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Ela estava diferente e não era minha imaginação como eu achei. O seu sorriso estava diferente e nos teus olhos uma tristeza insistente tentava dominar. 

Era sexta feira, ela chegou uns 10 minutos mais cedo do que o normal, e eu já estava pronta pra mais uma sessão, e Kelly já tinha ido embora. Ela adentrou no quarto, seus olhos estavam avermelhados assim como a pontinha do nariz, me desejou bom dia e sorriu como sempre fazia.

- Você se sente bem? - perguntei  olhando nos olhos dela.

- Estou ótima, porque a pergunta? - ela deslizou as mãos nas pernas, parecia estar ansiosa. Eu não queria entrar na vida pessoal dela perguntando se estava tudo bem com a esposa, ou se ela havia chorado, apesar de que minha vontade era saber tudo, desde o que ela tinha comido até como tinha sido o dia dela, mas eu não queria parecer intrometida.

- Seus olhos e seu nariz - apontei o dedo.

- Alergia, daqui a pouco passa não se preocupe. - fez um gesto de tudo bem com a mão.

- Tem certeza? Parece estar cansada. 

- Se eu dissesse que não, estaria mentindo, mas vou ficar bem - ela forçou um sorriso.

- Não quero ser intrometida e sei que não somos as melhores amigas, mas se quiser conversar... - Ela me interrompeu.

- Não se preocupe são apenas coisas do dia-a-dia. - Ela se aproximou e tirou o chumaço de cabelo que cobria uma parte do meu rosto. Seus dedos delizaram com suavidade na minha face, fechei os olhos e vivi aquela sensação intensamente. - Agradeço
pela preocupação.

- Quero te fazer uma proposta - Sorri mostrando todos os dentes.

- Que tipo de proposta? - ela colocou o polegar embaixo do queixo e esticou o indicador na face e me olhou desconfiada.

- Não é esse tipo de proposta - Sorri. Bem que poderia ser - pensei 

- Ao invés dos exercícios queria te levar a um lugar se você concordar - pisquei com os dois olhos algumas vezes fazendo charme.

- Que lugar seria esse?

- Se concordar te falo na caminho, acho que fará bem a você. 

- Não me parece ser uma boa idéia - ela coçou a cabeça.

- Confie em mim, você não vai se arrepender. - juntei as mão e implorei com o olhar.

- Ok. Você me convenceu, mas fique sabendo que se eu não gostar vou dobrar as séries. 

- E se gostar?

- Continua tudo igual.

- Isso é injusto.

- Não, não é - ela sorriu.

- Podemos ir então?

- Estou a disposição. 

Sentei na cadeira e fui até a cozinha, pedi a Maria uma toalha e uma garrafa com água e avisei que ia sair e que não iria demorar, seria coisa rápida. Jade me esperava na sala, saímos e fomos até a rua onde seu carro estava estacionado, ela abriu a porta posicionou minha cadeira e passei pro banco do carro, depois de fechar minha cadeira e guarda-la no porta malas saimos. Ela ligou o som e o volume estava estupidamente alto.

- Desculpa pela altura, às vezes o faço pra espairecer - abaixando o volume.

- Tudo bem, às vezes é bom mesmo. Que banda é essa?

- Dead Sara - falou sem tirar os olhos da estrada.

- Legal, já tinha ouvido falar, mas acho que nunca escutei nenhuma música deles.

Wake UpOnde histórias criam vida. Descubra agora