas era mais incomodo ainda ter alguém sentado perto de mim, pior ainda se quisesse fazer amizade ou conversar.

Estava tomando quando abri à embalagem para tomar o meu café uma pessoa colocou minha capa de chuva na lateral da cadeira e sentou...
Lembro que isso me causou uma raiva momentânea gigantesca.

- Acho que isso é seu - Disse um garoto com meu celular na mão...

(Continua)

AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora