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                 *Marcelo*

   A vida é uma caixinha de surpresas. Aqui agora, deitado na minha cama ouvindo Débora tagarelar sobre o quão feijão é fedorento e João um mal educado, vejo que nunca me imaginei nessa situação.

A vida nem sempre vai lhe trazer um buquê de flores com uma caixa de bombons, pode até ter as flores mas a caixa vem cheia de ratos e lixos. Uma filosofia estranha para se pensar.

-...eu não aguento mais aquele cachorro quebrando as minhas coisas, Marcelo. Você tem que falar com João para manter aquele animal nojento lá fora. - ouço ela falar furiosa mais uma vez e a encaro figindo interesse.

Tudo o que eu queria era paz, Uma vida tranquila recheada de sorrisos e amor. Mas não, tenho uma mulher murmuradora, um cachorro que bagunça tudo inocentemente e um garoto esperto que não segura a língua.

Tenho medo de pensar que em algum momento a mãe do João venha buscá-lo, claro que não posso prender o menino aqui, mas me dói saber que ele não é o meu filho.

- ... Marcelo eu estou falando com você. - Débora grita jogando uma almofada em mim.

Suspiro e tiro a almofada de cima do meu rosto.

- eu ouvi, Débora. Não precisa gritar, Vou resolver isso amanhã - falo para ela parar de me encher e viro para dormir, tentar pelo menos.

- se você não resolver eu vou colocar aquele animal pulguento na rua! - ela fala deitando ao meu lado me fazendo bufar de tédio.

Como seria a minha vida se eu tivesse casado com Lui... Esquece, é errado pensar nisso. Eu escolhi Débora e tenho que arcar com as consequências agora.

Começo a organizar meus pensamentos e fico pensando nos trabalhos que tenho que terminar para dar aula amanhã, depois de um tempo acabo pegando no sono.

                             πππΠπππ

     Sinto um Cheirinho de caramelo e sorrio ainda de olhos fechados reconhecendo esse cheiro maravilhoso. Respiro fundo sentido o cabelo macio de... Esse cabelo não é de Débora e esse cheiro é de...

- Luisa? - pergunto em um sussurro quase mudo enquanto permaneço olhando para o anjo ao meu lado que está dormindo profundamente abraçada a mim - devo estar sonhando - digo suspirando voltando a fechar os olhos. Meu Deus, ainda bem que Débora está dormindo e não me ouviu comparando ela com Luisa, aposto que minha querida namorada iria enlouquecer, me matar, tacar fogo em mim e me enterrar, claro que só depois de me oferecer ao buda.

Me afasto dela ainda de olhos fechados e viro para o outro lado, isso que dá ficar pensando na ex antes de dormir.

Ouço a porta abrir em um estrondo e levanto rápido vendo um vulto pequeno com cachinhos parecendo molas correndo para a cama e pulando em mim, me pegando desprevenido.

- papai!, Estou com muuuuuuiiiita fominha, a Nanci ainda não acordou, ela dorme muito - o pequeno fala rápido enquanto eu continuo olhando pra ele assustado.

Agora que eu me dei conta, eu não estou no meu quarto e a mulher ao meu lado não é Débora. É Luisa.

Encaro o menino ainda em choque e passo meus olhos ao meu redor, como eu vim parar aqui?. Franzo o cenho quando vejo o garotinho se aproximar meio desengonçado para se erguer na cama.

- papai, o senhor está me ouvindo? Eu falei fome, FOME! - ele continua falando e começa a pular em cima da cama no espaço vazio entre os meus pés e os pés de Luisa.

Continuo estagnado olhando para a criança que parece não passar de 5 anos, é inevitável começar a sentir um desespero se apossar de mim, afinal, não dormi nessa cama e não tinha essa mulher ao meu lado quando fechei os olhos na noite anterior.

Uma Nova Chance Para Amar ( LuCelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora