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Desculpa pelo capítulo pequeno 💚💚.


  *Luísa*

- mas vocês sempre ficam assim por aqui ?- pergunto para elas que dão risadinhas enquanto uma pequenina penteia meus cabelos.

Não me pergunte aonde eu estou. Como estou. Como cheguei aqui. E quem são essas crianças risonhas. Só sei que estou a um tempão tentando arrancar informações dessas criaturinhas que só sabem rir e dizer que eu sou linda.

- você é tão linda - uma menininha diz e as outras voltam com as risadas suaves ao meu redor.

Olho a minha volta e sorrio quando uma brisa me envolve. Tudo tão lindo, as flores, árvores, pássaros. Estou em paz aqui, é tão bom.

- obrigada - digo e ela sorri. - eu morri ?- pergunto me recordando dos meus últimos momentos.

- sim - uma ruivinha diz rindo fazendo as outras a acompanharem. E isso é lá motivo para rirem.

- espera.... Não consigo mais me lembrar o que aconteceu realmente comigo. Quem eu sou. Como eu vivia. Por que ?- digo tentando lembrar da fisionomia de Marcelo e dos meus pequenos. O resto eu já esqueci, nem os nomes eu lembro mais.

- para você não sentir saudades e poder desfrutar daqui - uma moreninha diz como se estivesse cantando de tão calma que é falando. Observo as outras concordarem e eu me desespero quando esqueço os três nomes que eu mais tentei lembrar.

- eu não quero esquecer deles. Ele não vai conseguir sem mim.

- ele quem?. - perguntam

- meu amor - digo e elas voltam a rirem de novo.

- interessante você ainda saber que tinha um amor na terra - a loirinha diz sorridente. - acho taaaaooo lindo amores assim. São poucos.

- não tem como eu voltar ?.- pergunto e elas se entre olham, porém não falam nada - não quero esquecer dele. Nem lembro mais dos meus pequenos, que tipo de mãe eu sou? - digo sentindo uma lágrima cair em meus rosto fazendo todas se assustarem.

- você está chorando.

- ninguém chora aqui.

- a não ser por amor.

- isso é ruim ?- pergunto fungando e elas negam sorridentes.

- esse não é o destino final, Luisa. Aqui é só para nos fazer esquecer das memórias para podermos morar definitivo. Porém quando um amor é tão forte e é retirado da sua metade de forma precipitada, a única coisa que resta fazer é voltar.

- voltar ? Pra terra? - questiono e elas riem em uníssono.

- sim, bobinha. Para o seu amor - a albina fala mostrando os dentinhos alvos.

- e como eu faço para voltar ?- pergunto e elas sorriem. Só sabem fazer isso mesmo.

- tem que esperar ele lhe chamar - uma diz rindo. Novidade.

- como? Já estou enterrada ?- faço elas gargalharem alto com a minha pergunta.

- você não tem nem um minuto aqui, Luisa. Ainda estão tentando lhe reviver lá na terra - a que está penteando meus cabelos fala.

- de novo - a ruivinha completa fazendo as outras rirem. A palavra rirem já perdeu o sentido pra mim.

- de novo ?- pergunto.

- sim. Você já veio aqui, porém esqueceu. Voltou para a terra e se despediu do seu amor, Mas infelizmente teve que retornar, as vezes isso acontece para ver se você consegue esquecer a sua metade, mas nem sempre da certo. - uma tenta explicar e eu finjo que entendo.

- eu quero voltar agora - digo e elas riem. Reprimo a vontade de revirar os olhos. Estou em um possível céu, tem que se ter respeito.

- espere teu amor lhe chamar, feche os olhos e tente escutar o seu amor.

Faço o que a moreninha fala e relaxo, tentando escutar alguma coisa.

- luiiisa, está me ouviiindo ?.

Abro os olhos quando ouço um cantarolar de algo afinado perto de mim. Meu amor é uma mulher?.

- foi isso ?.

- não. Isso é uma louca que vive dando trabalho para os maiores.

- louquinha de pedra.

- uhuh louca.

- já cansamos de receber ela aqui. Mas nem a gente aguenta, então mandamos de volta.

- ela morre toda hora ?- pergunto tentando lembrar quem é essa pessoa tão .... Louca.

- vive sendo atropelada, procurando briga, batendo a cabeça enquanto dorme. Vixi, já perdi as contas.

Sorrio e volto na minha concentração, logo eu sinto um formigamento na palma das mãos, no rosto e me arrepio toda quando ouço uma voz :

- eu te amo meu amor. Volta pra mim. Volta pra gente.

Sorrio e em um pulo eu abro os olhos para comentar com elas, porém dou de cara com um teto branco e.....

Meu corpo todo dói. A última coisa que me lembro é da ambulância, uma dor no peito e.. nossa, que sede!.

Olho em volta sem mexer a cabeça e após alguma tempo eu percebo um peso em minha barriga, sinto meus olhos encherem de lágrimas quando percebo que é Marcelo. Toco em seus cabelos e começo a fazer um cafuné sorrindo por está aqui.

Estou viva.

Dolorida e totalmente destruída. Mas viva.

Quando eu menos espero, um cansaço me atinge, volto a dormir sabendo que quando acordar, meu amado estará aqui comigo e eu vou retornar para minhas casa, onde meus pequenos estão me esperando.

                        

Uma Nova Chance Para Amar ( LuCelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora