1.3K 56 19
                                    

                       *Marcelo*

      Tento dirigir com o máximo de cautela possível, mas só de pensar em chegar em casa e tirar tudo a limpo com Débora faz o meu pé pesar no acelerador como um chumbo, minhas mãos estão suando tanto que parece que estão dentro de um Balde d'água.

- está tudo bem, Marcelo? Você parece nervoso - João pergunta cauteloso, e eu suspiro quando entro na rua de casa.

- João, assim que entrarmos dentro de casa você vai direto pro seu quarto. - mantenho a minha voz firme o deixando acanhado por eu nunca ter agido assim, principalmente com ele.

O vejo concordar com a cabeça meio assustado, estaciono o carro e observo ele descer sem pressa, saio e o acompanho em direção a porta, assim que entro, paro na entrada vendo João subir as escadas com pressa sendo seguido por feijão.

- finalmente você tomou atitude e resolveu brigar com ele, Marcelo? - ouço Débora perguntar sarcástica nem se dando ao trabalho de tirar os olhos da revista que está lendo.

Quando ela percebe que não respondi, porém continuo parado próximo a porta olhando em sua direção, fecha a revista ainda sem me encarar.

- o que Luisa te falou? - pergunta se levantando autoritária me dando mais coragem pra falar o que tanto planejei pelo caminho até aqui.

- por que você mentiu pra ela dizendo que eu estava com você sendo que nem tínhamos contato naquela época?- pergunto vendo ela me olhar sem expressão alguma no rosto. Nem sei se ela consegue perceber que estou falando algo que aconteceu no passado.

- foi isso que a monga mula te falou? Achei que ela era mais criativa. - diz se sentando novamente no sofá com uma expressão mais relaxada porém em alerta.

- está me dizendo que Luisa inventou isso? - pergunto enfatizando o nome de Luisa a fazendo me olhar fria.

- eu era jovem, Marcelo, emoções a flor da pele, queria chamar atenção. E outra, Eu salvei você de um relacionamento de mentiras, se ela teve coragem de trair você uma vez, faria de novo - tento me manter calmo para não explodir e não fazer nada que eu me arrependa depois.

- eu cansei dos seus jogos, Débora, suas mentiras, suas explosões, cansei. - digo calmo porém sério a deixando desconcertada. Penso rápido em tudo isso e em um rompante, talvez por impulso, eu tomo uma decisão e vou logo avisando a ela. - acabou. - vejo ela empalidecer e rir sarcástica das minhas palavras.

- todo esse show é só porque Luisa disse coisas que eu fiz a séculos? É isso mesmo? Por favor, Marcelo, nos poupe disso. - suas palavras saem ácidas e incrédulas.

- não é show, Débora, estou terminando um relacionamento que não tem fundamento, agora eu entendo porque a gente não dá certo, algo que começa com mentiras, não tem estrutura para se criar laços - digo vendo ela me olhar furiosa.

- você não vai ser feliz com ela, Marcelo, tente entender - grita aparentando desespero quando se levanta para andar de um lado pro outro.

- e eu sou feliz com você? Como você mesmo acabou de dizer, Débora, nos poupe - digo indo em direção as escadas, porém paro quando lembro o que tudo isso vai virar um inferno com a gente brigados e morando no mesmo teto - e para o bem de todos, é melhor você procurar um lugar para ficar - ela para de andar e me olha horrorizada, como se não estivesse acreditando no que estou dizendo.

- está me expulsando de casa? - pergunta quase em um sussurro sem acreditar no que eu acabei de falar.

- não, Débora. Estou lhe convidando a sair da Minha casa, e não é por maldade, é por saber que vai ficar impossível convivermos juntos - dou a sentença me mantendo firme para não voltar atrás, sei que peguei pesado, mas a dúvida dela, como se eu nunca fosse ter essa coragem, me fez ter coragem, eu sei, isso é confuso.

Uma Nova Chance Para Amar ( LuCelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora