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Enfim o sábado chegou, acordei cedo, aliás muito cedo por causa da ansiedade. Kelly ainda estava dormindo, acho que nesses meses todos isso nunca tinha acontecido. E mais uma vez aquela vontade louca de levantar da cama e dar uma volta, olhei pra ver se a cadeira estava perto da cama, droga não estava, fiz uma coisa que eu não queria fazer e acho que ainda não tinha feito. Kelly parecia estar num sono profundo, mas eu precisava chamá-la se não iria enlouquecer dentro do quarto.

- Kelly - chamei baixo - Kellyyy - Chamei pela segunda vez e com o tom de voz um pouco mais alto. Ela se mexeu e abriu os olhos.

- Oi - falou com a voz pesada de sono, mal conseguia parar com os olhos abertos.

- Desculpa te acordar cedo, mas você pode me ajudar?

- Está sentindo alguma coisa? - ela se sentou com cara de espanto.

- Eu estou bem não se preocupe, só preciso sair do quarto, não teria te chamado se a cadeira tivesse aqui do lado.

- Você nunca acorda antes de mim. - Ela se levantou meio cambaleando deu a volta, pegou a cadeira e colocou ao lado da minha cama, a freiou e levantou o braço dela.

 - Quer que eu ajude?

- Não precisa obrigada, pode voltar a dormir.

- Vou mesmo, ainda tenho uma hora e meia de sono. - Ela voltou pra cama e antes que eu saísse do quarto ela já estava dormindo.

Vesti meu robe sentei na cadeira e fui até o jardim da frente, fechei meus olhos e senti a brisa bater em meu rosto suavemente, respirei fundo, enchi meus pulmões de ar e soltei lentamente, repeti algumas vezes, meu coração aos poucos foi se acalmando. Eu não entendia o porque dela mexer tanto com meus sentidos assim, digo ela nunca me olhou ou me tratou diferente, a não ser aquele olhar que me congelou, era diferente dos outros, mas eu sei que não era amor. Ela é casada e pelo jeito ama o marido dela e mesmo se não amasse qual chance eu teria? Ela é hétero, Deus qual é o meu problema... Peguei o celular no bolso e liguei pra Jesy, graças ao bom Deus ela me atendeu, e tão rápido que eu nem acreditei, pedi a ela que viesse e ela me pediu 1h. Era muito, mas melhor que nada.

Quando entrei Kelly já tinha levantado, fiquei tão envolvida nos meus pensamentos que nem vi a hora passar. Pedi a ela pra me ajudar no banho, era o que eu precisava naquele momento, um banho pra relaxar. 

- Tá tensa,  algum problema? 

- Acho que tô ficando louca. - Respirei fundo. 

- Quer conversar? - Ela me lançou um olhar tão doce, que se eu pudesse teria pulado no seu pescoço pra abraçar e chorar no ombro. Me contive, engoli seco.

- Não, eu ainda não posso falar sobre isso. - Eu precisava falar com Jesy primeiro ela é a única que me falaria o que eu preciso ouvir mesmo que doa.

- São coisas do coração não é mesmo?- sorriu. Como ela sabia? As vezes tenho medo dela, ela fala cada coisa. 

- Talvez - dei de ombros. 

- Você não sabe ainda,  mas eu sei. 

Que porra é essa que ela tá falando. Será que ela uma daquelas videntes, como ela poderia saber...? ficamos em silêncio durante o resto do banho. Enquanto eu me vestia ela me analisava. 

- Perrie - Ela me chamou com sua voz suave. Eu a olhei terminando de colocar minha blusa. 

- Sabe de uma coisa,  vou sentir sua falta. - E agora de que ela tava falando?

- Porque? Franzi o cenho.

- Daqui a pouco não vai precisar mais de mim. 

- Mas esse processo ainda pode demorar.

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