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Jade resolveu que não iria ficar atendendo minha ligações a não ser o dia que ela estava de "bom humor" e raramente me ligava, eu também não forçava, eu estava exausta só queria que tudo ficasse bem e dar a ela o tempo necessário, foi o que fiz, respeitei a sua vontade.

No pouco tempo longe dela eu fui pensar em tudo o que tinha acontecido, comigo, com ela, com nós e cheguei a conclusão de que no fundo Jade sabia e sentia que Leigh Anne poderia separar ela da filha, eles falam que mães sentem as coisas talvez seja isso, eu não consegui encontrar outro motivo dela continuar vivendo com aquela mulher perversa que tirou sua felicidade. E eu entendi também o motivo dela ter pedido um tempo, além de se culpar ela também me culpava. Aquela frase que foi como um tapa na cara e eu não deu importância agora fazia todo sentido: "Olha onde o amor me levou". Essas palavras ficaram martelando em minha mente e foi naquele momento que ela me culpou, não por eu ter "separado a família", mas ela me amava que confiava a filha a mim mesmo contra a vontade da outra mãe, senti meu coração quebrar, e uma mágoa enorme a me inundar. 

Era domingo pouco depois do almoço, o dia estava estranho embaçado, estava um pouco frio, pedia uma cama, e ao invés de ir pro quarto fui para o jardim, deitei numa espreguiçadeira e olhei pro céu, ele estava cinza, parecendo minha vida. Tinha pelo menos um mês e meio que a gente não se falava e nem nos víamos, eu parei de contar num certo momento, ela arrumou mais um emprego e enfiou a cara nos livros, literalmente esqueceu que eu existia. Assustei com meu telefone tocando, enfiei a mão no bolso e peguei-o, era Jade. Ignorei eu não queria ouvir a voz dela. O telefone tocou mais uma vez, tornei a ignorar eu realmente não queria conversar com ela e nem ouvi o que ela tinha pra falar, eu não estava nos meus melhores dias e se eu atendesse seria uma conversa indelicada e eu não queria isso, discutir era a última coisa que eu queria, deixei o celular em cima da minha barriga, respirei fundo, eu sentia a falta tanto a falta dela, mas eu estava ferida. O telefone vibrou, olhei e era uma mensagem dela. "Sei que você não quer falar comigo e não tiro sua razão, foi escolha minha, mas não te ligaria se não fosse importante". Pensei várias merdas que poderia ter acontecido com ela ou com a garota., fiz uma pausa e voltei a ler. " Amara está aqui comigo e quer te ver e eu não quero ter que inventar uma desculpa qualquer pra ela não te ver, se você não puder vê-la eu te entendo, falo com ela que você está ocupada, eu não poderia deixar de tentar, ela sente sua falta e não tem culpa dos meus erros. Aguardo sua resposta". Alguns dias depois que recebi a mensagem fiquei sabendo por minha mãe que Leigh Anne acabou abrindo mão de Amara em alguns finais de semana, a garota não dava sossego querendo saber porque não podia ficar com a outra mãe, pelo menos a menina conseguiu quebrar um pouco de gelo do coração da mãe dela, penas que isso aconteceu tarde demais pra mim e pra Jade. Não precisei nem pensar, eu estava morrendo de saudades da minha pequena. Retornei a mensagem: "Deixa ela pronta, daqui a pouco passo ai pra pega-la". Levantei, tomei um banho rápido troquei de roupa e fui até a casa de Jade.

Parei o carro em frente a casa que continuava a mesma, algumas flores do lado esquerdo e uma árvore do lado direito. As duas me esperavam sentadas na escadinha da varanda que leva a porta de entrada. Desci do carro, dei a volta e Amara veio correndo em minha direção, Jade se levantou e ficou nos olhando, peguei a menina no colo e dei um abraço apertado seguido de vários beijos na bochecha, voltei meu olhar para Jade, ela estava com o semblante cansado, abatido, Talvez pelo trabalho puxado e os estudos, mas mesmo assim pude ver outra vez o brilho em seus olhos, seus lábios até ensaiaram um sorriso que não veio.

- Vocês tem menos de 3 horas. - Ela disse com a voz embargada. Ela ainda mexia comigo de uma forma quase que sobrenatural.

- Não se preocupe. - Abri a porta de trás do carro.

- Tchau mamãe - a menina sorriu, beijou a palma da mão e soprou pra mãe.

- Tchau querida - Jade tirou a mão do bolso da calça e acenou - divirta-se meu amor e se comporte.

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