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Aos trancos e barrancos chegamos em 2015 e ao invés de melhorar a situação foi só piorando, eu até pensei em jogar tudo pro alto, chutar o balde, eu estava me sentindo fraca, inútil... Mas eu já cheguei até aqui não poderia desistir agora. Eu e Jade apesar de tudo atéque estávamos indo bem, os nossos melhores dias eram o dias que Amara estava junto, nos outros a gente ia levando. Jesy me ouvia bastante e na maioria das vezes se permitia o silêncio. Acho Kelly que nunca recebeu tanta ligação minha num curto espaço de tempo, falavamos durante horas, ela como sempre tinha as palavras certas ou uma música, às vezes eu me permitia a chorar e na maioria das vezes em silêncio. Jade me amava e eu podia sentir, mas ela estava distante...

Amara passou o natal com a gente, eu chamei de milagre de natal por Leigh Anne ter abrido mão de dois dias a mais, pensei que o ano começaria perfeitamente bem, mas durou pouco e quando eu pensei que as coisas não poderiam piorar, elas pioraram de uma maneira extraordinária, foi tipo o mundo desabou e o chão abriu debaixo dos meus pés.

Dois dias antes do réveillon Jade chegou lá em casa aos prantos diferente de todas as outra vezes, me desesperei, mas não demonstrei, minha mãe estava na sala e me ajudou a ampará-la, sentamos no sofá e minha mãe foi até a cozinha buscar um copo com água, abracei-a. 

- Jay o que aconteceu dessa vez, Amara está bem? - era a única coisa que eu pensava, aconteceu algo com a menina. 

- Não, ela está bem - disse entre um soluço e outro - Eu que não estou nada bem, estou destruída por dentro - outra remessa de lágrimas pesadas, sofridas. Minha mãe chegou com o copo com água e a entregou, ela bebeu pausadamente.

- O que foi, você fez algo que não deveria ter feito?

- O que te faz pensar assim?

- Não sei, você faz coisas sem pensar às vezes, como da vez que você entrou na casa de Leigh Anne.

Ela fechou os olhos e inclinou a cabeça pra trás apoiando-a no encosto do sofá, uma respiração profunda veio seguido de um silêncio angustiante. Eu e minha mãe a
observamos, outra respiração profunda.

- Ela vai levar minha filha pra longe de mim - seus olhos minavam lágrimas. Molhou os lábios com a ponta da língua - ela quer acabar comigo - falava pausadamente e sua voz vacilava.

- Como assim Jade? - minha mãe perguntou assustada.

- Ela vai voltar pra são francisco e levar minha filha. 

- Ela pode fazer isso?

- Infelizmente sim, já que a guarda é dela, e eu não posso fazer nada para impedi-la, ao não ser ir na justiça e tentar reverter, mas eu estou tão cansada.

- São Francisco está perto, nós só vamos ter que andar um pouquinho a mais para vê-la.

- É Jade, ela está indo embora, mas você ainda tem o direito de ver sua filha.

- Ela quer mudar os horários das visitas, ela quer que eu pegue minha filha de manhã e entregue a noite, você percebe o que ela está tentando fazer? 

- Meu Deus - levantei do sofá, passei a mão na testa - Essa mulher é louca.

- Tem certeza que não podemos fazer nada? - minha mãe perguntou, sentando ao lado dela.

- Como eu disse justiça, mas eu tenho medo de piorar a situação, já fiz merda o suficiente - ela se levantou e caminhou até a porta.

- Onde você vai? - perguntei indo atrás dela.

- Pra casa de onde eu não deveria ter saído, você não tem que aguentar minha lamúria muito menos sua mãe, é melhor assim. - Segurei em seu braço.

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